David Johansen, cantor e compositor que esteve na vanguarda do glam rock e do punk como frontman do New York Dolls, faleceu ontem, aos 75 anos, em sua casa em Staten Island. A morte foi confirmada por sua enteada, Leah Hennessey.
O músico revelou no mês passado que enfrentava um câncer em estágio avançado, um tumor cerebral e uma fratura nas costas. Para custear seu tratamento, ele chegou a iniciar uma campanha de arrecadação por meio do Sweet Relief Musicians Fund, admitindo que nunca gostou de pedir ajuda, mas que se tratava de uma emergência.
Johansen alcançou sua maior notoriedade na década de 1970 com o New York Dolls, uma banda irreverente, marcada pelo visual andrógino e performances provocativas. Seu impacto foi profundo na cena punk e alternativa, influenciando artistas como Morrissey, que presidiu o fã-clube britânico do grupo. Nos anos 1980, Johansen se reinventou com o alter ego Buster Poindexter, explorando blues e calypso e alcançando sucesso comercial com “Hot Hot Hot”.
Nascido em 9 de janeiro de 1950, David Roger Johansen cresceu em Staten Island, Nova York. Desde jovem, circulava entre os artistas do underground nova-iorquino, frequentando o célebre Max’s Kansas City e colaborando com o teatro experimental. Em 1972, juntou-se ao New York Dolls, banda que, apesar da curta duração e das baixas vendas, conquistou status cult e inspirou o nascimento do punk.
Após o fim dos Dolls, Johansen seguiu carreira solo, lançando cinco discos entre 1978 e 1984. No final da década, adotou o personagem Buster Poindexter, abraçando uma sonoridade mais acessível e se destacando com suas performances cativantes. Paralelamente, investiu na carreira de ator, participando de filmes como “Scrooged” (1988).
Em 2004, aceitou o convite de Morrissey para uma reunião do New York Dolls. Pouco depois, o baixista Arthur Kane faleceu, mas Johansen e o guitarrista Sylvain Sylvain mantiveram o projeto vivo, lançando três álbuns entre 2006 e 2011. Com a morte de Sylvain em 2021, Johansen tornou-se o último membro original remanescente.
Sua história foi registrada no documentário “Personality Crisis: One Night Only” (2023), dirigido por Martin Scorsese e David Tedeschi, que retratou sua performance no Café Carlyle. Sempre irreverente, ele definiu sua arte como uma busca incessante por expressão e movimento.
David Johansen deixa sua esposa, Mara Hennessey, sua enteada Leah Hennessey e cinco irmãos. Seu legado permanece vivo através de sua influência na música e na cultura pop, refletindo o espírito ousado e inovador que caracterizou sua carreira.
