Entrevistas

Pepe Bueno celebra o blues e homenageia amigos em novo álbum

Pepe Bueno celebra o blues e homenageia amigos em novo álbum

18 de março de 2025


Com uma sonoridade intensa e espontânea, Confissões e Outros Blues, terceiro álbum de Pepe Bueno, marca um novo capítulo na trajetória do músico. Gravado ao vivo, o disco reflete a energia dos palcos e traz uma mistura de influências que vão do blues ao rock, além de prestar tributo a amigos que partiram.

Nesta entrevista, Pepe fala sobre o processo de criação do álbum, as inspirações por trás das músicas e os desafios da gravação. Ele também comenta a expectativa para o show de lançamento, que contará com participações especiais e promete ser um grande encontro da cena musical.

Felipe Rocha: Fala, Pepe! Primeiramente, é um prazer poder falar sobre seu novo trabalho! O seu terceiro álbum vem dois anos após o seu último lançamento, Bagunça (2020). O que Confissões e Outros Blues apresenta de evolução no seu estilo musical? Como você descreveria a sonoridade desse trabalho em comparação aos anteriores?

Pepe Bueno: É um disco mais orgânico. Gravamos juntos no Orra Meu. Lógico que tem overdubs, mas a base do disco foi tocada ao vivo, e essa foi a maior mudança nas gravações. É um disco eclético, pois temos compositores diferentes dentro da banda, e isso reflete na sonoridade de cada som.

Felipe Rocha: Quais foram as principais inspirações para as músicas deste novo álbum? Há algum artista ou experiência pessoal que tenha influenciado mais diretamente esse processo criativo?

Pepe Bueno: Nós vivemos em São Paulo, e aqui as 24 horas nunca são apenas 24 horas. Trazemos essa loucura do nosso cotidiano paulistano. Regravamos Real Valor, do Golpe de Estado, e tive a sorte e o privilégio de mostrar para o Nelson antes do seu falecimento. Isso, somado às partidas de Paulo Meyer e Diego Basa, faz parte do disco — um certo adeus aos nossos amigos.

Felipe Rocha: Você tem alguma música no álbum que tem um significado especial para você? Qual é a história por trás dessa faixa e como ela se destaca no álbum?

Pepe Bueno: “O Blues e a Prancha” é um som que fiz originalmente para o Paulo Meyer compor a letra, quando eu tocava com ele, semanas antes de ele morrer. Ele me disse: “Isso é blues, Pepe”. Eu tenho o meu jeito de interpretar o blues, e o refrão já estava pronto (“O Blues e a Prancha e o Sol lá em cima”). Quando Meyer partiu, pensei em contar as praias e cidades por onde ele passou e chamei o eterno parceiro dele, Paulo Resende, para escrevermos juntos a música. Assim, ela virou um rock de estrada praiano.

Felipe Rocha: Como foi participar do processo de produção do álbum? Traz um sentimento diferente vivenciar cada etapa do trabalho?

Pepe Bueno: Controlar Os Estranhos não era o objetivo. O objetivo era fazer a banda soar solta no estúdio. Gustavo Barcellos foi um cara fundamental no processo. Quando ele me olhava esquisito, eu parava e falava: “Vamos fazer de novo”. Ele é um ótimo engenheiro, e confiei muito nele em todo o processo.

Felipe Rocha: Durante o processo de gravação, houve alguma colaboração inesperada ou algum momento em que você sentiu que a música tomou um rumo diferente do planejado?

Pepe Bueno: Sempre tem. Os Estranhos são indomáveis e completamente diferentes um do outro. Muitas coisas acontecem dentro do estúdio. A música Leva Flores pra Ela surgiu de uma jam em um tema de slide tocado pelo Xande. Eu adoro jamear… faz parte do nosso processo criativo.

Felipe Rocha: O show de lançamento será um grande evento, não é mesmo? Reunindo nomes de peso da música como Thunderbird, Paulão de Carvalho, Paulo Resende, Fabio Brum, Mário Bortolotto e Fábio Pagotto, é um show digno para o lançamento de um novo trabalho. Mas sabemos que a turnê é uma parte importante do lançamento de um álbum. Como são os planos para levar esse novo álbum aos palcos? Quais são suas expectativas para essa nova fase da sua carreira ao vivo?

Pepe Bueno: Duas baterias e um monte de gente no palco… vai ser maravilhoso. São artistas que eu admiro muito. Mário e o Saco de Ratos participaram do disco na faixa If I Lose, e no show iremos tocar uma música deles também. O Thunder, bom, o Thunder é demais… baita honra dividir o palco com ele. E o Paulão do Velhas já é um dos grandes nomes do nosso rock. Vai ser uma festa.

Felipe Rocha: Para finalizarmos e já olhando para um futuro promissor, tem algum cantor ou artista com quem você gostaria de colaborar em um projeto futuro? Muito obrigado pelo tempo e pelo bate-papo, e boa sorte nos planos de carreira.

Pepe Bueno: Tem vários (risos). Quero concluir essa fase dos Estranhos com um disco de blues brasileiro. Quem sabe ao vivo, quem sabe com todos juntos de novo e com novos convidados… O futuro dos Estranhos está no palco.