https://www.youtube.com/watch?v=EjXetWK-Ur8
Em 13 de julho de 1985, o mundo olhava com um pouco de compaixão para uma África empobrecida, explorada e faminta. E o humanista irlandês Bob Geldof, juntamente com guitarrista e compositor escocês Midge Ure (que tem em seu currículo passagens por bandas como Ultravox, Thin Lizzy, além de ter recusado um convite para integrar o Sex Pistols), resolveram criar um festival em que se miscigenavam vários estilos da música, como Rock, Metal e o Pop, para que fundos fossem angariados em prol dos famintos da Etiópia. Sim, a mesma Etiópia que seria, alguns anos depois, citada em uma música dos brasileiros do Ratos de Porão (“Ascenção e Queda“) no álbum “Brasil”, que completou 30 anos em 2019 e a banda tem feito uma turnê comemorativa para este lançamento.
O festival teve duas sedes centrais, digamos assim, que foram o emblemático estádio de Wembley, em Londres, e no John F. Kennedy Stadium, na Filadélfia, além de outras sedes satélites, como Sydney, Moscow e também no Japão. Participaram artistas como Phill Collins, Bob Dylan, The Pretenders, Simply Minds, George Yhorogood and The Destroyers, Judas Priest, Black Sabbath, BB.King, Elton John, The Who, David Bowie, U2, o Queen (que certamente é a mais famosa de todas as apresentações, sobretudo, ganhando ainda mais fama ao ter essa apresentação retratada no premiado filme “Bohemian Rhapsody“), Dire Straits, entre vários outros.
O evento fora um sucesso, de público, de telespectadores que não puderam estar presentes no local, e, principalmente, de renda: Em Wembley, o público chegou a marca dos 82 mil; na Filadélfia, 99 mil; e em todo o mundo, a estimativa é de que mais de 1,5 bilhão de pessoas tenham assistido, em 100 países. A estimativa inicial dos organizadores era de arrecadar 1 milhão de libras, porém, estima-se que o total arrecadado tenha sido de 150 milhões de libras (algo em torno de 283 bilhões de dólares.
O curioso é que, a data é comemorada apenas no Brasil. Sim, caro leitor, o nosso Brasil varonil, em que nosso país é o único a comemorar o “Valentine’s day”, também conhecido como “Dia dos Namorados” em uma data diferente do restante do mundo. Só que no caso do Dia dos Namorados, há uma explicação plausível (e econômica), uma bela sacada de um empresário, o sr. João Dória, pai do atual governador do Estado de São Paulo, João Dória Jr., que viu uma brecha entre o dia das mães e o dia dos pais como um vácuo na economia. No caso da data do Rock, foi, digamos, mania do brasileiro de ter algo único. Mas não a data não foi escolhida aleatoraimente e nem de forma esporádica, como iremos perceber mais abaixo.
Então em meados dos anos de 1990, duas emissoras de rádio voltadas ao nicho roqueiro, sediadas em São Paulo, a 89 FM e a 97 FM começaram a mencionar a data em sua programação. Os ouvintes foram aceitando a ideia e isso foi se popularizando por todo o país. Mas as rádios não escolheram a data apenas pelo marco histórico do “Live Aid” e sim por uma declaração, à época, de PHILL COLLINS:
“Gostaria que este dia (13 de julho) fosse considerado o dia mundial do Rock.”
Porém, a data é simplesmente ignorada pelo resto do mundo. Por exemplo, nos EUA, algumas pessoas comemoram o dia do Rock em 9 de julho, como uma homenagem ao programa “American Bandstand”, de Dick Clark. O programa estreou nesta data e foi um canal que ajudou a difundir o então novo gênero que surgia.
O saudoso vocalista Kid Vinil tentou explicar certa vez para a revista Superinteressante a escolha dos brasileiros:
“Nem os americanos nem os ingleses levaram a data a sério, só os brasileiros e as rádios rock do Brasil adotaram a data, por volta de 1987. Para os gringos, o dia do Rock é todo dia e aqui tinha que ter um dia específico, pois infelizmente não somos o país do Rock.”
Alguns especialistas contestam a escolha dos brasileiros, já que na visão destes, outras datas possuem mais significado para a história do Rock, como por exemplo, o dia 5 de julho, data em que Elvis Presley se juntou ao guitarrista Scotty Moore e ao baixista Bill Black, para gravar uma versão da música “That’s All Right“, de Artur Crudup. Outra data sugerida é 9 de fevereiro, os Beatles, neste dia do ano de 1964 se apresentaram pela primeira vez nos EUA.
Bem, seja qual for a data, o fato é que o único lugar onde o Rock de fato é comemorado é aqui por terras tupiniquins. E um estilo musical que longe de estar em evidência entre as massas, é um estilo que resiste bravamente a todas as tendências, com um publico mais que fiel. E mesmo todas as tentativas de dizer que o Rock estava morto, as bandas e os fãs mostram que todos estão errados. O estilo segue em voga, desde os primórdios, nos subúrbios das cidades estadunidenses, passando por BB. King, Chuck Berry The Beatles, The Rolling Stones, Led Zeppelin, Black Sabbath, The Who, Pink Floyd, Yes, Kiss, Iron Maiden, Metallica, entre outras, até os dias atuais, com bandas como por exemplo, Greta Van Fleet. E muitas bandas virão por ai, basta que nós fãs continuemos a manter acesa a chama do estilo.
E esse estilo que sempre foi contestador, seja no campo político, social ou religioso, se caracterizou tanto pela sua irreverência quanto por temas reflexivos. E sempre haverá um público que será agradado, seja qual for a tendência que determinada banda venha a adotar.
Então seja você fã de Rock Clássico, Hard Rock, Rock Progressivo, Heavy Metal e todas as suas vertentes, Punk Rock, Rockabilly, Hardcore, entre outros que englobam esse estilo que está prestes a completar 80 anos, vamos manter a nossa fidelidade, que é a maior razão da existência do estilo. E para comemorar a data, vamos deixar abaixo algumas músicas em que o Rock é o tema e que representam bem o estilo.
Mesmo que seja uma data arbitrária, nós não ligamos, é apenas uma simbologia. Então o site HEADBANGERS NEWS deseja ao nosso leitor, um feliz Dia Mundial do Rock!
Porque como diria a atriz Christiane Torloni quando entrevistada durante uma edição do Rock in Rio:
“HOJE É DIA DE ROCK, BEBÊ!”