Há 30 anos, em 03 de junho de 1994, um Bruce Dickinson, recém-saído do Iron Maiden, lançava “Balls to Picasso“, o segundo álbum de sua muito bem sucedida carreira solo e que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Durante a década de 1990, o Heavy Metal sofria de uma crise de criatividade. Apenas o Metallica com seu “álbum preto” conseguiu algum destaque, antes de Sepultura e Pantera dominarem a vertente mais pesada do Rock. Mas Bruce Dickinson atraia as atenções de todos, pois havia decidido sair do Iron Maiden e apostava em sua carreira solo. E o momento foi bem oportuno, uma vez que o Grunge, movimento que esteve em evidência nos últimos três anos, estaca em decadência e o Poppy Punk começava a fazer sucesso, tendo bandas como Green Day, The Offspring, Rancid e Pennywise catapultando tal sucesso. Bruce, claro, queria a sua fatia. E conseguiram com este play.
O primeiro álbum passou quase que despercebido, então, Bruce iniciou os trabalhos para este segundo álbum antes mesmo de deixar a Donzela de ferro. Ele se juntou a banda britânica chamada Skin e iniciou os trabalhos, porém, não ficou satisfeito com os resultados alcançados. Ele fez uma segunda tentativa, desta feita com o produtor Keith Olsen, no qual muitas músicas foram gravadas, inclusive uma versão para “Tears of the Dragon” e “Man of Sorrows“, que entraria anos mais tarde, no álbum “Accident of Birth” (1997). Bruce também abortou esse projeto e se juntou ao guitarrista Roy Z e sua banda, o Tribe of Gypses e finalmente, essa versão de “Balls to Picasso” que conhecemos foi ganhando forma.
Com a banda certa no momento certo, eles foram gravar as versões definitivas das dez faixas que estão presentes no aniversariante do dia. Para isso, eles se juntaram ao produtor Shay Baby e alguns estúdios foram utilizadas para o registro: o Metropolis Studios, em Londres foi utilizado para o registro dos vocais e guitarras; a bateria foi gravada no Townhouse & Battersea, também em Londres. O baixo foi gravado no Westside Studios, em Londres. A exceção é a faixa “Shooot All the Clowns“, que foi gravada em Los Angeles, mais precisamente no Silvercloud. A masterização aconteceu no Masterdisk, em Nova Iorque.
O álbum deveria se chamar “Laughing in the Hiding Bush“, segundo entrevista que Bruce Dickinson concedeu anos mais tarde. E ele se arrependeu de não ter dado esse título ao álbum. Para a capa do álbum, Storm Thorgeson foi chamado para desenhar, porém, a arte final acabou virando capa do álbum “Stomp 442“, do Anthrax. A razão para tal fato foi a falta de dinheiro para pagar pela obra. Então, o resultado é aquela capa bem simples que a gente vê, com a foto de um Bruce Dickinson ainda cabeludo e ao fundo, dois quadrados desenhados em uma parede de banheiro.
Embora bem pesado em grande parte do tempo, Bruce Dickinson admitiu tempos depois em uma entrevista que ele e Roy Z foram convencidos a gravar o álbum menos pesado do que ele realmente deveria ser. Imaginemos como seria ainda mais impactante se o peso original tivesse sido mantido. Como não dá para sabermos o resultado, fiquemos com o que temos aqui no nosso novo trintão. São dez faixas em 51 minutos. Nenhuma faixa pode ser desprezada. Temos músicas pesadas como “Cyclops“, “Hell No“, “1000 Points of Light“, “Laughing in a Hiding Bush” e “Fire“, tem também uma bela balada, “Change of Heart“, e também uma música com muito swing, “Shoot All The Clowns“, e, claro, a cereja do bolo, “Tears of the Dragon“, a faixa que estourou e fez a lenda do Heavy Metal se tornar popular.
“Balls to Picasso” foi bem recebido por crítica e público e nos charts a redor do mundo, o álbum teve relativo sucesso: 6° na Finlândia, 8° na Suécia, 21° no Reino Unido, 26° na Áustria, 29° na Suíça, 46° na Alemanha e Hungria, 82° na Holanda. Até na “Billboard 200” ο álbum surgiu, ocupando a 185ª posição. Os singles “Tears of the Dragon” e “Shooot All the Clowns“, obtiveram certo sucesso também, tendo o primeiro obtido um 6º lugar na Finlândia e um 20° no Reino Unido, enquanto que o segundo conseguiu um 20° na Finlândia e um 27° no Reino Unido.
A partir de então, a carreira de Bruce alavancou e mesmo “Skunkworks“, o álbum subsequente, não sendo muito bem compreendido, o frontman iria construir uma consolidada carreira solo, e diferente do Iron Maiden que patinava com Blaze Bayley sendo o cara errado na hora errada. Bruce voltou ao Iron Maiden e hoje está conciliando as duas empreitadas, tendo inclusive, lançado o seu mais recente álbum, “The Mandrake Project” e passado pelo Brasil com diversos shows e entrevistas. Hoje é dia de celebrar esse álbum que envelhece muito bem. Vamos escutá-lo no volume máximo.
Balls to Picasso – Bruce Dickinson
Data de lançamento 03/06/1994
Gravadoras – EMI/ Mercury
Faixas:
01 – Cyclops
02 – Hell no
03 – Gods of War
04 – 1000 Points of Light
05 – Laughing in a Hiding Bush
06 – Change of Heart
07 – Shooot All the Clowns
08 – Fire
09 – Sacred Cowboys
10 – Tears of the Dragon
Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Roy Z – guitarra
Eddie Casillas – baixo
Dave Inghram – bateria
Participações especiais:
Dough Van Booven percussão
Dean Ortega – vocal adicional
Mario Aguillar – percussão em “Shooot All the Clowns”
Dickie Fliszar – bateria em “Tears of the Dragon”
Richard Baker – piano