Há exatos 18 anos, em 23 de maio de 2005, Bruce Dickinson lançava “A Tyranny of Souls“, o sexto e até o momento, último álbum solo lançado pelo vocalista do Iron Maiden. Esse é o tema do nosso Memory Remains desta terça-feira e nós vamos contar um pouco da história desta bolacha.
No ano de 1999, Bruce se viu obrigado a deixar sua carreira solo hibernando. A carreira estava muito bem, e ele decidiu aceitar o clamor popular (e o pedido de Steve Harris) para voltar ao Iron Maiden, uma vez que a passagem de Blaze Bayley não foi das melhores. O retorno à Donzela com um ótimo álbum, “Brave New World” (2000) e a agenda cheia, fizeram com que ele dispusesse de quase nenhum tempo disponível para produzir o sucessor do ótimo “The Chemical Wedding” (1998). E foi neste contexto que Bruce, enquanto viajava com o Maiden, ia recebendo os riffs que seu parceiro Roy Z lhe enviava e ele escrevia as letras e colocava melodias, mandando de volta.
Diferente dos outros álbuns, Bruce Dickinson não tinha uma banda de fundo. Seu parceiro de sempre, Roy Z gravou as guitarras , algumas partes de baixo, além de ser o encarregado da produção, enquanto que os demais instrumentistas eram pessoas que de alguma forma estavam ligadas a Roy Z através de outros projetos. O baixista Ray Burke e o tecladista Maestro Mistheria haviam trabalhado juntos com Roy quando este produziu o álbum “Eyes of Eternity“, de Rob Rock. O baterista Dave Moreno e o baixista Juan Perez na época eram membros do Tribe of Gypsies, banda de Roy. Bruce, por sua vez, gravou suas partes assim que o Iron Maiden terminou a turnê de divulgação do álbum “Dance of Death” (2003).
Certamente o fato de não ter uma banda fixa influiu no resultado final do álbum. Se comparado aos lançamentos anteriores, “A Tyranny of Souls” é um dos trabalhos mais sem brilho da carreira de Bruce Dickinson, ainda que algumas resenhas disponíveis por aí discordem desta afirmação. Mas apesar disso, um álbum com Bruce Dickinson no vocal e Roy Z na guitarra não pode ser subestimado. E temos algumas boas canções aqui, como a Heavy “Abduction“, “Kill Devil Hill”, que tem riffs maravilhosos, ou a balada “Navigate the Seas of the Sun“. É um álbum relativamente curto, 43 minutos. Talvez “The Chemical Wedding” tenha aumentado o sarrafo da carreira solo de Bruce Dickinson, que é inquestionável.
Bruce usou de temas variados para escrever as letras do aniversariante do dia: “Kill Devil Hill” é uma referência aos irmãos Wright, os pioneiros na aviação (sim, caro leitor, infelizmente, eles conseguiram voar antes de Santos Dumont). “Navigate the Seas of the Sun” foi inspirada na teoria defendida pelo escritor suíço Erich Von Däniken, de que seres extraterrestres já haviam visitado o nosso planeta. Para a faixa título, Bruce se inspirou na tragédia McBeth, de Shakespeare, contendo inclusive, citações diretas da peça.
Quem não gostou da empreitada de Bruce Dickinson foi Steve Harris. O baixista e patrão no Iron Maiden sempre foi contra seu vocalista dividir seu tempo entre a banda principal e a carreira solo, mas não estamos falando de qualquer um e sim de um dos maiores vocalistas do Heavy Metal de todos os tempos. Mas Bruce bateu o pé e soltou o álbum, mostrando que consegue se dedicar a dois projetos ao mesmo tempo. Lembrando que ter se lançado em carreira solo foi a razão principal para que Bruce tivesse abandonado o Iron Maiden e quando convidado a retornar, ele poderia muito bem dizer “não, obrigado”, pois sua carreira estava muito bem, melhor até do que o próprio Maiden naquele período.
O álbum teve um bom desempenho nos charts mundo afora: 10° na Finlândia e na Suécia, 24° na Hungria, 34° na Itália, 39° na Alemanha, 58° na Áustria, 65° no Reino Unido, 73° na Suíça, 75° no Japão, 76° na Bélgica, 96° nos Países Baixos, 101° na França e 180° na “Billboard 200”. O álbum não recebeu certificação por vendas, pois foi lançado em uma época que as vendas de discos entraram em queda profunda, somado ao advento da internet, que fez com que os downloads (legais e ilegais) começaram a ser praticados desenfreadamente. Hoje em dia, com as plataformas de streaming, ter uma cópia não só deste, mas de qualquer outro álbum, é item de colecionador. Não houve turnê de divulgação para o álbum.
Hoje é dia de celebrar esse play, que se aproxima dos 20 anos. A carreira solo de Bruce está em marcha lenta, é bem verdade, mas parece estar longe de ter fim. O frontman esteve recentemente fazendo shows pelo Brasil e também fazendo uma palestra no Summer Breeze Brasil, onde declarou que seu próximo álbum virá ano que vem. Ele que teve uma música “surrupiada” por Steve Harris. A faixa em questão é “If Eternity Should Fail“, que o baixista gostou e resolveu usá-la no álbum “The Book of Souls” (2015), mas Bruce tem planos de reaproveitar a música, com algumas mudanças e incluir em seu próximo disco. Enquanto aguardemos, vamos curtir o aniversariante do dia.
A Tyranny of Souls – Bruce Dickinson
Data de lançamento – 23/05/2005
Gravadora – Sanctuary
Faixas:
01 – Mars Within
02 – Abduction
03 – Soul Intruders
04 – Kill Devil Hill
05 – Navigate the Seas of the Sun
06 – River of no Return
07 – Power of the Sun
08 – Devil on a Hog
09 – Believil
10 – A Tyranny of Souls
Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Roy Z – guitarra/ baixo em “Power of the Sun” e “Believil”
Dave Moreno – bateria
Ray Burke – baixo em “Mars Within“, “Kill Devil Hill“, “River of no Return“, “Devil on a Hog” e “A Tyranny of Souls”
Juan Perez – baixo em “Abduction” e “Soul Intruders”
Maestro Mistheria – teclado