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Memory Remains: Angra – 2 décadas de “Rebirth” e o renascimento após a debandada de três dos cinco membros

Memory Remains: Angra – 2 décadas de “Rebirth” e o renascimento após a debandada de três dos cinco membros

13 de novembro de 2021


No ano de 2000, o Heavy Metal nacional era abalado com a notícia de que Andre Matos, Luis Mariutti e Ricardo Confessori estavam de saída do Angra. Restavam apenas a dupla de guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt. Terra arrasada, os caras juntaram os cacos, selecionaram alguns dos músicos que se destacavam naquele momento e em 13 de novembro de 2001, lançavam “Rebirth“, o quarto álbum do banda e que é tema do nosso Memory Remains deste sábado.

Havia um universo de incertezas após a saída de três dos cinco membros da banda. A saída do Andre Matos era esperada, pois ele quase não gravou “Fireworks“, o disco anterior. Mas a saída do Mariutti e Confessori pegou a todos de surpresa. Problemas com o empresário levaram a debandada. Mas era a hora do renascimento e para isso foram recrutados o vocalista Edu Falaschi (Symbols), o baixista Felipe Andreoli (Karma) e o baterista extremamente técnico Aquiles Priester, que naquele momento emergia com o Hangar.

Formação refeita, era hora de o quinteto fazer as malas e embarcar para a Alemanha, onde na companhia do produtor Dennis Ward, todos se reuniram no “House of Audio“, onde ficaram entre junho e agosto de 2001. Tal como em “Holy Land“, o álbum teve diversas participações de músicos brasileiros de outros estilos, que gravaram suas partes no Brasil, mais precisamente no “Anonimato Studios“.

Havia uma expectativa enorme em como a banda iria soar com a nova formação e mais uma vez, a banda nos apresentaria um disco muito diferente dos demais. Aqui a banda aposta no Metal Sinfônico, aliado ao Power Metal e sem abandonar as raízes da música brasileira, sempre presentes aqui e acolá. Lá fora a bolacha saiu pela “Steamhammer“, enquanto que no Brasil saiu pela “Paradoxx“. Vamos então passear pelas dez faixas que compõem o play.

In Excelsis” é a vinheta de abertura que já dá a ideia de que a banda iria usar e abusar das sinfonias neste play e logo logo entra “Nova Era“, uma música poderosa onde o Metal Sinfônico casa muito bem com o Power Metal. O refrão, gruda na mente do ouvinte logo na primeira audição.

Millenium Sun” é bem Prog e uma das minhas favoritas do play por sua atmosfera. Ela tem momentos densos e um ótimo solo. “Acid Rain” foi a primeira música a ser conhecida e se tornou logo um hit da banda, trazendo mais do Metal Sinfônico e sua melodia nas estrofes lembra bastante a faixa “Paradise“, do álbum anterior e fica mais veloz no refrão.

Heroes of the Sand” é uma balada e mostra a veia de compositor de Edu Falaschi, até então desconhecido do grande público (N. do R: eu já o conhecia desde o Symbols e achei uma grande perda para essa banda, enquanto que para o Angra foi muito bom). “Unholy Wars” traz pelo primeira e única vez a brasilidade, com o cântico de Maracatu ba introdução, depois ganhando força com seu Power Metal violento.

Carlos Pupo/Headbangers News

Rebirth“, a faixa título é outra que pertence ao rol das músicas clássicas do Angra. Com seu começo bem lento, ela vai crescendo até ficar bem veloz no primeiro solo. Aqui também encontramos elementos sinfônicos e um belo solo melódico. Ponto alto do play. “Judgment Day” é mais prog e uma boa música, que ajuda a manter o nível do álbum bem alto.

Running Alone” em sua intro lembra demais o início da música “Evil Warning“, de “Angels Cry“, seu álbum de estreia, mas as semelhanças param por aí, pois essa música é mais veloz e melhor executada. E o final se dá com “Visions Prelude“, uma adaptação de Kiko Loureiro para a “Op. 28 em C menor“, de Chopin, que ficou bem melancólica e assim o álbum se encerra após 52 minutos.

A edição japonesa conta com uma faixa bônus, que ficaria conhecida quando a banda lançou o “EP Hunters and Prey“, em 2002: “Bleeding Heart” É uma balada que se tornaria bem famosa, sendo, inclusive, estragada pela versão que o cantor sertanejo Leonardo fez para ela. Merecia prisão perpétua por crime hediondo.

Se “Rebirth” não é o melhor álbum dessa formação, mostra que o renascimento da banda foi em grande estilo. A banda caiu na estrada e a apresentação em São Paulo rendeu um disco ao vivo, “Rebirth World Tour – Live in São Paulo“. Em 2019, a “Metal Hammer” elegeu “Rebirth” como o 15° melhor álbum de Power Metal da história.

Depois disso, a banda sofreu outra debandada, mas vem se reinventando, hoje com o italiano Fabio Lione no vocal e Kiko Loureiro deixou o Angra para se juntar ao Megadeth. O Angra por tudo que fez é uma instituição do Heavy Metal nacional e tudo que desejamos é uma longa vida à banda. E hoje é dia de celebrar esse “Rebirth“, que chega aos 20 anos. E parece que foi ontem.

Rebirth – Angra
Data de lançamento – 13/11/2001
Gravadora – Steamhammer/ Paradoxx

Faixas:
01 – In Excelsis
02 – Nova Era
03 – Millenium Sun
04 – Acid Rain
05 – Heroes of Sand
06 – Unholy Wars
07 – Rebirth
08 – Judgment Day
09 – Running Alone
10 – Visions Prelude

Formação:
Edu Falaschi – vocal
Kiko Loureiro – guitarra
Rafael Bittencourt – guitarra
Felipe Andreoli – baixo
Aquiles Priester – bateria

Participações especiais:
Gunter Werno – teclado
André Kbelo – backing vocal
Zeca Loureiro – backing vocal
Maria Rita – backing vocal
Carolin Wols – backing vocal
Roman Mekinulov – cello
Douglas Las Casas – percussão
Mestre Dinho & Grupo Woyekê – vozes maracatu em “Unholy Wars”