Após lançar dois singles, o Ivory Gates, formado por Felipe Travaglini (vocal), Matheus Armelin (guitarra), Hugo Mazzotti (baixo) e Thiago Siqueira (bateria), lança o novo álbum, “Behind the Wall”. Musicalmente, o material mostra uma concepção musical diferente para a banda piracicabana, que se mostra mais pesada e versátil. “Fomos a extremos e usamos o medo do desconhecido e a acomodação da zona de conforto como conceitos para a criação musical de ‘Behind the Wall’. Assim, apesar de manter firme nossas raízes, buscamos adicionar elementos que nunca tínhamos usado, seja uma balada em 6/8 como em ‘Leaves of Winter’, onde a influência do Savatage fica aparente; o peso do thrash em ‘Fall of Jericho’ ou indo até os ritmos brasileiros e latinos utilizados na instrumental ‘Duallity'”, detalha o guitarrista Matheus Armelin, que produziu e gravou o material no Transient Studio, em Piracicaba, cidade natal do grupo.
Já a bateria, gravada pelo ex-integrante, Fabricio Felix, substituído por Thiago Siqueira, assim como violões e vocais complementares foram gravados e coproduzidos por Renato Napty no iPu Va’e Estúdio.
“The Book of Life”, faixa que abre o repertório, foi escolhida para, de cara, apresentar a proposta do novo trabalho. “As características progressivas e melódicas foram mantidas, mas é possível notar que a banda chega mais pesada e direta. Mesmo sendo complexa e extensa, com cerca de sete minutos e meio, ela é de fácil audição, pois não há exageros. Utilizei muitas referências para trazer uma pitada de suspense e tensão no pré-refrão, como um narrador que participa de uma cena, observando e comentando o fatídico veredicto”, explica o vocalista Felipe Travaglini. “É a minha música favorita de ‘Behind the Wall’ e, talvez, de toda a nossa discografia! Nela, é possível encontrar todas as características que nos acompanharam nos discos anteriores, aberturas de guitarras, baixo e bateria sincronizados, refrão marcante e, consequentemente, uma mistura quase completa das nossas principais influências”, acrescenta o guitarrista Matheus Armelin.
Após a abertura, a faixa “Prisoner” vem pesada e rápida, lembrando o Iron Maiden dos anos 80 até chegar nos primeiros versos, onde a veia progressiva e intrincada é retomada pela banda. A temática aborda a apresentação de um mundo perfeito através das mídias sociais e a angústia e frustração daqueles que são sugados por essa ilusão e se isolam do mundo real. “Para mim, ‘Prisoner’ e ‘Yesterday’s News’ são músicas que mais possuem os elementos da história do Ivory Gates. Metal progressivo pesado, especialmente inspirado em Fates Warning, Queensrÿche e Iron Maiden, com alguns toques e melodias do hard rock”, observa o baixista Hugo Mazzotti. “Ela traz um refrão repetitivo à la Maiden, reforçando a ideia da rotina viciante, da perda de tempo, de deixar de viver a realidade. Tivemos um cuidado especial no interlúdio, harmonizando um contexto mais ‘clean’ e melancólico. Ao final, a voz passa a um tom mais agressivo e um drive bem pronunciado, fechando-a com um recadinho de que ‘no final você vai se encontrar sozinho'”, completa Travaglini.
Já o single “Fall of Jericho”, que saiu em lyric video, é apontada como a mais pesada e agressiva. “Mesclando elementos do prog metal moderno a um thrash rápido, ela deixa claro nossa proposta, pois abusa do peso para tratar, de forma figurada, da falta de empatia e intolerância, temas mais atuais que nunca em nossa sociedade. O solo dela é um dos meus favoritos, pois sintetiza o empenho para esse novo trabalho em mesclar partes melódicas marcantes com grande interpretação e possíveis de serem cantadas, com fragmentos mais técnicos”, descreve Armelin.
O lado power metal entra em cena na agressiva e veloz “Good Enough”, que trata da eterna insatisfação humana, sempre querendo algo mais e sem, muitas vezes, dar importância ao que já possui: “Será que a realização desses desejos trará realmente a satisfação ou podem se transformar em um terrível pesadelo?”, questiona a letra. “Ela traz componentes de um belo power metal: velocidade, peso e melodia. Acredito que foi uma das linhas que mais gostei de fazer, contrabalanceando os riffs de guitarra e baixo, e a pegada da bateria. A voz permeia por todos os componentes trazendo muita sinergia para a composição”, avalia Travaglini.
A faixa-título, por sua vez, sintetiza a proposta musical do álbum, que busca novos horizontes e desafios sem abandonar as características desenvolvidas em mais de duas décadas de existência da banda. “No lado lírico, também representa o conceito musical desenvolvido, lidando com o medo da mudança e do desconhecido que nos mantêm presos em uma zona de conforto que traz segurança, mas impede que o crescimento e a evolução aconteçam”, conclui Hugo Mazzotti.
Discografia:
“Shapes of Memory” (2002)
“Status Quo” (2005)
“Devil’s Dance” (2011)
“UnKnown Trails” (2014)
“Behind the Wall” (2022)
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