Enquanto muitos buscam refúgio em suas casas para escapar das adversidades do mundo, o planeta enfrenta um cenário de desastres alarmantes. Nos últimos anos, vimos o impacto devastador das enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, que deixou 183 mortos e mais de meio milhão de desabrigados, e os incêndios florestais que devastaram Los Angeles, colocando em risco milhares de vidas e desafiando a infraestrutura local. Além disso, tragédias como os rompimentos de barragens em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) expuseram a fragilidade da nossa relação com o meio ambiente e as consequências de uma gestão negligente.
A meia-noite se aproxima, conforme o Relógio do Juízo Final. Este ícone simbólico, criado em 1947 pelo Bulletin of the Atomic Scientists, reflete o quão perto a humanidade está de uma catástrofe global. Em 2025, o Relógio foi ajustado para 89 segundos antes da meia-noite — o menor tempo já registrado na história. Entre os fatores citados pelos cientistas para essa decisão estão as ameaças nucleares, tensões geopolíticas, mudanças climáticas e o avanço de tecnologias perigosas, como a inteligência artificial na área militar. Segundo Daniel Holz, presidente do Conselho de Ciência e Segurança, “embora tenhamos avanços em energia renovável, o mundo ainda não faz o suficiente para evitar os piores impactos climáticos”.
O Brasil, como anfitrião da COP30 em Belém, tem um papel crucial no debate sobre o futuro do planeta. A conferência, que ocorrerá em 2025, é uma oportunidade para avançar em compromissos de descarbonização, proteção das florestas e financiamento climático. No entanto, o país também precisa enfrentar suas próprias falhas, como a recorrência de desastres em barragens mal mantidas e a falta de planejamento urbano que agrava os impactos das mudanças climáticas.
Nessa conjuntura de crises ambientais e sociais, “Ladies from Mars”, que faz parte do álbum “…at a Crossroads”, de 2021, da banda curitibana Macumbazilla, emerge como um grito sonoro que denuncia a indiferença humana frente à emergência climática. Inspirando-se no caos que nos cerca, a canção combina riffs incendiários e uma narrativa que entrelaça ficção científica e crítica social, transformando-se em uma convocação à reflexão sobre nossa responsabilidade coletiva em preservar o único lar que temos: a Terra.
“Ladies from Mars” no Spotify:
A faixa questiona se estamos tão absorvidos por cenários apocalípticos fantásticos, como aqueles popularizados por Hollywood ou pela ideia de um apocalipse zumbi, que acabamos ignorando a realidade cruel que já nos cerca. A humanidade, ao explorar de forma irresponsável os recursos do planeta, enfrenta desastres naturais intensificados pelas mudanças climáticas, como enchentes, secas e incêndios florestais, além de crises alimentares e deslocamentos populacionais. Eventos como os desastres na África Ocidental e Central, que afetaram milhões de pessoas em 2024, ilustram o impacto desproporcional das mudanças climáticas em regiões vulneráveis.
Na narrativa da faixa, a aura feminina — as “Ladies from Mars” — testemunha a derrocada de um mundo devastado pelos próprios humanos. Esse simbolismo poderia ser apenas uma aventura criativa, mas, em um contexto de emergência climática, soa como uma denúncia implícita aos “inimigos do planeta”: corporações que priorizam lucros a qualquer custo, governos inertes, negacionistas e o consumo desenfreado que sustenta esse ciclo vicioso. Ora pensamos que essas “ladies” são apenas observadoras do outro lado da janela, ora nosso pensamento transita na questão de que mulheres salvarão o mundo de um fim terrível. Seriam, então, mulheres, as personagens messiânicas?
Além disso, há a conexão entre música e a destruição da nossa casa, que vão além da metáfora. Com André Nisgoski nos vocais e guitarra, Carlos “Piu” Schner a cargo do baixo e Julio Goss na bateria, a sonoridade agressiva e o tom apocalíptico da banda traduzem as emoções despertadas pela realidade atual. Não é à toa que o heavy metal, gênero no qual o Macumbazilla se insere, tem uma longa tradição de abordar temas sombrios e desconfortáveis — sejam guerras, colapsos sociais ou devastação ambiental. É quase como se esse estilo musical fosse o grito de desespero de uma humanidade que se recusa a aceitar seu fim sem resistência (ao menos uma boa parte prefere estar vivo e bem).
A letra de “Ladies from Mars” levanta questões cruciais: estamos realmente condenados ou ainda há tempo para mudar? Mais importante, somos nós os responsáveis por tudo, que exploram o próprio lar como se ele fosse um recurso infinito? Enquanto ouvimos riffs viscerais, essas perguntas ecoam como um lembrete incômodo da responsabilidade compartilhada.
O fim da existência humana, frequentemente retratado como uma ameaça distante, já começou a dar sinais, não cabe mais negar, ainda que muitos o façam. Eventos extremos que antes pareciam aleatórios agora fazem parte de um padrão crescente. “Ladies from Mars” é mais do que uma música; é um manifesto. Com uma combinação de arte e conscientização, a banda Macumbazilla utiliza sua música para resgatar o senso de urgência que muitos tentam silenciar. Afinal, quando a ciência não convence, talvez a arte possa nos sacudir e reconectar com aquilo que realmente importa.
Além de “Ladies From Mars”, você pode ouvir o disco completo da banda Macumbazilla, basta dar o play!
Quer acompanhar o trabalho da banda?
Acesse:
https://www.instagram.com/macumbazilla/
https://www.facebook.com/macumbazilla
https://www.tiktok.com/@macumbazilla
Onde ouvir:
Spotify
https://open.spotify.com/intl-pt/artist/4tRSi5BGa9xSaH4ZVKz0RP?si=KOBrEQFcSj-mifDH8XUc-w