Entrevistas

Steffen Kummerer (Obscura): “Nós nunca mudamos o estilo do que estamos tocando, nós sempre fomos muito honestos com nós mesmos”

Steffen Kummerer (Obscura): “Nós nunca mudamos o estilo do que estamos tocando, nós sempre fomos muito honestos com nós mesmos”

4 de outubro de 2023


Com o seu primeiro álbum ao vivo a caminho, “A Celebration I – Love In North America” será lançado no dia 27 de outubro pela Nuclear Blast Records e reúne clássicos dos cinco últimos álbuns de um dos maiores nomes no death metal técnico, o Obscura!
O novo registro dos alemães foi gravado durante suas apresentações nos EUA, México e Canadá, e marca o início de uma nova fase na carreira da banda.
Atualmente a banda também se prepara para uma turnê sulamericana e para os eu primeiro show no Brasil no dia 29 de outubro, com um show único em São Paulo, e quem contou mais detalhes sobre o novo álbum e turnê foi o vocalista e guitarrista Steffen Kummerer, confiram abaixo como foi o papo:

Crédito: Vincent Grundke

-Vocês estão prestes a lançar seu primeiro álbum ao vivo, de onde surgiu a ideia de gravar álbum ao vivo e como foi a experiencia?
Steffen:
Bem, gravar um álbum ao vivo já era uma ideia que tínhamos há muito tempo, mas nunca dava certo por diversas razões. Nós tínhamos algumas gravações de festivais diferentes, mas nunca tivemos nada completo, e eu não estava totalmente feliz com a produção ou com a nossa performance, as vezes a gravação não estava numa qualidade aceitável, então tivemos essa ideia de lançar álbuns ao vivo que cobrem certas partes do país e do mundo. Nós começamos com a América Do Norte, e nós gravamos 17 ou 18 shows entre 2022 e 23, e escolhemos os melhores. Portanto, temos “A Celebration I – Live In Noth America” que cobre o Canadá, Estados Unidos e México, e estamos muito propensos a fazer algo semelhante com a América do Sul e Central, Ásia, Europa, vamos ver onde mais iremos tocar, isso tudo é um conceito novo pra nós, mas eu realmente estou gostando e até agora o feedback tem sido muito muito bom. Tem um vídeo do “The Anticosmic Overload” que gravamos nos Estados Unidos, recentemente lançamos “Emergent Evolution” que fizemos no México, e o feedback tem sido muito bom, porque nós não mostramos apenas a banda, nós mostramos igualmente a banda, o país e o nosso público, então você se sente muito mais conectado com a banda do que se simplesmente ficasse encarando o músico tocando seu instrumento no palco, acho que desta forma fica muito mais divertido!

-E como foi a escolha do setlist? Tem alguma música que você ache que soe melhor ao vivo do que gravado em estúdio?
Steffen: Eu acho que algumas das músicas midtempo ou as mais lentas funcionam muito melhor ao vivo! Por outro lado, as que são mais rápidas e aceleradas são um pouco mais difíceis para tocar exatamente certinho, então tem seus prós e contras, mas nós escolhemos um bom mix de músicas para este primeiro álbum ao vivo. Temos seis álbuns de estúdio lançados então é óbvio que tivemos que escolher muito bem, passamos horas ouvindo todas as músicas…

-Acho que deve ter sido um trabalho muito difícil (risos)
Steffen:
Sim, foi muito, porque você tem que não apenas escolher a melhor performance, mas verificar se não tem nenhum problema técnico, ou também se o público está legal, porque as vezes a galera está um pouco mais quieta e apática, então tivemos que escolher apenas o melhor do melhor e seguir em frente. No final, acho que pegamos o melhor dos nossos últimos cinco álbuns, acho que não tem nenhuma música do nosso primeiro álbum, mas terão mais álbuns ao vivo com músicas diferentes em cada um, mas esse é definitivamente o nosso “The Best Of”!

-Em outubro vocês finalmente virão para a América Latina, quais as expectativas para essa turnê?
Steffen: Eu apenas espero poder tocar para uma plateia super barulhenta, suada e muito animada, mal posso esperar por isso! Eu já toquei na América do Sul com o Death To All há muitos anos atrás e foi intenso e muito divertido, estou realmente muito animado. Nós nunca na nossa história tocamos no sul do México, e estou feliz por finalmente conseguirmos. Nós já havíamos recebido ofertas para tocar em um país, ou fazer um ou dois shows, mas nós temos que viajar da Europa, e pra nós realmente é melhor fazermos uma produção mais completa. Estou feliz em poder tocar aí e conseguir fazer 10 shows, temos pessoas nos mandando mensagens já há uns 15 ou 16 anos e queremos deixá-los felizes, acho que eles voltarão pra casa com um grande sorriso no rosto.

-Durante a pandemia vocês lançaram no youtube um documentário sobre a produção do álbum anterior, e agora com os novos clipes deste álbum ao vivo, vocês mostram cenas dos bastidores, do público, dos shows, e tudo isso faz com que os fãs se sintam presentes ali no momento, assistindo ao show ou até mesmo viajando da banda. Essa era mesmo a intenção de vocês? Vocês veem bons resultados desse novo tipo de interação com seus fãs?
Steffen: Essa é uma pergunta muito boa, e eu acho que só o tempo vai dizer! Mas o que eu posso falar agora é que os fãs realmente gostam dessa conexão mais próxima com a gente, porque você realmente pode ver por trás das cortinas, você consegue ver como as coisas aconteceram, e agora com os vídeos ao vivo e com o álbum ao vivo, nós criamos uma conexão muito mais pessoal, e gosto muito disso. E eu prefiro lançar vídeos assim como fizemos com os clipes e com os documentários, de fazer vídeos mais longos e com uma produção com mais qualidade, do que postar fotos três vezes ao dia nas redes sociais, porque é algo mais eterno, mais duradouro. Acho que começamos a lançar cortes do documentário em 2020 ou 21, e mesmo se você observar nessa época, ainda é algo legal de se assistir, e as pessoas até hoje assistem esses vídeos. Enquanto as fotos nas redes sociais, elas meio que se perdem, você tem que ir cavando até o dia em que foi postado. Agora tudo está mais divertido, o único problema é que agora temos que pensar em algo novo para o próximo álbum, ou um conceito diferente, mas isso é um problema para amanhã (risos).

-Vocês lançaram o álbum anterior praticamente no meio da pandemia, sem poder sair em turnê para promover ele corretamente. Como foi a sensação depois quando vocês finalmente excursionaram e tocaram ele ao vivo?
Steffen: Hum, nós tivemos que reagendar uma turnê europeia, é verdade, mas depois tivemos um longo final de semana tocando na América do Norte e México bem no finalzinho da pandemia, então nós tocamos, mas tinha um risco enorme e tinham várias restrições. No Canadá por exemplo, nós voamos para os EUA e tocamos, e tivemos que negociar a nossa entrada no Canadá sempre de olho nas restrições deles, que eram diferentes. Eu lembro de um show em Winnipeg que estava um gelo, neve para todo lado, e acho que tocamos dois dias depois deles aliviarem as restrições, então fomos a única banda que tocamos e não cancelamos o show, nós só tocamos e boa, e o show foi ótimo, as pessoas estavam enlouquecidas, foi engraçado porque lá dentro estava muito quente, a galera surtando e dando stage dive, mas lá fora estava terrível, com tempestade de neve, isso é algo que não estávamos esperando. Mas depois deste show nós realmente nos tocamos que a pandemia estava acabando, porque até então tudo era um tiro no escuro, era arriscado fazer tudo aquilo acontecer. Quando finalmente ficamos livres para tocar, foi bem divertido, sentimos como se tivéssemos superado os maus momentos que a pandemia trouxe, acho que fizemos a coisa certa, nós apostamos, e apostamos corretamente, acho que essa é uma boa conclusão!

-O que esse álbum ao vivo significa pra banda? Qual a importância dele na discografia da banda?
Steffen:
Eu acho que é uma mistura de estar experiente o suficiente pra isso, de certa forma, de estar “velho” o suficiente para lançar álbuns ao vivo. Porque eu não me sentia confiante para lançar um álbum ao vivo com só um ou dois álbuns de estúdio lançados, mas agora estamos falando de seis álbuns de estúdio, e este álbum ao vivo é uma mistura entre as nossas melhores músicas, porque tivemos que escolher as melhores músicas para a audiência e ao mesmo tempo é um novo capítulo para a banda, porque se você lança um álbum de estúdio, você lança um álbum ao vivo, e essa é a nossa ideia. Tivemos o “A Valediction” que foi o primeiro que lançamos com a Nuclear Blast, e acho que começamos um novo capítulo onde vamos nos conectar ainda mais profundamente com a cena metal mundial! Nós não gravamos um álbum ao vivo na nossa cidade natal, porque isso seria fácil demais, mas nós queríamos mostrar ao mundo que o Obscura é muito mais do que uma banda nerd com várias notas e um som extremamente técnico e progressivo, nós somos uma banda de shows, tem muito de rock n roll nos nossos shows, não apenas na nossa cidade natal ou pelas redondezas, mas pelo mundo todo, essa é a ideia do álbum.

-E de todas as músicas que você escreveu na sua vida desde o começo, tem alguma faixa que seja a sua favorita ou são todas os seus bebês?
Steffen:
(risos) Isso é verdade, todas são nossos bebês, não quero deixar ninguém de fora, mas eu diria, bem…tem uma música do álbum “Cosmogenesis” chamada “Incarnated”, é uma música bem antiga e não é nem um pouco técnica, mas ela tem uma vibe meio melancólica e agridoce no fundo dela, e acho que essa música em particular foi um ponto de mudança muito importante para a banda, porque foi nela que nós entendemos em qual direção gostaríamos de ir com a banda. Ela é um detalhe muito pequeno e pessoal para a banda, ela significa muito pra nós, e como disse, ela nem é muito técnica, ela é fácil de tocar, a vibe dela é perfeita, e tocamos até hoje elas nos shows, isso é muito legal porque as pessoas cantam junto com ela, ela tem um certo tipo de melodia contagiante, talvez a gente a toque aí no Brasil, em São Paulo, vamos ver!

-Com certeza, essa música carrega toda a energia da banda! Nestes mais de 20 anos de banda, como você faria um paralelo entre o que a banda era no começo, e quem vocês são hoje? O que mudou desde o início da banda?
Steffen:
Hum, muito boa pergunta. Eu acho que nunca mudamos a nossa atitude sobre apenas escrever as músicas que realmente gostamos de tocar, e não mudamos o nosso estilo de maneira nenhuma. Nós temos seis álbuns de estúdio e agora um álbum ao vivo, e nós nunca mudamos o estilo do que estamos tocando, nós sempre fomos muito honestos com nós mesmos, mas é claro que algumas coisas pequenas mudaram, por exemplo, as formações, pessoas vieram e se foram, pessoas que tinham planos diferentes na vida, nossas técnicas, nossos equipamentos, a forma com que trabalhamos juntos, acho que essas coisas mudaram, mas o nosso coração continua exatamente o mesmo! Acho que no futuro teremos muitas mudanças a mais, quem sabe a gente use hologramas, tem uma infinidade de opções por aí, mas enfim, nós sempre nos manteremos fiéis a nós mesmos, isso é algo que eu realmente gostaria de fazer, de manter essa vibe na banda! Apenas faça o que você quer fazer, mas se você olhar no espelho, você irá sentir orgulho do que fez e do que está fazendo porque está sendo fiel consigo mesmo!

-E quais os planos da banda? Claro, você tem a turnê agora, claro, mas tem mais planos?
Steffen
: Nós teremos mais turnês (risos), porque depois dessa nós teremos outra turnê, iremos para o Reino Unido em novembro e dezembro com o Decapitated, teremos outra turnê europeia que será anunciada muito em breve. Iremos tocar na Ásia também e teremos outros festivais já confirmados na Europa. E no meio disso tudo também estaremos gravando um novo álbum, então teremos um novo álbum de estúdio que será lançado muito provavelmente no final de 2024, aí teremos mais clipes e muito mais coisas! Nunca ficaremos entediados, ainda tem muita coisa por vir, ainda bem!

-Que ótimo, bom, obrigada pela entrevista, gostaria de mandar um recado pra galera?
Steffen: Claro, muito obrigada por nos escutar e seguir a banda por tantos anos, essa será a nossa primeira vez na vida indo ao Brasil com o Obscura, e nós preparamos o melhor set pra vocês, e se você quiser celebrar o death metal apenas traga todos os seus amigos para ter bons momentos e drinks por lá, vejo vocês lá no show!

Crédito: Vincent Grundke

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