Há 34 anos, em 17 de abril de 1989, os canadenses do Annihilator lançavam seu disco de estreia. O atemporal “Alice in Hell” é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Precisamos voltar cinco anos no tempo para compreender o nascimento do álbum. Em 1984, então com 18 anos, Jeff Waters vivia em Ottawa, capital do Canadá, onde escreveu e gravou sua primeira música, chamada “Annihilator”, onde ele tocou outros instrumentos, como a bateria, pois não haviam músicos disponíveis para fazê-lo. No mesmo ano, ele reuniu alguns músicos e gravou uma demo, chamada “Psycho Metal Kills” e em 1986, novamente sozinho, lançou outra demo, “Phantasmogoria”, onde duas músicas que acabariam entrando aqui em “Alice in Hell” seriam gravadas: “Alisson Hell” e “Liegia”. Foi então que o jovem resolveu mudar-se para Vancouver e se juntou a Ray Hartmann e Dennis Dubeau, e os três gravaram parte do que se tornaria o disco homenageado do dia.
De cara eles conseguiram assinar um contrato com a Roadrunner e eles passaram os anos de 1987 e 1988 trabalhando na gravação e mixagem de “Alice in Hell”. O próprio Jeff Waters, que até hoje é o faz tudo da banda, ficou a cargo da produção e o vocalista Randy Rampage foi recrutado e acabou eternizando sua voz em alguns dos maiores clássicos da banda. Eles utilizaram dois estúdios, o Live West Productions e o Fiasco Bros. Studios. Embora o encarte do álbum mostre a banda como um quinteto e cite Wayne Darley e Anthony Brian Greenham, eles não participaram da gravação e entraram na banda depois que o álbum já estava finalizado. Jeff Waters afirmou em entrevista que esse ocorrido foi a mando da gravadora.
O álbum tem algumas canções que foram escritas pelo ex-vocalista, John Bates: “Alisson Hell”, “W.T.Y.D.”, “Burns Like a Buzzsaw Blade” e “Human Incesticide”. Ele, que saiu em 1985, também aparece como co-autor em canções de outros cinco discos lançados futuramente, como “Never, Neverland” (1990), “King of the Kill” (1994), “Refresh the Demon” (1996), “Remains” (1997) e “Criteria for a Black Widow” (1999).
Algumas curiosidades acerca dos títulos das músicas, “Schizos (Are Never Alone Parts I & II)” era originalmente chamada de “Fuck the Dead” e muito provavelmente, por razões óbvias, teve seu nome alterado. Já “W.T.Y.D.” são as iniciais para a frase “Welcome to Your Death” (Bem-vindo a sua morte, em tradução literal). O álbum é aclamado como o melhor de toda a carreira da banda e um clássico do Thrash Metal oitentista. São 37 minutos de pura adrenalina em músicas que se dividem entre velocidade e técnica. Difícil escolher a melhor, pois tudo aqui soa perfeito, até a produção crua demais é perfeita do jeito que foi feita.
“Alice in Hell” foi na época o álbum de estreia de uma banda que mais vendeu pela Roadrunner. Foram cerca de 250 mil cópias vendidas, o que era uma grande façanha em se tratando de uma banda debutante. E ajudou muito ao Annihilator a alcançar o status de banda de Metal mais bem sucedida comercialmente. Em 2014, a Loudwire classificou o álbum em 9° lugar em uma lista de álbuns de Thrash Metal não lançados por bandas do The Big 4. Em 2017, a mesma Loudwire elencou o play entre os 30 melhores álbuns de Thrash Metal de todos os tempos. Em 2020, novamente a Loudwire colocou o álbum na sua lista dos melhores álbuns de estreia de bandas de Thrash Metal de todos os tempos. Em 2020, a Revolvermag, compilou uma lista chamada de “Os Dez Álbuns Criminalmente Subestimados”, onde nosso aniversariante figura. Mas nós não subestimamos esse álbum de maneira alguma e por isso ele é digno desta homenagem.
A bolacha foi relançada em duas oportunidades. A primeira em 1998, trazendo versões demo de algumas faixas registradas na edição original do play. A segunda reedição ocorreu no ano de 2003, quando os dois primeiros álbuns foram relançados sob o nome de “Two From the Vault”. Uma das versões demo que entraram como bônus nesta edição, chamada “Powerdrain”, serviu como base do que viria a ser a música “Sonic Homicide”, que foi lançada no álbum “Criteria for a Black Widow”.
Com o álbum pronto, era hora de o quinteto cair na estrada. E assim o fizeram, rodando por alguns países como banda de abertura do Onslaught, depois acompanhando o Testament pelos Estados Unidos. Na época, a banda de Chuck Billy divulgava seu álbum clássico “Practice What You Preech”. Logo após estes shows, os caras pararam para produzir o sucessor, o já citado “Never, Neverland”.
Hoje é dia de celebrar esse baita play, uma aula de Thrash Metal e que mostra que o estilo também pode ser bem praticado quando não se é oriundo apenas da Bay Area, em San Francisco. Jeff Waters segue fazendo o seu melhor e a banda segue na ativa, lançando álbuns e fazendo shows. Estão devendo uma passagem pelo Brasil, é bem verdade. E enquanto aguardamos essa passagem e novos álbuns, a gente deseja uma longa vida a esse grupo e vamos colocar a bolacha para rolar no volume máximo para comemorar os 34 anos desta pedrada.
Alice in Hell – Annihilator
Data de lançamento – 17/04/1989
Gravadora – Roadrunner
Faixas:
01 – Crystal Ann
02 – Alisson Hell
03 – W.T.Y.D.
04 – Wicked Mystic
05 – Burns Like a Buzzsaw Blade
06 – Word Salad
07 – Schizos (Are Never Alone) Parts I & II
08 – Liegia
09 – Human Incesticide
Formação:
Jeff Waters – guitarra/ baixo/ backing vocal
Randy Rampage – vocal
Ray Hartmann – bateria
Participações especiais:
Rolly Markwort – backing vocal
Paul Malek – backing vocal
Petra “Nelly” Wilson – backing vocal
Wayne Darley – backing vocal
Dennis Dubeau – backing vocal
Anthony Brian Greenham – guitarra