Abril parece ser o mês favorito para o Cannibal Corpse, pois foi no quarto mês do ano que a banda lançou três de seus álbuns. Dia 11 falamos aqui sobre “The Bleeding“, dia 16, foi a vez de “Violence Unimagined” e hoje, dia 21 é dia de celebrarmos as bodas de prata de ‘Gallery of Suicide“, o 6° álbum da vasta carreira dos reis do Death Metal.
Em “VILE“, álbum anterior e que marcou a estreia do vocalista George “Corpsegrinder” Fischer, a banda pela primeira vez figurou nas paradas da “Billboard“, quando ocupou a posição de número 151. A banda havia lançado um VHS (quem tem menos de 30 anos não sabe a nossa luta que era para assistir vídeos em fitas analógicas com qualidade pífia de som imagem) contendo apresentações da banda na Polônia, Canadá e Estados Unidos, durante a tour com o vocalista debutante.
Se em sua estreia, George parecia uma perfeita escolha para substituir o icônico Chris Barnes, no aniversariante do dia ele se mostra ainda mais mortal. E a banda, claro, o acompanha no mesmo nível. Era o início da transição sonora da banda, que se tornaria ainda mais brutal e técnica nos anos 2000. Em “Gallery of Suicide“, o ouvinte ainda percebe a mesma vibe que a banda trouxe em seu álbum anterior, mas já com pistas do futuro novo direcionamento musical.
O álbum também marcava a estreia do excelente guitarrista Pat O’Brien, que vinha do Nevermore e estava a substituir Rob Barrett, que saíra após o lançamento de “VILE“. E O’Brien viria somente para acrescentar. Assim ele realizava o seu sonho que era de um dia fazer parte do Cannibal Corpse. Sonho este que ele mesmo destruiu quando surtou e saiu quebrando a própria casa e queimando as casas dos vizinhos, sendo preso, em 2018. Com isso, ele acabou perdendo a vaga para Erik Rutan, que hoje faz dupla com… Rob Barrett. Coisas da vida.
E na companhia do produtor Jim Morris, a banda retornava ao tradicional estúdio “Morrisound Recordings“, em Tampa, Flórida, de onde saíram com este verdadeiro petardo, uma amostra de que eles estavam no melhor de suas formas. Vamos como de costume passear pelas 14 faixas presentes neste discaço.
Nas três primeiras músicas, os caras já chegam chutando a porta e avisando que não estão para brincadeira. A rápida, ríspida, crua, curta e direta “I Will Kill You” é simplesmente sensacional, da mesma forma que a igualmente rápida, ríspida, crua e ainda mais curta “Disposal of the Body” também não fica atrás e a já mais cadenciada “Sentenced to Burn” que fica um pouco mais rápida do meio para o final, são amostras de que aquele era um verdadeiro candidato ao melhor álbum do ano de 1998.
“Blood Drenched Execution” é outra das minhas favoritas, onde a banda retorna violenta após a “pausa” da música anterior. Destaque para os gritos insanos de George Corpsegrinder e para a bateria hipnotizante de Paul Mazurkiewicz. A faixa título chega com uma intro bem arrastada, que dá aquele tom de horror. E esse clima segue até o refrão, onde a coisa descamba para a pancadaria sonora. Meu destaque aqui nesta linda música é o solo, muitíssimo bem executado pelo magistral Jack Owen.
“Dismembered and Molested” é crua, tosca, linda. Quebradeira total do início ao fim. Já “From Skin to Liquid” trata-se da primeira faixa instrumental gravada pela banda, é uma faixa mais arrastada, que dá uma pequena pausa aos nossos pescoços. “Unite the Dead” é aquela faixa que a banda costuma compôr, cheia de mudanças de andamento. Começa veloz e agressiva, dá aquela quebrada no meio e retorna violenta ao extremo. “Stabbed in the Throat” mantém a mesma fórmula da música anterior, alternando partes rápidas com mais cadenciadas.
“Chambers of Blood” tem ótimos trabalhos de guitarra, sobretudo nas estrofes, em que o andamento não é rápido. Mas se o ouvinte sentir falta da velocidade típica da banda, esta marca sua presença no refrão. “Headless” devolve ao disco aquela velocidade extrema do início ao fim. Lindo esse som, “Every Bone Broken” é pesada, densa, agressiva, boa para se escutar quando está com ódio. E aqui quem brilha, é a fera das cinco cordas, Alex Webster.
A bolachinha vai chegando ao final com “Centuries of Torment“, uma música que é bem densa na sua intro, mas logo dá lugar a agressividade e brutalidade, coisas corriqueiras em se tratando de Cannibal Corpse. E o final chega épico, da mesma forma que se iniciou, com a pedrada chamada “Crushing the Despised”, aqui, ganhando mais uma vez o brilho de Alex Webster, dando seu espetáculo na intro. E a pancadaria segue solta nessa faixa curta e extremamente grossa.
Em 44 minutos temos um álbum simplesmente irrepreensível, ainda que a produção ainda seja um pouco crua, em comparação aos discos mais recentes, isso foi uma coisa que eles vieram aperfeiçoando ao longo dos tempos. A banda saiu em turnê, que não foi muito longa, pois logo logo eles estavam reunidos para gravar e lançar o sucessor, “Bloodthirst“, mas isso é assunto para outro momento, pois hoje é dia de celebrar essa data. Parece que foi ontem, foi só piscar os olhos e o Cannibal Corpse está comemorando 25 anos de “Gallery of Suicide”. Hoje é dia de aproveitar o feriadão, escutando esse álbum de cabo a rabo, no volume máximo. E vamos agradecer pela banda estar na ativa, alegrando nossos corações com sua música pesada e brutal, com letras que fazem nos sentirmos no IML. É filme de terror em forma de música.
Gallery of Suicide – Cannibal Corpse
Data de lançamento – 21/04/1998
Gravadora – Metal Blade Records
Faixas:
01 – I Will Kill You
02 – Disposal of the Body
03 – Sentenced to Burn
04 – Blood Drenched Execution
05 – Gallery of Suicide
06 – Dismembered and Molested
07 – From Skin to Liquid
08 – Unite the Dead
09 – Stabbed in the Throat
10 – Chambers of Blood
11 – Headless
12 – Every Bone Broken
13 – Centuries of Torment
14 – Crushing the Despied
Formação:
George Corpsegrinder Fischer – Vocal
Jack Owen – Guitarra
Pat O’Brien – Guitarra
Alex Webster – Baixo
Paul Mazurkiewicz – Bateria