Em 25 de julho de 1980, o AC/DC lançava o seu sétimo e mais emblemático álbum, E hoje vamos falar aqui no Memoru Remains sobre este que acabou se tornando um dos maiores álbuns da história do Rock. O excepcional “Back in Black”, um álbum que muito provavelmente não teria nascido se não fosse uma tragédia que aconteceu com os australianos. Pelo menos não da forma que ele veio ao mundo.
A banda havia lançado outro clássico, “Highway to Hell”, em 1979 e colhia ainda os frutos deste play. Assim que terminaram a turnê, o vocalista Bon Scott resolveu tirar uns dias de folga em Londres, mas, acabou morrendo de causas não muito bem explicadas até hoje, tudo que se sabe é que ele havia bebido muito na noite anterior e que foi encontrado por um amigo já sem vida dentro do carro deste, no fatídico dia 19 de fevereiro de 1980.
Não restou outra alternativa aos quatro membros restantes escolher outro vocalista e seguir adiante: e o escolhido foi Brian Johnson, na época vocalista de uma banda de Glam Rock chamada Geordue. Esta banda tinha acabado no ano de 1978 e dois anos depois foi reformulada pelo próprio frontman e quando a banda assinou contrato com uma gravadora, eis que Johnson foi convidado para uma audição no AC/DC e como agradou, foi anunciado como o sucessor de Bon Scott. Não seria nada fácil substituir a lenda. A entrada do novo vocalista fez com que o disco precisasse ser refeito. Nada do que fora escrito pelo saudoso vocalista foi utilizado, ainda que Bon tenha participado de maneira bastante ativa nos ensaios das músicas que entrariam no disco, inclusive, tocando bateria em alguns ensaios onde o baterista Phil Rudd não estava presente.
Como novo lineup, que seria o mais longevo da história da banda, todos viajaram para as Bahamas, onde novamente na companhia do produtor Robert John Lange, adentraram ao “CompassPoint Studios”, entre os meses de abril e maio de 1980. E o resultado foi simplesmente maravilhoso! Vamos conferir então o que rola nas dez faixas deste discaço?
O sino anuncia a chegada de um dos grandes clássicos da banda. E os riffs apenas comprovam que “Hells Bells” nasceu clássica. E a primeira performance de Brian Johnson parecia muito promissora. Bem sombrio, o que causa estranheza ao fã do AC/DC acostumado com as músicas ao Hard Rock misturado ao Blues, mas aqui ficou sensacional. Sonzão.
A sequência de clássicos continua com “Shoot toThrill” e seu clima o Rock and Roll. Uma música contagiante demais, não tem como o ouvinte ficar inerte. E o solo é outra coisa maravilhosa. “What do You do for Money Honey” é outra sonzeira deste play em que destaco novamente o solo e também o refrão grudento. Você escuta a música e se pega cantando o refrão meia hora depois.
“Giving the Dog a Bone” e seu clima bluesy, porém com um andamento mais rápido, também é outra que se destaca. É difícil escolher a melhor faixa do play, mas essa aqui tem algo a mais. Talvez seja a sua veia visceral. O espetáculo só continua com “Let me Put my Love Into You” e suas influências do Blues. Os riffs que proporcionam uma atmosfera única a essa música são impressionantes. E outro solo bem legal protagonizado por Angus Young.
Se você está no vinil, é hora de virar o lado e temos logo de cara a faixa título, que chega com seus riffs marcantes e se não é o maior clássico do AC/DC, figura no Top 3. E que Hard Rock delicioso de se escutar é esse som. Um verdadeiro hino do Rock and Roll. Os caras seguem sem tirar o pé, chega outro clássico chamado “You Shook me All Night Long” em que as batidas de Phill Rudd e as boas bases dos irmãos Young dão à música um brilho especial. “Have a Drink on me” se não chega a ser brilhante como as músicas anteriores, é um bom Hard Rock, com a cara do AC/DC.
Divulgação
“Shake a Lag” devolve o álbum ao topo,. Com um Rockão de qualidade e com um andamento um pouco mais rápido que as faixas anteriores, ficando muito interessante E o final não poderia ser melhor, com o blues rolando solto em “Rock And Roll Ain’t Noise Pollution”. Pessoalmente essa é uma das minhas favoritas de toda a carreira do AC/DC. Tudo aqui beira a perfeição; os riffs de guitarra, a bateria, o baixo, o refrão. Que disco, senhores
Em 41 minutos temos uma banda pra lá de inspirada, parecendo que a morte prematura de Bon Scott deixou a banda ainda mais coesa e mostrava que eles precisavam seguir em frente, até para se consolidar como um dos pilares do Rock and Roll. Aqui o Blues que predominava como estilo musical é deixado um pouco de lado, sendo adquiridos outros estilos que combinaram com a voz diferente de Brian Johnson. A capa toda preta, apenas com o nome da banda e do álbum, é uma clara referência ao luto pela morte do ex-companheiro.
“Back in Black” foi um sucesso desde o momento em que foi lançado: alcançou o primeiro lugar na França, Reino Unido (estreou em 1º e ficou nesta posição durante duas semanas), Austrália e Canadá; 3º lugar na Alemanha; 4º na “Billboard”; 6º na Áustria; 8º na Noruega; 9º na Finlândia; 12º na Suécia, 19º na Itália e assim sucessivamente.
A crítica também o recebeu muito bem e o álbum é sempre lembrado pelas listas de melhores, como a da Rolling Stone que em 1989 o classificou em 26º lugar dentre os melhores 100 álbuns da década de 1980; a VH1 classificou o álbum em 82º lugar dentre os 100 melhores e deu a faixa título a 2ª posição na lista das melhores músicas de Hard Rock; em outra lista da Rolling Stone, que classificou em 2012 os 500 maiores álbuns de todos os tempos, “Back in Black” ficou em 77º; no livro “100 Melhores Álbuns Australianos”, o nosso aniversariante ficou em 2º e por fim, foi também incluído no livro “1001 Álbuns que Você Deve Ouvir Antes de Morrer”.
O aniversariante de hoje é o álbum de Rock mais vendido da história, com quase 30 milhões de cópias comercializadas no mundo. Com esse números, ele também é o segundo mais vendido da história da música, perdendo apenas para “Thriller”, de Michael Jackson, que vendeu mais de 47 milhões de cópias. Com estes números absurdos, foi certificado 25 vezes Platina nos Estados Unidos, 12 vezes de Platina em seu país natal, mais um triplo de Platina na Argentina, onde eles têm a maior base de fãs da América Latina e ainda duplo Platina em países como Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Suíça e Reino Unido.
Em 2004, o Six Feet Under fez um de seus tantos álbuns Cover inteiramente dedicado a “Back in Black”, com a mesma sequência do tracklisting e foi batizado de “Graveyard Classics 2”, uma espécie de continuação do “Graveyard Classics”, lançado em 2000 e que tem versões de Dead Kennedys, Exodus, Savatage, Accept e inclusive uma versão para “TNT”, do próprio AC/DC. E ficou no mínimo hilário escutar “Back in Black” com os guturais de Chris Barnes.
Enfim, um grande disco que chega a quarta década e que envelhece muito bem. Seria bom se a banda fizesse uma turnê comemorativa quando esta pandemia se acabar ou ao menos que permita com que a normalidade seja retomada com calma. E ainda mais com Brian Johnson de volta aos vocais, uma pena que já sem Malcolm Young, que nos deixou em 2017. Longa vida ao AC/DC, que segue na ativa e nos brindou com mais um bom disco, “Power Up”, .lançado durante a pandemia, que vai passar e teremos a oportunidade de ver essa fantástica banda novamente nos palcos.
Back in Black – AC/DC
Data de lançamento – 25/07/1980
Gravadora – Atlantic/ ATCO/ Epic
Faixas:
01 – Hells Bells
02 – Shoot to Thrill
03 – What do You do For Money Honey
04 – Giving the Dog a Bone
05 – Let me Put my Love Into You
06 – Back in Black
07 – You Shook me All Night Long
08 – Have a Drink on me
09 – Shake a Leg
10 – Rock and Roll Ain’t Noise Pollution
Formação:
Brian Johnson – Vocal
Angus Young – Guitarra
Malcolm Young – Guitarra
Cliff Williams – Baixo
Phill Rudd – Bateria