Em 2003 vivíamos uma nova era no Heavy Metal: um boom de bandas emergindo e as bandas antigas resgatando sua sonoridade. O Arch Enemy pertence ao primeiro grupo e ganhava notoriedade depois que o vocalista Johan Liiva foi demitido e em seu lugar entrou Angela Gossow. O nosso Memory Remains deste sábado vai tratar de “Anthems of Rebellion“, o segundo disco com a diva no vocal e o quinto da carreira deste quinteto sueco, lançado em 23 de julho, há exatos 19 anos atrás.
Angela Gossow se consolidaria de uma vez como a maior frontwoman do Metal extremo da história. E este disco é, para este que vos escreve, o melhor de toda a carreira da banda, ainda que o disco anterior, “Wages of Sin” seja um massacre sonoro, “Anthems of Rebellion” mostra uma banda mais madura, mais pesada e ainda mais brutal e visceral. Muitos compartilham da mesma opinião e consideram o aniversariante do dia como o ponto alto da carreira da banda.
Eles vinham colhendo os louros do último disco, com Angela sendo bem aceita e angariando novos fãs (entre eles, este que vos escreve). Então, o quinteto se juntou mais uma vez ao produtor Andy Sneap e todos foram para o “Backstage Studios“, na cidade de Derbyshire, na Inglaterra e saíram de lá com esta pérola. A pré-produção ocorreu no “Rockstugan“, na cidade de Halmstad, em janeiro daquele ano de 2003.
São 43 minutos em que a banda destila toda a técnica e peso do Metal moderno, onde nas 13 faixas eles passeiam por vertentes como Thrash, Death, Prog, com muita melodia e os vocais insanos da loira. Essa trabalho nós podemos definir como um aperfeiçoamento do álbum “Heartwork”, do Carcass, álbum este que teve participação de Michael Amott. Neste play temos pela primeira vez a inclusão de vocais limpos, feitos por Christopher Amott nas faixas “End of the Line” e “Dehumanization”.
Vamos botar a bolacha para rolar, e a abertura se dá com a intro chatinha chamada “Tear Down the Walls“. Quem acompanha minhas resenhas, sabe que eu definitivamente não curto essas vinhetas que costumam abrir algumas obras, mas se o ouvinte tiver paciência, são apenas 32 segundos. Ai temos “Silent Wars” que abre o disco de verdade. Aqui temos as palhetadas dos irmãos Amott comandando tudo e uma Angela insana, num som em que você pode rotular de Thrash Metal. Excelente som.
“We Will Rise” é uma música mais densa, diferentona do que se caracterizou a fase com Angela no vocal. Mas é exatamente por ela ser diferente que ela é linda, com destaque para o solo de Michael Amott, com muita melodia. Esta é presença obrigatória nos shows da banda até os dias de hoje. “Dead Eyes See no Future” é sensacional, com riffs fantásticos em sua intro e solos igualmente sensacionais. Temos o refrão grudento e muita melodia no solo. Essa foi uma das faixas para qual a banda produziu um videoclipe.
“Instinct” é mais grooveada, pesadona, densa, moderna e aqui eu destaco a bateria de Daniel Erlandsson, que destrói tudo com seu bumbo duplo. As guitarras não ficam atrás com riffs que lembram um certo Tony Iommi, ultrapesados. Uma das melhores músicas da carreira da banda, em minha opinião. “Leader of the Rats” é bem modernosa, cadenciada, pesada, onde os riffs dos irmãos Amott novamente são a tônica por aqui também.
Uma intro bem sombria anuncia “Exist to Exit“, mas logo as guitarras sombrias dão um clima de suspense e mesmo com um andamento mais cadenciado em relação às anteriores, é bem raivosa, outra das minhas preferidas. “Marching on a Dead End Road” é uma instrumental bonitinha que além de dar uma quebrada no clima do álbum, faz ponte para a pancadaria que chefa a seguir… E ela chega quebrando tudo em “Despicable Heroes“, um Thrashão de levantar defunto, com riffs hipnóticos, viradas de bateria e levadas no bumbo duplo sensacionais e um som que eu duvido que alguém resista bater a cabeça ou entrar no moshpit. Curta e grossa. Excelente.
“End of the Line” é uma música na linha melódica, porém, os vocais guturais de Angela Gossow, que dão à banda o título de “Death Metal Melódico”, do qual eu discordo. Mas a música é muito boa, com destaque para a guitarra base, excelente. “Dehumanization” tem na sua intro a bateria com o groove espetacular de Daniel Erlandsson em que novamente a modernidade dá as caras. E a dupla de guitarristas segue fazendo um excelente trampo, mantendo o nível do nosso disco homenageado nas alturas.
“Anthem” é uma instrumental muito interessante, com menos de 1 minuto, com belíssimas harmonias de responsabilidade de Michael Amott, ela serve como uma ponte para a faixa que encerra o disco, “Saints and Sinners“, que encerra o disco com riffs pesadíssimos e densos e tome melodia no solo, enriquecendo a composição, como é de praxe na banda.
Temos algumas versões deste álbum, algumas tem um DVD da banda de bônus. O que eu tenho é um CD bônus com três faixas ao vivo, extraídas da turnê do álbum “Wages of Sin“, e as músicas são: “Lament of Mortal Soul“, “Behind the Smile” e “Diva Satanica“, todas ótimas e as versões ao vivo ficaram matadoras.
Chegamos ao fim deste precioso tesouro que não tem uma música ruim. E como o tempo passa rápido, já são quase 20 anos que este álbum viu a luz do dia. Vamos celebrar, pois a cada ano que envelhece, ele fica melhor. “Anthems of Rebellion” vendeu muito bem nas primeiras semanas de lançamento e hoje é um dos dez álbuns mais vendidos da história da Century Media.
O aniversariante de hoje obteve boas posições em alguns charts ao redor do mundo: 15º na categoria “Álbuns Independentes” da “Billboard“; 60º na Suécia, 83º na França e 97º na Holanda. Quanto a data de lançamento, este play foi lançado em diferentes datas em diferentes locais. No nosso caso aqui, estamos utilizando a data do primeiro lançamento, que ocorreu no Japão.
Já não temos mais a bela Angela Gossow no vocal, sendo substituída pela competente Alissa White-Gluz e na segunda guitarra hoje está o excelentíssimo Jeff Loomis. A banda segue bem, mas saudosista declarado que sou, eu ainda prefiro essa fase aqui, em que eu escutava a banda sueca quase que diariamente. E desejamos longa vida ao Arch Enemy. Eles passaram por cima desta maldita e interminável pandemia e com data definida para o lançamento do vindouro álbum: 12 de agosto sairá “Deceivers” e nós estamos aguardamos com a maior ansiedade.
Anthems of Rebellion – Arch Enemy
Data de lançamento – 23/07/2003
Gravadora – Century Media
Faixas:
01 – Tear Down the Wall
02 – Silent Wars
03 – We Will Rise
04 – Dead Eyes See no Future
05 – Instinct
06 – Leader of the Rats
07 – Exist to Exit
08 – Marching on a Dead End Road
09 – Despicable Heroes
10 – End of the Line
11 – Dehumanization
12 – Anthem
13 – Saints and Sinners
Bônus CD:
01 – Lament of Mortal Soul (ao vivo)
02 – Behind the Smile (ao vivo)
03 – Diva Satanica (ao vivo)
Formação:
Angela Gossow – Vocal
Michael Amott – Guitarra
Cristopher Amott – Guitarra
Sharlee D’Angelo – Baixo
Daniel Erlandsson – Bateria
Participações especiais:
Per Wiberg – Teclado/ Piano
Nick Mallinson – Gritos em “Tear Down the Walls”