Há 22 anos, em 13 de novembro de 2001, o Angra lançava “Rebirth“, o quarto álbum da carreira de uma das bandas brasileiras mais bem sucedidas do Heavy Metal e que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Antes de falar do aniversariante do dia, precisamos voltar alguns anos no tempo,mais precisamente em 1997: o Angra passa por uma crise profunda que colocava de um lado o vocalista Andre Matos, o baixista Luis Mariutti e o baterista Ricardo Confessori, que hoje se revelou um sujeito de caráter duvidoso, com essa conversa de redpill e insistindo em alinhar o Rock com o conservadorismo. Do outro lado, tínhamos a dupla de guitarristas, Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro, além do então empresário da banda, Antonio Pirani. Andre chegou a sair da banda antes mesmo de o álbum anterior, Fireworks, ser lançado, mas foi convencido a retornar. Eles gravaram o play, saíram em turnê, mas a separação foi inevitável. Andre, Luis e Confessori montaram o Shaman, enquanto que, para a dupla de guitarristas, não restava outra alternativa a não ser continuar. O público esperava por isso.
Daí eles saíram em busca de músicos que pudessem preencher essas lacunas. E não foi uma tarefa muito difícil, uma vez que à época, existiam bandas de Heavy Metal em cada esquina. Edu Falaschi, que chegou a assumir os vocais durante o pequeno período que Andre Matos se afastou do Angra, foi chamado. Ele estava se destacando com o Symbols, que havia lançado dois ótimos álbuns e despontava como uma das grandes promessas da cena pesada nacional. Para a bateria, eles recrutaram Aquiles Priester, também conhecido como polvo, pela sua habilidade de tocar rápido o seu kit de bateria, e fazia um ótimo trabalho com sua banda, o Hangar. E para o baixo, Felipe Andreoli, que também despontava com o Karma. O time estava pronto e dificilmente daria errado, como o tempo mostrou que de fato não deu.
A respeito da entrada de Aquiles Priester, uma curiosidade: ele estava em São Paulo quando recebeu o convite para fazer um teste. Porém, ele é um sujeito um tanto quanto excêntrico e disse que só faria a audição com os caras da banda caso fosse com o seu próprio equipemanto. Após muito relutar, os caras do Angra aceitaram e ele foi em Porto Alegre, para de lá retornar com seu imenso kit de bateria. Assim ele fez o teste e foi aprovado.
Com a banda reformulada, Kiko e Rafael tomaram as rédeas na questão da composição, que fez do disco uma obra conceitual. A história fala sobre um mundo destruído e o esforço dos seres humanos que restaram ali para fazer a reconstrução deste mundo. Na verdade, era uma metáfora para representar a reconstrução do próprio Angra. Assim sendo, todos rumaram para o House of Audio Studios, na Alemanha, onde, comandados por Dennis Ward, que assinou a produção, todos se trancafiaram. Gravações adicionais foram realizadas em São Paulo, no Anonimato Studios. O período nos estúdios perdurou entre os meses de junho e agosto de 2001.
Colocando a bolacha para rolar, o álbum tem 10 canções em 52 minutos de duração. É uma audição prazeroza, onde não temos uma música ruim sequer. É verdade que temos um Angra com uma cara mais europeu do que propriamente brasileiro, embora os elementos da música tupiniquins estejam presentes, como por exemplo em “Unholy Wars“, onde temos a inserção dp Maracatu antes do Power Metal reinar absoluto. Canções como “Nova Era“, “Acid Rain“, a balada “Heroes of the Sand” e a faixa-título, também merecem destaque. A faixa derradeira, “Visions Prelude” é uma adaptação de uma ópera de Chopin, tocada em C (dó) menor.
O álbum foi muito bem recebido por todos, público e imprensa especializada, o que fez com que a banda mantivesse a sua posição entre uma das maiores bandas. E para os fãs de Heavy Metal, era uma dádiva, pois naquele momento, tínhamos duas grandes bandas a partir da separação de uma delas: Angra e Shaman trilhavam seus caminhos de maneiras distintas, mas com o mesmo objetivo: espalhar o Heavy Metal pelo mundo. Ainda em 2001, o Angra registrou uma apresentação com a nova formação no Rio de Janeiro e lançou em VHS (quem tem menos de quarenta anos, não saberá o que é) “Rebirth World Tour – Part 1 (Live in Rio de Janeiro)” e no ano seguinte, lançou o EP “Hunters and Prey“, que contém sobras e B-sides, e em 2003, veio o álbum duplo “Rebirth World Tour – Live in São Paulo“, que fechou a tour com chave de ouro.
O Álbum foi certificado com Disco de Ouro no Brasil e na Alemanha. No ano de 2019, a Metal Hammer elegeu “Rebirth” o 15º melhor álbum de Power Metal de todos os tempos. E a talentosa formação ficou junta até o ano de 2009, quando Aquiles Priester se desentendeu com os companheiros e acabou deixando o Angra. Hoje ele e Edu Falaschi seguem tocando juntos, no projeto solo que o vocalista tem em atividade.
Hoje é dia de celebrar esse beçlo disco. Atualmente, resta apenas o guitarrista Rafael Bittencourt, da formação original, mas o Angra tem hoje gente talentosa como o vocalista Fabio Lione, o baterista Bruno Valverde, que no ano passado teve a moral de substituir o seu amigo Eloy Casagrande, quando este sofreu um acidente, durante um show do Sepultura nos Estados Unidos. Felipe Andreoli apesar de não ser um membro fundador, é o único dos remanescentes dentre os que estrearam aqui. A banda acabou de lançar um novo álbum, “Cycles of Pain” e fica a nossa torcida para que o Angra tenha ainda uma vida longa.
Rebirth – Angra
Data de lançamento – 13/11/2001
Gravadoras – Steamhammer/ Paradoxx Music
Faixas:
01 – In Excelsis
02 – Nova Era
03 – Millennium Sun
04 – Acid Rain
05 – Heroes of Sand
06 – Unholy Wars
07 – Rebirth
08 Judgement Day
09 – Running Alone
10 – Visions Prelude
Formação:
Edu Falaschi – vocal
Kiko Loureiro – guitarra
Rafael Bittencourt – guitarra
Felipe Andreoli – baixo
Aquiles Priester – bateria
Participações especiais:
Günter Werno – teclado
Dennis Ward – backing vocal
André Kbelo – backing vocal
Zeca Loureiro – backing vocal
Rita Maria – backing vocal
Carolin Wols – backing vocal
Mestre Dinho – Maracatu vocal (“Unholy Wars”)
Grupo Woyekê – Maracatu vocal (“Unholy Wars”)
Roman Mekinulov – Cello
Douglas Las Casas – Percussão