No dia 27 de julho, há 42 anos, o AC/DC lançava “Highway to Hell”, sexto álbum da carreira e o último com Bon Scott nos vocais. Ele viria a morrer um ano depois, quando a banda já trabalhava nas composições do sucessor do aniversariante do dia e esse clássico é assunto do nosso Memory Remains de hoje,
A banda tinha gravado em 1978 o excelente “Powerage”, que havia alcançado a posição de número 133 na “Billboard” . Ainda no mesmo ano, veio o primeiro álbum ao vivo, “If You Want Blood You’ve Got it” e no primeiro semestre de 1979, já estavam trabalhando em “Higjway to Hell”. Por sugestão de Bon Scott, o produtor desta vez foi Robert Lange e a banda passou por duas sessões de gravações em dois locais distintos: em fevereiro de 1979, eles foram até o “Criteria Studios”, em Miami e entre março e abril do mesmo ano, concluiram as gravações no estúdio “Roundhouse”, em Londres.
Mas a troca de produtor não foi nada fácil. A gravadora exigiu que o irmão mais velho dos guitarristas, George Young deixasse de assinar a produção dos álbuns. Ele havia produzido tudo que o AC/DC tinha lançado até então. Houve uma tentativa de fazer com que o renomado Eddie Kramer trabalhasse com a banda, porém, as partes simplesmente não se entenderam. Um belo dia, a banda gravou seis músicas e enviou uma fita para Robert Lunge, que topou o desafio de trabalhar com eles.
Há uma sutil diferença entre a capa que todos nós conhecemos e a que foi divulgada na versão australiana do álbum. A foto com a banda é a mesma, mas há alguns detalhes a mais, como a imagem de chamas sobre os integrantes e um braço de guitarra simulando uma auto-estrada, que seria a “Highway to Hell”.
Vamos colocar o play para rolar e a faixa título que é uma das mais populares canções do AC/DC abre este belíssimo play. E qualquer palavra que eu tente buscar no meu vocabulário para expressar essa música não será suficiente. Então é só aumentar o volume até o talo e curtir esse Hard Rock com batidas dançantes e a voz inconfundível do imortal Bon Scott, além do solo fenomenal de Angus Young. Acredito que não há início melhor de um disco na história do Rock.
Depois da epopeia que é a faixa de abertura, qualquer coisa que venha torna-se secundário. Ainda que a divertida “Girls Got Rhythm” e seu andamento um pouco mais rápido que a anterior. “Walk All Over You” é um pouco mais intensa, porém, ganha contornos Southern Rock no refrão. Outra música muito acima da média. Esta faz parte da trilha sonora do filme “Growin Ups”
A faixa quatro é outro clássico da banda: a maravilhosa “Touch Too Much” e seu clima psicodélico, bem setentista. Essa pode ser facilmente eleita a segunda melhor faixa do play. “Beating Around the Bush” encerra o lado A do vinil com um Rockão visceral recheado de influências do Country. Impossível não pirar escutando esse som.
Virando o lado da bolacha, temos “Shot Down in Flames”, que é aquela faixa típica do AC/DC, que ouve os primeiros acordes e já reconhece a banda. Alguns acusam a banda de repetir a fórmula, mas essa é que é a graça. Ao menos no caso deles. “Get in Hot” é aquela música que te faz relembrar os anos de escola, sobretudo, no ensino médio. Ao menos para este redator que vos escreve. Um Hard Rock bem enérgico.
“If You Want Blood (You Got It)” é mais uma aula de Hard Rock setentista. E de diversão. Esta faixa, está nas trilhas sonoras dos filmes “Homem de Ferro 2”, “Final Destination 2”, “Final Destination 5” e também aparece em “The Longest Yard”.
“Love Hungry Man” é outra que pertence ao grupo das clássicas do AC/DC. Um Hard Rock com uma levada mais devagar em comparação com as anteriores e seu refrão estilo chiclete. O fato curioso é que Angus Young disse certa vez em uma entrevista que não gosta desta música e que ela “pode ter sido resultado de uma noite de pizza ruim”;
A bluesy “Night Prowler” encerra o play de forma bem calma, diferente do começo, mas é uma grande canção, os solos são viajantes e o álbum se vai com aquele gostinho de quero mais. Infelizmente essa música foi motivação para que um assassino que se dizia fã da banda cometesse alguns crimes e deixava um chapéu com o nome da banda no local dos delitos. E a música era a sua favorita. Obviamente, a banda foi acusada, mas a letra fala apenas sobre um rapaz que entrava às escondidas no quarto da namorada, sem que os pais dela soubessem, ou seja, nada que motive alguém a praticar crimes.
Em pouco mais de 40 minutos temos um excelente disco, em que podemos notar que a mudança de produtor fez bem a banda: as guitarras ficaram mais limpas, mas sem perder o punch. E o álbum se mostrou um sucesso, com ótimas colocações nos charts pelo mundo: 2º na França; 8º no Reino Unido; 13º na Austrália, 14º na Holanda, 16º na Suíça, 17º na “Billboard 200” e assim sucessivamente.
O legado de “Hihgway to Hell” é imenso e deve ser preservado. Além de ser o último registro com Bon Scott, o álbum é frequentemente lembrado e sempre figura em listas, como por exemplo a lista dos “200 Álbuns Definitivos no Rock And Roll Hall of Fame”; Em 2003, a revista Rolling Stone listou o disco em 58º dentre os 500 melhores álbuns de todos os tempos. E a faixa título é certamente uma das mais conhecidas da história do Rock.
Com isso, só podemos comemorar essa data e este maravilhoso play, e ainda que não tenhamos mais entre nós dois dos que o gravaram, serve para saciar aos saudosistas de plantão, dentre eles este que vos escreve. A banda segue ativa e a nossa espera é para que esta pandemia se acabe para que possamos vê-la arrebentando nos quatro cantos do planeta. Longa vida ao AC/DC, que segue lindo, ainda na ativa, só aguardando essa pandemia maldita se encerrar ou ao menos amenizar, para que eles possam voltar a aterrorizar em cima dos palcos.
Highway to Hell – AC/DC
Data de lançamento – 27/07/1979
Gravadora – Atlantic Records
Faixas:
01 – Highway to Hell
02 – Girls Got the Rhythm
03 – Walk All Over You
04 – Touch too Much
05 – Beating Around the Bush
06 – Shot Down in Flames
07 – Get it Hot
08 – If you Want Blood (You Got it)
09 – Love Hungry Man
10 – Night Prowler
Formação:
Bon Scott – Vocal
Angus Young – Guitarra
Malcolm Young – Guitarra
Cliff Williams – Baixo
Phill Rudd – Bateria