Memory Remains

Memory Remains: Blind Guardian celebra os 35 anos de “Batalions of Fear”, a pedra fundamental da banda

17 de maio de 2023


Há 35 anos, em 17 de maio de 1988, os alemães do Blind Guardian, que recentemente brilharam na primeira edição do Summer Breeze Brasil, lançavam “Batalions of Fear“, o primeiro álbum da discografia deste quarteto e que é assunto do nosso Memory Remains desta quarta-feira. Vamos contar um pouco da história desse play.

Em meados dos anos 1980 tínhamos algumas excelentes bandas fazendo história na Alemanha: Kreator, Sodom, Destruction, Tankard e Helloween, eram algumas delas. Então quatro jovens da região da Vestfália formaram uma banda, que a princípio fora chamada de Lucifer’s Heritage, isso no ano de 1984.

A banda mudou de nome em 1986 após duas demos gravadas e em 1988 lançou o disco homenageado de hoje. Três músicas presentes aqui estavam na segunda demo que os caras lançaram sob o antigo nome: “Majesty“, “Run for the Night” e “Battalions of Fear“, esta última, que também era o título desta demo. Assinaram com a “No Remorse Records”, um selo pequeno e independente, que possibilitou a projeção da banda.

Para gravar seu debut- album, a banda se juntou ao produtor Kalle Trap e todos adentraram ao “Karo Studio”, na antiga Alemanha Oriental, por onde ficaram por duas semanas entre os meses de outubro e novembro de 1987. Vamos colocar a bolacha para rolar e conferir faixa a faixa deste discaço:

Majesty” abre o disco trazendo uma música rápida e vigorosa, que em certos momentos flerta intensamente com o Thrash Metal. Hansi Kursch mostra uma variação interessante nos vocais, ora mais rasgado, ora mais melódico, assim como os músicos que o acompanham. Essa música nasceu clássica e de vez em quando aparece ainda nos shows da banda. Esta é uma das canções inspiradas na obra “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien.

Guardian of Blind” traz a bateria espetacular de Thomas Stauch e é marcada pela velocidade das guitarras. Essa música é inspirada em um romance de Stephen King, chamado It. “Trial by Archon” é uma curta instrumental e tem riffs de guitarra bem crus e solos melódicos que contrastam de forma excepcional.

Wizards Crown” entra logo em seguida e o ouvinte desavisado acha que ainda está ouvindo a faixa número três, pois ela é na mesma pegada da anterior, guitarras com riffs crus e muita melodia nos solos, com a diferença de que é uma faixa mais rápida do que a strumental, com uma breve mudanca de andamento andamento no refrão. Muito boa. “Run for the Night” chega trazendo mais Speed Metal onde o destaque é o bumbo duplo de Thomas Stauch. As guitarras mantém a mesma linha das anteriores. Uma boa canção.

Aí temos duas músicas um buco mais extensas que as demais: “The Martyr” é bem intrincada e já mostra que os caras do Blind Guardian são capazes de fazer uma música com diversas mudanças de andamento, ainda que prevaleça as palhetadas de guitarras e os riffs cheios de melodia, protagonizados por essa dupla sensacional que é Marcus Siepen e André Olbrich.

A faixa título é outra que ultrapassa os 6 minutos de duração e também é bastante intrincada, com direito a riffs de guitarra à lá Iron Maiden, quando mudam o andamento em algumas partes. Essas duas faixas são as que me amam mais atenção, juntamente com a clássica “Majesty“. “By the Gates of Moria” é uma instrumental e fecha o álbum de maneira épica. Essa é parcialmente baseada em “New World Symphony“, composição de Antonin Dvorák, no ano de 1893.

Temos aí em pouco mais de 33 minutos um excelente álbum de estreia em que o Blind Guardian mostra uma banda apida, melódica e intensa e tudo indicava que as coisas aconteceriam para os caras como de fato foi o que aconteceu. Após o lançamento, o quarteto saiu em turnê, fazendo um total de oito apresentações ao lado da banda Grinder, que também havia lançado seu debut.

A banda mudaria os rumos musicais mais adiante, mas os caras provaram que a Alemanha vivia um ótimo momento no cenário da música nesada. No ano de 2007 “Battalions of Fear” foi relançado com a inclusão da primeira fita demo gravada pelos caras, dos tempos de Lucifer’s Heritage. Uma outra curiosidade acerca do aniversariante do dia é que a versão em vinil apresenta uma colagem completa de fotos e letras das músicas, que acabaram por não entrar na versão em CD.

Com essa estreia fenomenal, o quarteto alemão mostrava que nha muita lenha para queimar e a prova é que a banda está aí na ativa, comemorando os 35 anos do álbum de estreia e recentemente tivemos a oportunidade de acompanhá-los no Summer Breeze Brasil quando eles foram headliners da primeira noite do fest. Desejamos uma longa vida ao Blind Guardian e que venham mais 35 anos.

Battalions of Fear – Blind Guardian

Data de lançamento: 17/02/1988

Gravadora: No Remorse Records

 

Faixas:

01 – Majesty

02 – Guardian of the Blind

03 – Trial by the Archon

04 – Wizard’s Crown

05 – Run for the Night

06 – The Martyr

07 – Battalions of Fear

08 – By the Gates of Moria

 

Formação:

Hansi Kursch – Baixo/Vocal

André Olbrich – Guitarra

Marcus Siepen – Guitarra

Thomas Stauch – Bateria