Memory Remains

Memory Remains: Anthrax celebra as bodas de prata de “Volume 8: The Threat is Real” e a estreia por um novo selo

21 de julho de 2023


Há 25 anos atrás, em 21 de julho de 1998, o Anthrax lançava “Volume 8: The Threat is Real“, o oitavo álbum da banda, que como as demais de seu tempo, se distanciaram do Thrash Metal que as consagraram. Esse play é tema do nosso Memory Remains desta sexta-feira.

O aniversariante de hoje marca também a estreia pela Ignition Records. A banda havia rompido com a Elektra, que não promoveu o álbum de maneira correta o antecessor “Stomp 442” (1995), gerando uma insatisfação por parte dos integrantes.

A banda foi então para o estúdio “Krusty’s From House”, na cidade de Yonkers, no estado de Nova Iorque, onde ficou no primeiro semestre de 1998, gravando o play, que foi produzido por Paul Croook juntamente com a própria banda, Vamos analisar cada uma das faixas deste play.

O disco abre bem com a maravilhosa “Crush”, que tem riffs hipnotizantes e batidas excelentes de Charlie Benante, além de ótima interpretação do bom vocalista John Bush. “Catharsis” mostra o Anthrax moderno dos anos 1990. Se não há mais resquícios do Thrash Metal aqui, não podemos reclamar que a banda tirou o peso do som, porque eles não o fizeram.

A ótima e grooveada “Inside Out” chega, carregada de peso e mais modernidade em uma música bem densa, com refrão que gruda e o solo gravado pelo imortal Dimebag Darrell. “Piss’n’Vinegar” é um Hard Rock influenciado pelo que era feito nos anos 80, porém com a sonoridade moderna que o Anthrax andava praticando naquele momento. “604” é um Hardcore de pouco mais de trinta segundos com bastante energia.

Toast to the Extras” é completamente inspirada no Country e apesar de ser uma música legal, era algo impensável que o Anthrax fosse capaz de conceber. “Born Against Idiot” é uma das faixas mais fortes deste play e ela tem muito mais energia Punk do que propriamente do Heavy Metal, o que não faz dela uma música ruim, pelo contrário, ela é ótima e ainda ganha uma grooveada e um espetáculo a parte também é a performance do pedal duplo de Charlie Benante, e mais uma vez, Dimebag Darrell empresta o seu talento no solo.

Killing Box” tem ótimos riffs e a bateria nervosa de Charlie Benante dá as caras novamente por aqui em uma boa música, que conta com a participação de Phil Anselmo no vocal e o produtor Paul Crook fazendo um dos quatro solos que registrou no aniversariante do dia. “Harms Way” começa com um violão e a voz de Bush dando indícios de que seria uma balada, mas a música acaba se revelando um Hard Rock bem legal e com até um relativo peso.

Hog Tied” é um Hard Rock bem moderno e pesado, uma boa música em que os riffs de Scott Ian ditam os rumos por aqui. Esta tem novamente o solo gravado por Paul Croook. Um dos destaques do play. “Big Fat” embora seja um flerte intenso com o New Metal, o Anthrax foi bem sucedido. Mesmo não sendo uma banda do estilo, eles ainda são melhores do que os maiores nomes do New Metal. Aqui mais uma vez o solo ficou a cargo de Paul Crook,

Cupajoe” é uma vinheta com barulhos desconexos e que felizmente dura apenas quarenta e seis segundos. Porque logo chega a agradável e pesada “Alpha Male” e seus bons riffs. “Stealing From a Theif” é mais arrastada e densa, com uma atmosfera bem interessante e no seu final, um esboço do Thrash Metal outrora praticado pela banda, que tem mais um solo gravado por Paul Crook.

E a música anterior ainda não encerra o play, porque temos uma faixa escondida: A relaxante e um tanto quanto melancólica “Pieces”, tocada apenas no violão e que conta com o baixista Frank Bello nos vocais. O próprio Frank escreveu a letra e se trata de uma homenagem ao seu irmão, Anthony, assassinado do lado de fora da casa da namorada, em 25 de março de 1996. O assassino nunca foi identificado.

O álbum sofreu críticas e não foi muito bem recebido, como os outros dois lançados com o vocalista John Bush. Nada contra o rapaz, que é bastante talentoso. Ele só era a pessoa errada na hora errada. Mas não foi uma coisa causada somente pelo Anthrax em si, mas também pela estagnação do Thrash Meta, já que as bandas passaram por um período obscuro no que tange a capacidade criativa e também pelo boom de estilos como o Grunge e o Poppy Punk, que invadiu a cena, deixando as bandas de Metal na década de 90, em uma quase situação de abandono.

Porém, o guitarrista Scott Ian,em sua autobiografia, chamada “The History of That Guy From Anthrax”, lançada em 2014, falou sobre o aniversariante de hoje:

Ainda estou orgulhoso das músicas que escrevemos para “Volume 8”. Elas eram realmente diversas e pesadas, com um som moderno, tinham um Groove Metal esmagador.1998 foi o ano em que o nu metal assumiu o controle, mas definitivamente não fazíamos parte daquela cena. Fazíamos parte da Old-School, então era difícil conseguir alguém para nos apoiar.”

O álbum, ainda que não muito badalado, frequentou alguns charts mundo afora: 38° na Finlândia, 43° na Alemanha, 59° na Austrália, 73° no Reino Unido e 118° na “Billboard 200”. Números modestos, é bem verdade, mas mostram que a banda não estava no limbo.

Existe uma versão do álbum, lançada em 2003 pela Sanctuary Records, que contém três faixas bônus: a pesada e agradável “Giving to Home”, em que mais uma vez o show é protagonizado pelo bumbo duplo de Charlie Benante. E versões para “The Bends”, do Radiohead, o qual o Anthrax não conseguiu melhorar, e também para “Snap/ I’d Rather be Sleeping”, do D.R.I., esta última ficou muito boa.

Em pouco mais de uma hora, temos um bom álbum, que se está distante dos áureos tempos do Thrash Metal rápido e extremamente bem tocado, tem bons momentos e não deve ser desprezado. O Anthrax é um dos pilares do Heavy Metal dos anos 1980 e é uma honra saber que a banda segue na ativa, gravando álbuns e fazendo shows. Hoje é dia de celebrar 1/4 de século deste álbum, ainda que não seja o melhor álbum da banda, ainda é um álbum do Anthrax. Longa vida a esse quinteto maravilhoso.

Volume 8: The Threat is Real – Anthrax

Data de lançamento – 21/07/1998

Gravadora – Ignition Records

Faixas:

01 – Crush

02 – Catharsis

03 – Inside Out

04 – Piss’n’Vinegar

05 – 604

06 – Toast to the Extras

07 – Born Against Idiot

08 – Killing Box

09 – Harns Way

10 – Hog Tied

11 – Big Fat

12 – Cupajoe

13 – Alpha Male

14 – Stealing From a Theif

15 – Pieces

 

Formação:

Scott Ian – guitarra

John Bush – vocal

Charlie Benante – bateria

Frank Bello – baixo e vocal em “Pieces

 

Participações especiais:

Phil Anselmo – vocal em “Killing Box”

Paul Crook – guitarra solo em “Killing Box”, “Hog Tied”, “Big Fat” e “Stealing From a Theif

Dimebag Darrell – guitarra solo em “Inside Out” e “Born Agains Idiot