Memory Remains

Memory Remains: Black Sabbath – 53 anos de “Paranoid”, o divisor de águas do Heavy Metal

18 de setembro de 2023


O ano de 1970 foi marcado por grandes acontecimentos no mundo: a guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética era a grande ameaça a paz mundial; o Brasil atravessava o período da ditadura militar, que estava no seu período mais violento, com o general Emílio Garrastazu Médici; no esporte, a seleção brasileira conquistava o tricampeonato mundial e a taça Jules Rimet em definitivo, que seria roubada e o ouro derretido, em mais um caso de vergonha mundial proporcionado pelo Brasil. E na parte musical, o Black Sabbath lançava o segundo álbum de sua carreira. “Paranoid“, que é o assunto do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

Após o boom causado pelo disco de estreia, o quarteto de Birmingham fez alguns shows e logo partiram para gravar o segundo álbum, apenas poucos meses depois do lançamento do álbum de estreia. O disco foi gravado em um curto espaço de 5 dias, entre 16 e 21 de junho de 1970, no “Regent Sound” e no “Island Studios”, ambos na cidade de Londres e novamente com a produção a cargo de Rodger Bain. O disco foi lançado pela gravadora “Vertigo”.

Este é considerado pela maioria dos fãs como sendo o melhor dos álbuns do Black Sabbath. E também pudera, em 42 minutos e oito músicas, todas elas se tornaram clássicos não só da banda, mas do estilo que começava a ser moldado. Um novo tipo de som, baseado no Blues com muito peso e algumas partes mais rápidas e que logo logo tomaria conta do Mundo, ganhando adeptos e influenciando pessoas a montar suas bandas e fazer um som rápido e agressivo.

Paranoid” veio para afirmar o Black Sabbath como a banda que seria definitivamente conhecida como a mãe das mães de todas as bandas de Heavy Metal. Todas as outras que surgiram depois, carregam alguma influência dos quatro cavaleiros de Birmingham. Certamente é um dos três discos mais importantes do Heavy Metal e todo headbanger tem a obrigação de ter uma cópia deste play em casa.

Uma curiosidade deste clássico é que inicialmente o título seria “War Pigs” e a capa fora projetada para casar com a ideia deste título em mente, porém, a gravadora se opôs ao título e a explicação mais provável é que o veto se deu por conta da Guerra do Vietnã. Então o disco foi renomeado para o nome como o conhecemos. A história da faixa título é que ela foi a última a ser composta e gravada. O produtor Rodger Bain solicitou uma nova música à banda. Ele achava que o álbum merecia uma faixa extra.

Outro fator curioso é que, na edição estadunidense do play, duas músicas tiveram seus títulos trocados: “War Pigs” virou “Luke’s Wall” e “Fairies Wear Boots” virou “Jack the Stripper“. Apesar de não haver aparente explicação para tal fato, a “War Pigs” nós podemos entender, pois a letra é uma crítica pela maneira que os Estados Unidos conduziram as coisas na Guerra do Vietnã, na qual saiu derrotada. As coisas foram tão atrapalhadas como no caso mais recente de una guerra criada pelos ianques, na retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão, após 20 de anos de lutas que não resultaram em praticamente nada.

Na parte musical, “Paranoid” é direto e sem firulas: temos 8 petardos em 42 minutos de extensão. O aniversariante do dia é uma pérola, pois não há nenhuma música ruim. Algumas, como “War Pigs“, a faixa-titulo, “Iron Man“, “Electric Funeral” e “Faires Wear Boots“, se tornaram hits definitivos da banda e certamente exerceram uma influência que extrapolou gerações. Não a toa, ele é aclamado como o melhor álbum de Heavy Metal da história, seja pelos fãs ou pela crítica especializada.

Paranoid” tem a sua importância e jamais ela será questionada. É um dos álbuns que fazem parte da lista dos “200 Álbuns Definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Em 2017, a revista Rolling Stone elegeu o nosso cinquentão como o melhor álbum de Heavy Metal de todos os tempos. O aniversariante do dia chegou ao topo das paradas britânicas; ficou em 5º na Noruega e 12º na “Billboard”, além de ter sido certificado com Disco de Ouro na Inglaterra, Platina no Canadá e 4 vezes Platina nos Estados Unidos. É o disco mais vendido de sempre na história da banda. São números que impressionam.

E assim temos um disco clássico, que envelhece e envelhece muito bem, obrigado. Mesmo curtinho, ele é certeiro, não tem uma música ruim e além de ser considerado por muitos como o maior disco da carreira do Black Sabbath, é um disco que influenciou e influencia até os dias de hoje. “Paranoid”  pertence ao que podemos chamar de quadrado mágico, que são os quatro primeiros discos da banda que são indispensáveis para qualquer headbanger que se preze. E vou mais além, é um disco que deveria inclusive, ser ensinado nas escolas.

Infelizmente a banda encerrou suas atividades em 2017 e com a deterioração da saúde de Ozzy Osbourne, as esperanças de um retorno do Black Sabbath são praticamente nulas. Então temos este rico legado para preservar. Não fosse por estes quatro cavaleiros de Birmingham, nada do que gostamos atualmente existiria. Eles são o Alfa e o Ômega do Heavy Metal, esse estilo que escolhemos abraçar. Hoje é dia de escutar esse álbum no volume máximo. Para sempre Black Sabbath.

Paranoid – Black Sabbath

Data de lançamento – 18/09/1970

Gravadora – Vertigo

Faixas:

01 – War Pigs

02 – Paranoid

03 – Planet Caravan

04 – Iron Man

05 – Electric Funeral

06 – Hand of Doom

07 – Rat Salad

08 – Fairies Wear Boots

 

Formação:

Ozzy Osbourne – vocal

Tony Iommi – guitarra

Geezer Butler – baixo

Bill Ward – bateria