Memory Remains

Memory Remains: Carcass – 32 anos de “Necroticism – Descanting the Insalubrious” e o início da transição do Splatter para o Death Metal Melódico

30 de outubro de 2023

Há 32 anos, em 30 de outubro de 1991, o Carcass lançava o terceiro álbum de sua carreira. “Necroticism – Descanting the Insalubrious” é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

Esse álbum marca a estreia da formação que seria considerada como clássica do Carcass, tendo o guitarrista Michael Amott. Ele ficaria apenas neste e em “Heartwork“, o grande clássico da banda, que completou 30 anos em 18 de outubro, e caso você tenha perdido, nós falamos dele AQUI. Em “Necroticism“, há o processo evolutivo do som do banda, onde eles transitam do Death Metal Old-School para o que viramos a chamar de Death Metal melódico. Podemos perceber essa transição nesse play.

O álbum anterior, “Symponies of Sickness“, lançado em 1989 é um clássico do Death Metal e admirado ainda hoje pelos fãs de banda, que resolveu em “Necroticism” inovar ainda mais em sua sonoridade. Para isso, a banda se juntou novamente ao produtor Colin Richardson e todos foram para o “Amazon Studios”, em Sinonswood, Reino Unido.

Em relação a sonoridade, tanto Jeff Walker quanto Ken Owen deram declarações discordando do rótulo de Grindcore dado ao play; Owen admite o inegável, há a forte influência do Death Metal e isso é natural, é do instinto da banda desde sempre, porém, ambos preferiram dar ao álbum o rótulo de “Progressivo”. Eles têm relativa razão, pois o álbum já começa a mostrar elementos técnicos e até mesmo melódicos, o que haveria de ser mais definitivo a partir de “Heartwork“, ainda que o leitor pense em discordar deste redator, ao dizer que o belo “Swansong” é um álbum completamente diferente de tudo que o Carcass havia feito, nos brindando com um belo disco de Death ‘n’ Roll. Mas “Necroticism” é um belo passo rumo às canções mais técnicas e intrincadas, misturadas à brutalidade habitual apresentada pela banda.

Botando o play para rolar, temos oito músicas em 48 minutos, algumas eternizadas como clássicas do Carcass. São os casos de “Corporal Jigsore Quandary“, “Carneous Cacoffiny” e “Incarnated Solvent Abuse“, “Inpropagation ” e “Pedigree Butchery“. Estas duas últimas, inclusive, eram composições antigas. Em um primeiro momento, foram compostas como instrumentais e tocadas em ensaios, isso no ano de 1987. Quatro anos depois, os caras aprimoraram-nas e as músicas se tornaram essa grandeza que é. “Necroticism – Descanting the Insalubruous” se não é o melhor disco de Metal extremo de 1991, é o segundo melhor, talvez empatado com “Human“, do Death.

O álbum foi relançado durante diversas oportunidades e em algumas delas, ganhou três faixas bônus: “Tools of the Trade“, “Pyosified (Still Rotten to the Gore)” e “Hepatic Tissue Fermentation“. A maioria desses relançamentos foi pela Earache Records e o mais recente foi nesse ano, precisamente no primeiro dia de julho, saiu em edição limitada em vinil de 12 polegadas.

“Necroticism” foi muito bem recebido, tendo obtido críticas positivas de veículos como a “Kerrang!“. A Metal Storm, por sua vez, deu nota 9,6 ao álbum e disse que esse é um item que deveria ser obrigatório em qualquer coleção de um metalhead que se preze, seja ele fã de uma sonoridade mais melódica ou extrema. No ano de 2005, o livro “Rock Hard Magazine” classificou o álbum na posição 294 dentre os 500 melhores discos de Rock e Metal de todos os tempos. Em setembro do mesmo ano, a revista estadunidense “Decibel” colocou o álbum em seu Hall of Fame, sendo o oitavo álbum a ser alçado a esse status.

Felizmente o Carcass segue em plena atividade, depois de ter dado uma pausa de onze anos. Hoje é dia de celebrar esse discaço, escutando-o no volume máximo, enquanto aguardamos o nosso novo encontro com a banda, no dia 28 de abril, último dia da segunda edição do Summer Breeze Brasil. Longa vida aos mestres do Death N’ Roll.