A crescente presença da Inteligência Artificial (IA) na indústria musical levanta questões éticas complexas. À medida que as músicas são geradas por algoritmos, surge o debate sobre a autenticidade artística e a perda da conexão humana na música.
O que os artistas pensam sobre o uso de IA
Simone Simons (via Blabbermouth), vocalista do Épica, é enfática quando se trata do tema: “Conversamos sobre isso entre nós, nos bastidores, com nossos colegas e outras pessoas criativas. Alguns estão mais preocupados do que outros. Eu mesma tento me adaptar da melhor forma possível. Quero dizer, não é possível impedir isso de qualquer forma, e acho que devemos tentar usar isso a nosso favor, da maneira que pudermos. Mas percebo que muitos dos meus amigos estão ocupados com essa questão, mas tento não me deixar enlouquecer demais com isso. Acho que, no final das contas, os humanos precisam dos humanos e a arte precisa ser criada por pessoas de carne e osso.”
Nick Cave recebeu uma música escrita “no estilo Nick Cave” produzida por IA e a reação do músico foi bastante sincera: “Essa música é uma porcaria”. O músico tem recebido várias músicas produzidas por IA, e tem sido bem categórico sobre o tema, considerando-as como “zombaria grotesca do que é ser humano”.
O renomado cantor Sting acredita que, no futuro, haverá uma batalha entre a inteligência artificial (IA) e os seres humanos pela composição de músicas. Ele argumenta que os elementos fundamentais da música pertencem aos humanos e que será crucial defender esse capital humano contra a IA.De acordo com o músico a autenticidade humana não poderá ser replicada.
Recentemente, um álbum do Oasis foi produzido por IA e ideia tomou conta das redes sociais dividindo opiniões. Sobre o tal “álbum perdido do Oasis”, Noel Gallagher (ex-Oasis) relatou:“Esses idiotas de merda claramente têm muito tempo livre e muito dinheiro para poderem pagar a tecnologia para ficarem brincando com isso”.
A presença da Inteligência Artificial na indústria musical, abrangendo desde a geração de álbuns até a criação de vozes fictícias, está se tornando uma ocorrência cada vez mais frequente. Isso suscita debates sobre o papel da IA na produção artística e se suas criações podem ser legitimamente consideradas obras de arte genuínas. Assim, a conversa em torno da ética e autenticidade artística da música gerada por IA permanece no centro das atenções.
O vocalista do Slipknot, Corey Taylor (via Metal Hammer), sempre direto não mediu palavras para dizer o que pensa sobre o uso de IA: “É um exemplo ainda pior de tecnologia substituindo o talento do que o que eu venho reclamando há anos com o Pro Tools, a afinação e o uso dos mesmos sons. E as pessoas continuam dizendo: “Ah, não é legal? Eu digo: “Não, não é legal. Você está louco? O quê? De repente, agora não temos talento? A única coisa que vamos conseguir que soe legal e nova é de algo que nem existe? Vá se danar, cara!”
A inteligência artificial é uma realidade. Não há como negá-las ou ignorá-la. Contudo, é crucial compreender que a IA é uma extensão da habilidade humana, não um substituto. A verdadeira essência da música reside na expressão emocional, na narrativa única de cada artista e na capacidade de transmitir sentimentos complexos. A criatividade artística, irredutível e intrínseca ao ser humano, transcende os limites da programação e dos algoritmos. Portanto, a simbiose entre a mente criativa e a inteligência artificial é onde reside o verdadeiro potencial revolucionário, oferecendo um horizonte inexplorado de possibilidades sonoras.
Essa temática suscita preocupações sobre a autenticidade e o valor do talento humano no processo criativo. A automação excessiva poderia desvalorizar o esforço e a habilidade dos músicos, ao passo que a manipulação extrema poderia alterar a percepção da realidade artística. Além disso, a IA levanta questões sobre a propriedade intelectual e os direitos autorais, à medida que algoritmos podem criar obras que desafiam a definição tradicional de autoria. Encontrar um equilíbrio entre inovação tecnológica e preservação da integridade artística é um desafio crucial para comunidade artística musical e para sociedade como um todo.