O Gojira está sendo acusado de realizar “um ritual satânico” durante sua performance na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. Essa afirmação surge de Andrew Tate, uma figura controversa de extrema-direita. Tate é um ex-lutador de Kickboxing que ganhou notoriedade na internet como influencer, frequentemente promovendo discursos misóginos e de ódio. Desde dezembro de 2022, ele enfrenta acusações de tráfico humano, violações e formação de quadrilha.
Os seguidores de Tate tendem a aceitar suas narrativas sem questionamento, mas uma investigação mais cuidadosa revela que o Gojira apenas contou a história de seu povo e da humanidade em geral. O vocalista e guitarrista Joe Duplantier esclareceu em uma entrevista à Rolling Stone:
“Nada disso. É a história da França. É o charme francês, sabe? Gente decapitada, vinho tinto e sangue pra tudo quanto é lado. É romântico, é normal. Não tem nada de satânico [risos].”
Duplantier explicou que a música apresentada, “Ah! Ça Ira”, se tornou popular durante o movimento iluminista, que defendia a ciência e se opunha ao absolutismo. Essa canção ganhou importância histórica quando o Rei Luis XVI e Maria Antonieta foram depostos e guilhotinados, mudando o curso da história.
“A França é um país que separou Estado e religião durante a Revolução. Chamamos isso de ‘laïcité’. É quando o Estado se torna livre em termos de expressão e simbolismo. É tudo uma questão de história e fatos.”
O Gojira se apresentou ao lado da cantora de ópera Marina Viotti como parte do ato chamado “Liberté”, que narra a Revolução Francesa e a transição da monarquia para a república, simbolizada pela figura de Maria Antonieta. A banda frequentemente aborda temas históricos e sociais em suas músicas, como em seu álbum mais recente, “Fortitude”, que inclui a faixa “Amazonia”, em defesa da floresta amazônica. O Gojira já se apresentou no Brasil, incluindo no Rock in Rio em 2015 e 2022.