Na semana em que o Cannibal Corpse anunciou que seu novo álbum será lançado em setembro deste ano, temos um álbum dos primórdios da banda apagando as velinhas. Em 30 de junho de 1991, o quinteto de Buffalo, radicado em Tampa, lançava “Butchered at Birth“, o segundo álbum da carreira dos reis do Death Metal. Esse discaço é tema do nosso Memory Remains desta sexta-feira.
“Butchered at Birth” se tornaria um marco na carreira da banda, tudo porque eles começavam a transição do Thrash Metal que fora bastante explorado no disco de estreia (N. do R: e com direito a citação ao clássico álbum do Sepultura, “Beneath the Remains“, como influência direta), para o Death Metal brutal e com algum rascunho da tecnicidade que a banda adotaria em suas composições anos mais tarde.
Este álbum é adorado por uma legião de fãs, sobretudo os mais old-school. E eles tem razão. Aqui nasceram alguns clássicos da banda como “Meat Hook Sodomy“, “Gutted“, “Covered With Sores”, “Vomit the Soul”, algumas destas que ainda são executadas ao vivo nos dias atuais, provando que é um disco que o tempo fez questão de mantê-lo atual e que por isso merece a homenagem que recebe hoje.
Então Chris Barnes, Alex Webster, Paul Mazurkiewicz, Jack Owen e Bob Rusay se juntaram ao produtor Scott Burns, que já havia produzido o debut da banda, e no mesmo “Morrisound Studios” localizado em Tampa, Flórida, local onde foram produzidos grandes clássicos do Metal e de lá saíram com essa pérola nas mãos.
E em pouco mais de 36 minutos, o que temos aqui é uma banda competente, quebrando tudo com um estilo que se tornaria bem popular e único naquele canto dos Estados Unidos, mais precisamente na região de Tampa: o Death Metal. Então vamos colocar a bolacha para rolar e destrinchar as nove faixas que compõem essa belezura, que fora banida da Alemanha por conta de sua capa, tão bela quanto horripilante, quanto por suas letras, tão belas quanto diálogos no Instituto Médico Legal.
E “Meat Hook Sodomy” já traz a banda migrando do Thrash Metal que foi a tônica de “Eaten Back to Life“, o álbum de estréia, para o Death Metal. A introdução dela é chata, com uns ruídos estridentes e irritantes, mas com paciência, ela se transforma em uma música potente e digna de um belo moshpit. Eu tenho um carinho por esse som, pois eu a conheci no primeiro play dos caras que escutei, o “Live Cannibalism“. Confesso que de cara eu não curti. Mas aprendi a gostar dela com o tempo
“Gutted” é certamente uma das minhas favoritas da carreira da banda, um som que ainda traz as influências do Thrash Metal, pelo menos nas guitarras, porque Paul Mazurkiewicz com seus blast-beat’s já está firme e forte no Death Metal. Essa foi outra música que conheci no álbum ao vivo e diferente da anterior, eu gostei desta música. Ela é rápida, pesada, ríspida e agressiva. Perfeita. “Living Dissection” apesar de bruta, é uma música em que os integrantes da banda mostram que tem técnica para dar e vender, dada a complexidade e mudança de andamento no decorrer da música, ainda que o solo seja “apenas fritacão”, os riffs são excelentes.
“Under The Rotten Flesh” traz a banda executando um Death Metal de forma brutal e com as mudanças de andamento que iriam caracterizar as composições do Cannibal Corpse até hoje. Os riffs, embora simples, são sensacionais. E as partes rápidas desafiam o pescoço do ouvinte. Um petardo. Riffs pesados, arrastados, sombrios e sensacionais abrem outra das músicas que conheci no álbum ao vivo dos caras e que me chamaram atenção logo na primeira audição: “Covered With Sores“, que logo vira um Death Metal mais pútrido. E os guturais de Chris Barnes ajuda e muito no clima desta sonzera.
“Vomit the Soul” tem a participação de Glen Benton (Deicide) e essa música já mostra uma capacidade gigantesca da banda em suas composições, dadas as várias mudanças em seu andamento, que começa arrastada, depois com a quebradeira do Death Metal, passando para riffs mais cavalgados, voltando à parte mais arrastadona, incluindo aí um solo à velocidade da luz. Perfeita, sob todos os aspectos.
A faixa título tem em Paul Mazurkiewicz o seu regente. É ele quem dita os rumos desta faixa que é muito brutal. Nossa sorte é que Jack Owen e Bob Rusey são competentes à altura e nos brindam com riffs absurdos de sensacionais. E os caras fazem tudo isso em menos de três minutos, a faixa mais curta deste petardo. “Rancid Amputation” é podre, grotesca, agressiva… E o fã de Cannibal Corpse sabe que esses adjetivos nunca irão soar como pejorativos. Excelente som.
“Innards Decay” é outra faixa que casa perfeitamente a velocidade brutal com partes mais cadenciadas onde a palhetada aqui faz a total diferença. E os bumbos duplos de Mazurkiewicz também dão o ar da graça por aqui. Outro som indispensável e que fecha com chave de ouro um álbum irrepreensível e que beira a perfeição.
Enquanto fazia a audição deste disco para escrever estas linhas até o caro leitor, eu pensava na produção do disco, que é uma coisa que poderia ser melhor, dada a qualidade alcançada nos discos atuais deste quinteto. Porém, eu acabei concluindo que é perfeitamente compreensível a produção não ser das melhores, pois estávamos no longínquo ano de 1991 e isso era o melhor que as bandas e produtores conseguiriam em termos de qualidade sonora. E no final das contas, acabou sendo melhor assim, pois esse disco é lindo do jeito que é, sem nada a tirar e tampouco nada a acrescentar. E é por isso que estamos aqui a enaltecer os seus 32 anos de lançamento. Hoje é dia de escutar esse álbum no volume máximo e enquanto o dia 23 de setembro não chega para o lançamento de “Chaos Horrific“, vamos desejando longa vida ao nome mais relevante dentre as bandas de Death Metal.
Butchered at Birth – Cannibal Corpse
Data de lançamento – 30/06/1991
Gravadora – Metal Blade Records
Faixas:
01 – Meat Hook Sodomy
02 – Gutted
03 – Living Dissection
04 – Under the Rotten Flesh
05 – Covered With Sores
06 – Vomit the Soul
07 – Butchered at Birth
08 – Rancid Amputation
09 – Innards Decay
Formação:
Chris Barnes – Vocal
Jack Owen – Guitarra
Bob Rusey – Guitarra
Alex Webster – Baixo
Paul Mazurkiewicz – Bateria