Memory Remains

Memory Remains: Cannibal Corpse – 20 anos de “The Wretched Spawn” e a despedida de Jack Owen

24 de fevereiro de 2024


Há exatos vinte anos, em 24 de fevereiro de 2004, o Cannibal Corpse lançava “The Wretched Spawn“, o nono álbum dos reis do Death Metal e que é assunto do nosso Memory Remains deste sabadão. Venha conosco que iremos vos contar um pouco das histórias deste álbum.

A banda entrou nos anos 2000 mantendo a pegada brutal, mas lapidando a parte técnica: “Bloodthirtst” e “Gore Obsessed” já traziam um esboço disso, mas aqui no disco aniversariante, essa técnica mais apurada se faz latente, atingindo o ápice, que perduraria alguns álbuns seguintes, com os caras apenas mantendo a receita que deu muito certo.

O aniversariante do dia é marcado pela arte da capa, que fora a última a retratar cenas de violência grotesca, que a banda resolveu dar uma pausa somente pelos dois álbuns seguintes, já que em “Torture” (2012), eles voltariam a atormentar a todos com as imagens doentias (e lindas) em suas capas. Como (quase) sempre, a capa fora censurada e uma versão alternativa foi impressa para que o disco pudesse ser exposto nas lojas

Jack Owen, que gravaria seu último álbum coma banda que ajudou a formar, foi o responsável pela autoria de quatro das letras, enquanto que Alex Webster escreveu as letras de seis canções. As três restantes foram escritas pelo baterista Paul Mazurkiewicz. Certa vez, Owen explicou sobre o que se tratavam as suas composições e nós vamos aqui abrir aspas para essa lenda do Death Metal:

Para músicas como ‘Nothing Left to Mutilate’ e ‘Decency Defied’, procurei amigos em busca de ideias que eles tivessem. ‘Decency [Defied]’ foi baseado em um amigo que teve um pesadelo em que suas tatuagens estavam sendo arrancadas enquanto ela ainda estava vivo. “Nothing Left [to Mutilate]” foi baseada em ideias de um amigo que estava estudando feromônios na faculdade, e me contou tudo sobre como o cheiro de uma mulher deixa os homens loucos “Slain” foi baseada no filme de Eastwood High Plains Drifter . E “Festering in the Crypt” é minha própria idéia de lidar com a finalidade da morte.”

Então os caras se juntaram mais uma vez ao renomado produtor Neil Kermon (Nevermore, Judas Priest, Flotsam & Jetsam, Queensryche, etc…), que já havia produzido o álbum “Gore Obsessed“, além do EP “Worm Infested” e assim todos foram ao “Sonic Ranch Studios”, em Tornilo, Texas, onde ficaram trancafiados entre os meses de outubro e novembro de 2003 para registrar essa belezura.

O play é composto de 13 faixas e tem duração de 44 minutos. O nível das composições aqui impressiona, pois estamos falando da época em que a banda começava a deixar aflorar o virtuosismo. Riffs de guitarra assombrosos de tão bons e pesados, as linhas de baixo de Alex Webster são incrivelmente técnicas, como podemos ver no vídeo abaixo, quando ele gravou a ótima “Frantic Disembowelment“.

As seis primeiras músicas são avassaladoras e a sensação que temos é de ter sido atropelado por uma carreta desgovernada, enquanto desce de uma ladeira. É um álbum que impressiona por não ter uma música ruim sequer e é super agradável de se ouvir. Quando termina, o ouvinte só quer colocar para tocar novamente. Músicas como “Decency Defied” e a própria faixa título vez por outra aparecem nos shows que a banda faz nos dias atuais.

Nos Charts, o álbum chegou ao posto de número 74 na Alemanha; na França, ocupou a posição de número 136 3 na “Billboard”, brilhou em duas subcategorias: ficou em vigésimo na categoria dos “Álbuns Independentes dos Estados Unidos” e em vigésimo-sétimo na categoria “Heatseekers”.

Este foi o último registro do guitarrista e um dos fundadores da banda, Jack Owen, que sairia ainda em 2004, pouco tempo depois do lançamento. Enfim, a obra é sensacional e aqui eu encerro este texto, desejando longa vida à “The Wretched Spawn“, que com seus pouco mais de 44 minutos de duração. envelhece muito bem, assim como os reis do Death Metal, que hoje conta com Erik Rutan no lugar de Pat O’Brien, dispensado depois daquele papelão que fez ao atear fogo na própria casa e invadir a casa dos vizinhos.

Hoje é dia de celebrar os vinte anos desse belo petardo, escutando-o no volume máximo. Duas décadas que se passaram tão rapidamente, parece que foi ontem. O Cannibal Corpse é de longe a maior banda de Death Metal da atualidade e felizmente eles seguem na ativa, gravando álbuns e saindo em turnês. Desejamos uma longa vida para essa banda maravilhosa.

The Wretched Spawn – Cannibal Corpse

Data de lançamento: 24/02/2004

Gravadora: Metal Blade Records

 

Faixas:

01 – Severed Head Stoning

02 – Psychotic Precision

03 – Decency Defied

04 – Frantic Disembowelment

05 – The Wretched Spawn

06 – Cyanide Assassin

07 – Festering in the Crypt

08 – Nothing Left to Mutilate

09 – Blunt Force Castration

10 – Rotted Body Landslide

11 – Slain

12 – Bent Backwards and Broken

13 – They Deserve to Die

 

Formação:

George “Corpsegrinder” Fischer – vocal

Jack Owen – guitarra

Pat O’Brien – guitarra

Alex Webster – baixo

Paul Mazurkiewicz – bateria