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Memory Remains: Claustrofobia – 10 anos de “Peste”, um disco 100% brutal e brasileiro

Memory Remains: Claustrofobia – 10 anos de “Peste”, um disco 100% brutal e brasileiro

4 de dezembro de 2021


Na última terça-feira, primeiro dia de dezembro, os paulistanos radicados em Nevada do Claustrofobia comemoraram os dez anos do lançamento de “Peste“, o quinto álbum do hoje Power-Trio e que é tema do nosso Memory Remains tardio desta segunda-feira.

A banda vinha do ultrapesado “I See Red“, que havia sido muito bem recebido. Neste play, a banda inclui versões para Sepultura (“Beneath the Remains“) e Ultraje a Rigor (“Filha da Puta“) e para “Peste“, a ideia era inovar ainda mais, fazendo um disco 100% cantado em nossa língua mãe. Nos discos anteriores, a banda sempre colocava ao menos uma música em português e dessa vez o tiro foi certeiro, até porque muitos acham que o Metal cantado em língua portuguesa não soa bem.

Esse é o último álbum a contar com o guitarrista Alexandre de Orio, que seria depois substituído por Douglas Prado, que também deixaria a banda tempos depois, que sr estabilizaria como um Power-Trio. Então o quarteto escolheu o Da Tribo Studio, localizado na capital paulistana, onde o álbum foi gravado, mixado e masterizado, tendo a companhia de Ciero, que assina a produção. O álbum é tão genuinamente brasileiro que a faixa 6,66 conta com bateria de samba misturado aos riffs do guitarrista Marcus D’Angelo. Vamos passear pelas dez faixas que fazem parte desse verdadeiro petardo.

A faixa título abre a obra de maneira apoteótica, com direito a muito peso, brutalidade e caos. Com um refrão que gruda na cabeça, não há como você não cantar os versos “É pior que febre/ Claustrofobia é peste”! Início fantástico. A sequência de pedradas se sucede com “Metal Maloka“, que se desenvolve com muito peso e Groove, ótimos riffs de guitarra e no final, o pau canta solto com a música ganhando velocidade e sendo bastante convidativa a um moshpit violento. Genial.

Bastardos do Brasil” é outra faixa que ajuda a manter o nível do álbum nas alturas. Com uma letra que fala verdades sobre bom parte do povo fútil brasileiro que acha que tudo se resume a uma bunda de mulher. E Marcus D’Angelo diz que o futuro não se resume nisso. 6,66 é a faixa inusitada que une samba e Heavy Metal e ainda que o samba seja um estilo musical chato, a mistura caiu muito bem. Claro que vai ter aquele chato que vai tentar ridicularizar a banda, mas o Claustrofobia é muito mais que isso.

Pinu da Granada” é de longe a melhor faixa do álbum, com seu ritmo mais arrastadão e com muito Groove, tendo espaço para inclusão de partes mais rápidas, que deixam a música ainda mais agressiva letal. Esse som é fora de série. “Alegoria do Sangue” é pesada, suja, trabalhada. Bicho Humano é rápida, bruta, mortal e flerta com o Death Metal.

Courtney Ware/Divulgação

Vida de Mentira” é Grooveada, com andamento arrastado, traz um peso absurdo e um recado no refrão que faz muito bolsomínion se identificar. “Caosfera” é outra que pertence ao rol das preferidas deste redator que vos escreve, é outra que traz mais Groove e tem uma pegada mais que interessante. Viva fecha o play com muito peso e uma letra que traz um pouco de positividade, em meio a tanto caos e rancor que o álbum trouxe nas letras anteriores.

São apenas 34 minutos de muita agressividade, peso, distorção em um disco de música estrangeira mas que ficou 100% brasileiro. Em minha opinião, trata-se do melhor disco do Claustrofobia e é uma prova de que um disco de Metal Extremo pode ser sim, muito bom sem necessariamente cantado em inglês com aquelas palavras clichês as quais estamos acostumados.

Depois disso o Claustro só cresceu, foi assumindo o protagonismo no underground brasileiro, se tornando uma das maiores bandas de Thrash Metal da atualidade e o maior reconhecimento se deu na edição de 2019 do Rock in Rio, quando a banda se apresentou no palco Sunset ao lado de Nervosa, Torture Squad, Anthrax e Slayer, além de ter feito uma Jam com Chuck Billy no mesmo palco e dois dias antes, foi a banda de abertura do Slayer, no show de São Paulo, aquele mesmo show onde a organização de maneira patética, orientou que os headbangers não fizessem os moshpits, obviamente que o pedido foi em vão. Atualmente os caras estão em carreira internacional, levando a bandeira do Brasil pelos Estados Unidos e fica a nossa torcida para que essa carreira decole, pois os caras têm talento e gana de vencer.

Hoje é dia de celebrar esse discaço. O Claustrofobia perdeu a segunda guitarra, mas por incrível que pareça, a banda hoje está muito mais pesada e brutal do que quando era um quarteto. Eu tive a oportunidade de acompanhar a banda in loco por duas oportunidades e posso comprovar que os caras estão cada vez mais afiados e matadores em cima dos palcos. Desejamos uma longa vida ao Claustrofobia e vamos celebrar os dez anos de Peste botando ele para tocar, de preferência no volume máximo, enquanto aguardamos o vindouro play dos caras, “Unleeched“, a ser lançado em 11 de março de 2022

Peste – Claustrofobia
Data de lançamento – 01/12/2011
Gravadora – Sangre

Faixas:
01 – Peste
02 – Metal Maloka
03 – Bastardos do Brasil
04 – Nota 6,66
05 – Pinu da Granada
06 – Alegoria do Sangue
07 – Bicho Humano
08 – Vida de Mentira
09 – Caosfera
10 – Viva

Formação:
Marcus D’Angelo – vocal/ guitarra
Caio D’Angelo – bateria
Alexandre de Orio – guitarra
Daniel Bonfogo – baixo