Carlos Pupo/Headbangers News
O futuro da indústria musical permanece incerto com a segunda onda da pandemia do Coronavírus assolando o mundo e com o surgimento de novas variantes. Estas novas variantes são capazes de se espalhar mais rapidamente e trazem com elas questionamentos inevitáveis sobre até que ponto podem tornar as vacinas recém-aprovadas menos eficazes. Além disso, diversos países da Europa já decretaram novos lockdowns e os reflexos na economia são devastadores.
Em entrevista recente ao Manhattan Connection, da TV Cultura, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, declarou: “O Ministério da Saúde não tem credibilidade. Temos mais uma crise, essa nova variante em Manaus, em que o mundo inteiro está fechando os voos para o Brasil e nós estamos enviando pacientes para outros estados sem fazer os bloqueios de biosegurança. Provavelmente a gente vai plantar essa cepa em todos os territórios da federação e daqui a 60 dias a gente pode ter uma megaepidemia”.
Até a última quarta-feira (27), o Brasil ultrapassou a marca de 220 mil mortes pela doença, totalizando 220.161 vítimas. Com isso, fica reflexão de que o ano de 2021 pode ser uma reprise exata de 2020 para a indústria musical e do entretenimento, pois apesar da chegada das vacinas, há muita desinformação e a quantidade de vacinas está muito abaixo da necessária para imunizar efetivamente uma grande parcela da população brasileira.
Nesta somatória, ainda temos a tragédia acumulada desde o ano passado pelo setor. Segundo publicado no blog da jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo, desde o início da pandemia, 335.435 empregos formais foram perdidos no Brasil em levantamento feito pela Associação Brasileira de Promotores de Eventos (ABRAPE). “Os empregos afetados no segmento superam em quase 80 vezes os perdidos com o fechamento das fábricas da Ford no país”, afirmou Doreni Caramori Júnior, presidente da ABRAPE.
Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei para criar o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, que obrigaria o governo federal a criar linhas de crédito para o resgate do setor que está claramente ameaçado de colapso.
Outra dúvida que surge, está relacionada aos festivais e shows marcados ou reagendados para este ano. Em outros países já vimos os cancelamentos começarem a ocorrer, como do festival Glastonbury, cancelado pelo segundo ano consecutivo e os ingressos serem remarcados para o próximo ano. E isso deve ocorrer em um efeito cascata, conforme outros grandes festivais do verão europeu acabarem suspensos pelo mesmo motivo.
No Brasil os maiores festivais que ainda continuam em pé para 2021 são Rock in Rio (de 24 de setembro a 3 de outubro) e Lollapalooza (de 10 a 12 de setembro). Com o ritmo lento da distribuição das vacinas e com menos de 0,5% da população brasileira tendo recebido a primeira dose até ontem (27), é pouco provável que o cenário mude de forma milagrosa e otimista. Portanto, os reflexos do que aconteceu ano passado devem continuar sendo registrados este ano.
Reprodução/University of Oxford
Menos de 0,5% da população brasileira recebeu a primeira dose até ontem (27)