O icônico frontman do lendário grupo de hardcore estadunidense Agnostic Front, Roger Miret, é uma figura que moldou a cena musical por quatro décadas. Nesta entrevista, mergulhamos na jornada de Miret e na resiliência de sua banda, que continua a incendiar palcos e corações ao redor do mundo.

Com 40 anos de estrada, Miret compartilha a incrível sensação de viver sua paixão e ainda ser capaz de fazer música, mesmo após tanto tempo. Conversamos sobre o mais recente álbum de estúdio, “Get Loud!”, lançado pouco antes do início da pandemia, e as perspectivas para futuros projetos. Para os fãs dedicados do Agnostic Front, ele revela seus sentimentos sobre o álbum e músicas especiais que marcaram a carreira da banda. Confira!

HBN – Quarenta anos de música! Qual é a sensação de ser um Lenda e viver daquilo que você ama fazer?

Roger Miret – Sou muito afortunado de poder continuar tocando e fazer aquilo que amo. Estamos celebrando 40 anos de ‘United Blood’, então eu tenho tocando na banda por 40 anos e compondo música e fazendo o que amo. A vida tem sido boa pra mim também, pois posso ter tempo com a minha família, tempo na estrada – tem sido ótimo!

HBN – Vocês lançaram um álbum de estúdio um pouco antes da pandemia. O que vocês estão planejando de novo?

RM – A gente vai começar a compor um novo álbum, mas lançamos um álbum recentemente chamado Get Loud! e logo depois a pandemia começou então nunca conseguimos promover o álbum apropriadamente. Mas vamos gravar um álbum novo ano que vem.

HBN – Este é atualmente o seu álbum favorito? Como foi compôr ele?

RM – Get Loud! foi um álbum muito bom para nós e a gente conseguiu fazer tudo que a gente queria e juntou todos os álbuns num registro só. Ele é o meu favorito até agora.

HBN – Há uma música que você ama e é muito especial para você em sua discografia?

RM – Acho que das músicas deste álbum acho que a letra mais importante pra mim é a da faixa “I Remember”. Fala sobre juntar a banda e fazer música e letras juntos, é uma das músicas que mais amo. É claro temos letras boas em diversos álbuns, mas esta é a mais especial para mim no momento. Assista o videoclipe para “I Remember” ele é incrível! Mas tem letras de outros álbuns como “For My Family” (N.E.: do álbum ‘My Life My Way’) que foi muito importante para mim na época. É muita letra boa quando você mistura todos os álbuns.

HBN – Do que se trata “I Remember”?

RM – “I Remember” é uma música que basicamente fala sobre mim e Vinnie convivendo numa banda e revivendo estas memórias. É voltando lá pra 1983 especificamente, mas mencionamos ambos os álbuns ‘Liberty and Justice’ e ‘Cause for Alarm’ que foram impactantes para a nossa história também.

HBN – Como vocês continuam com este relacionamento mesmo após tanto tempo de estrada e música juntos?

RM – É fácil, nós vivemos muito longe um do outro (risos). Vivemos em lados opostos em nosso país. Ele vive em Nova Iorque e eu no Arizona e nós apenas nos juntamos para turnês e fora isso nós temos nossas próprias famílias e quando a gente volta para fazer turnês, conversamos sobre tudo isso que acontece no nosso dia a dia. Somos uma banda tranquila e bem simples na verdade. Nos juntamos quando é hora de turnê e voltamos para as nossas famílias quando estes compromissos acabam.

HBN – Como funciona esta troca de sinergia ao compor música?

RM – A gente compõe muita coisa sozinho ou quando estamos em turnê. Mas usamos muito a internet para mandar coisas um para o outro. Vinny, Mike e Dany se juntam muito em Nova Iorque e de lá eles tendem a fazer música juntos também já que Dany tem até estúdio próprio. Logo depois Craig adiciona algo e eu também – é algo muito simples na verdade.

HBN – Vocês se influenciam em música mais atual quando vocês estão trabalhando em material novo?

RM – Como disse antes, nós nos consideramos líderes e não seguidores. Então a gente se baseia muito em nosso próprio material. Mas não quero parecer arrogante nem nada, pois sempre somos influenciados por bandas com quais estamos fazendo turnê juntos e no final você acaba escrevendo da mesma forma. Queremos sempre nos manter relevantes e não irrelevantes. Então nos influenciamos ás vezes nas bandas com quais fazemos turnês – mas é meio no subconsciente. Get Loud! foi um exemplo disso, pois juntamos influências de todos os discos.

HBN – Bandas que fincaram o pilar do hardcore como Cro-Mags, Bad Brains e até o próprio Agnostic Front já são consideradas bandas clássicas. Você tem medo de deixar de existir ou se tornar irrelevante para a cena atual de nossa música?

RM – Cro-Mags, Bad Brains e outras bandas que formaram o hardcore com a gente podem sim deixar de existir em algum momento e a cena hardcore pode até mudar, mas nós tentamos nos manter relevantes com a nossa música ouvindo novas bandas e novos sons. E música é a nossa paixão, nossa vida e temos consciência de que não carregaremos para sempre a tocha, mas enquanto a tivemos, vamos segurar ela bem forte. Por enquanto estamos felizes que as pessoas ainda têm interesse pela banda e que elas vêm aos nossos shows.

HBN – Muitas bandas atuais se influenciaram em vocês e criaram novos estilos usando Agnostic Front como referência. Como você vê isto? Você curte este tipo de coisa ou você se considera um rebelde neste caso?

RM – Amo que outras bandas se influenciam na gente e temos muito orgulho disto. Lembra bastante os anos de 85 e 86 quando havia aquele entrelaçamento (N.E.: Crossover) de estilos que fazia a música da época se tornar ainda mais interessante. As letras poderiam ter sido diferentes aqui e ali, mas no final todos os estilos que ali resultaram era absurdamente agressivos para o seu tempo. A gente até se vestia meio parecido – uns tinham um cabelo moicano, outros nem cabelo tinham e havia os cabeludos também, então éramos todos rebeldes e a sociedade nem sabia como definir a gente na verdade. É muito bom ver que as pessoas se inspiraram na gente, como os caras do Slayer usando uma camiseta do Agnostic Front – dá um orgulho danado. Foi um orgulho tremendo também fazer turnê com o Cannibal Corpse/Obituary e até com o Carnivore foi algo inesquecível para a gente.

HBN – O que você espera dos shows que vocês farão na América do Sul?

RM – A gente espera se divertir e se unir com o público. A gente se alimenta disso e os fãs da gente e nós temos que fazer acontecer no palco para receber energia se você entende o que quero dizer. Vamos tocar músicas de todos os álbuns, já que é meio difícil encontrar um meio termo entre tantas músicas que os fãs gostam. Mas vamos tocar o que achamos é legal e vamos dar o nosso melhor trazendo agressividade, intensidade e fazer aquele pit circular o show inteiro. Este é o nosso plano.

HBN – Qual o futuro do Agnostic Front? E o que esperar de uma das maiores lendas do hardcore mundial?

RM – Futuro é o novo álbum. Ainda estamos aqui e com planos para o futuro e enquanto houver pessoas pedindo música nova para o Agnostic Front continuaremos fazendo a nossa parte e traremos mais músicas. É claro, passamos por algumas dificuldades de saúde, mas agora estamos bem e estamos prontos para chutar uns traseiros nas rodas de mosh pelo Mundo.

SERVIÇO
Agnostic Front (EUA) em Piracicaba
Mais bandas: Ratos de Porão, Crypta, Bayside Kings, Into the Void e Malvina
Data: 4 de novembro de 2023
Horário: 17h (portas)
Local: Clube dos Empregados da Caterpillar
Endereço: Avenida Comendador Leopoldo Dedini, 1171, bairro Unileste, Piracicaba/SP
Venda: https://byma.com.br/event/64d3ed89e9177100083c58cd
Ingressos: R$ 100,00 (Lote Promocional: Meia-entrada para estudante/ Ingresso Social) e R$ 200,00 (Lote Promocional – Inteira)

Agnostic Front em São Paulo
Abertura: One True Reason
Data: 5 de novembro de 2023
Horário: 18h (portas)
Local: Fabrique Club
Endereço: rua Barra Funda, 1075, Barra Funda – São Paulo/SP
Venda: https://www.clubedoingresso.com/evento/agnosticfront-sp
Ingressos: R$ 180,00 (2º Lote: Meia-entrada para estudante/Ingresso Social para não estudante) e R$ 360,00 (2º Lote: Inteira)