Em 21 de março de 1995, o Death lançava o seu sexto disco de estúdio. “Symbolic” se tornaria o mais importante álbum da carreira da banda e é assunto do nosso Memory Remains desta terça-feira, a primeira deste outono com cara de verão. Vamos contar um pouco da história desse álbum, um verdadeiro cult do Death Metal.
O aniversariante de hoje é bastante emblemático, muito por conta do ganho que a banda obteve, com uma produção bem melhor em relação aos álbuns anteriores, o que deixou mais nítido o som e torna a sua audição bem mais agradável. “Symbolic” é por vezes apontado como um álbum de Death Metal Técnico ou até mesmo de Death Metal Melódico.
Nova mudança na formação, desta vez entra o baixista Kelly Conlon entrava para ocupar o posto deixado por Steve DiGiorgio. A mudança não seria tão significativa, pois o novo dono da vaga manteria a qualidade e ajudaria a imprimir um peso ainda maior no som da banda. Andy LaRocque também estava de saída, pois não tinha espaço na agenda para conciliar sua agenda no Death e também com King Diamond e acabou dando lugar para Bobby Koelble. É também o único álbum do Death a contar com estes dois membros, além de marcar a despedida do baterista Gene Hoglan, que havia gravado também o álbum anterior, o não menos maravilhoso “Individual Thought Patterns“.
Assim sendo, o quarteto se reuniu mais uma vez no icônico “Morrisound Recording”, em Tampa, Florida, com produção assinada por Chuck Schuldiner e Jim Morris, onde esta obra-prima foi gravada. A masterização ocorreu no “Sterling Sound“, em Nova Iorque. Vamos comentar, faixa a faixa, como o leitor já está habituado.
A faixa título abre de forma magistral essa obra. A música que nasceu clássica e talvez seja a maior música da banda, conta com riffs poderosos, tanto nas partes rápidas quanto nas mais cadenciadas. Não poderia haver abertura melhor. “Zero Tolerance” tem uma mescla de riffs melódicos e pesados, além de flertes com o Prog Metal. Muito boa também
“Empty Words” tem uma intro bastante harmoniosa que logo dá lugar a riffs pesados e densos, alguns dos melhores deste disco, se é possível eleger algum como o melhor, já que todos são de um nível altíssimo. “Sacred Serenity” traz em sua intro um belo trabalho da cozinha, ótimas linhas do baixista Kelly Conlon e logo depois Chuck Schuldiner entra com seus riffs destruidores em uma música com uma atmosfera bem progressiva.
“1,000 Eyes” é um pouco mais agressiva e as guitarras dão o ritmo, ora imprimindo peso, ora com inclusão de muita melodia, especialidade do imortal Chuck Schuldiner nas seis cordas. E o final apoteótico com o show de Gene Hoglan em seu bumbo duplo. “Without Judgement” dá sequência a exibição de riffs extremamente técnicos sem deixar de lado o peso e a agressividade que a banda sempre se propôs a apresentar. E a música torna-se épica quando ganha velocidade, mesmo que de forma breve.
“Crystal Mountain” é uma música interessante. Ela começa mais voltada ao Hard Rock, mas como Chuck gostava de “complicar” as coisas, ele meteu no meio uns riffs mais pesados e bastante melodia no meio, mas ao final tudo volta como começou, desta vez com a inclusão de belas passagens de violão que encerram a música. Excelente. “Misanthrope” começa bem rápida e ríspida, sofrendo mudanças de andamento, onde brilha a participação de Gene Hoglan, um baterista sensacional.
“Perenial Quest” encerra a obra com ótimos riffs em sua primeira estrofe, mudando seu andamento só para variar, mas aqui há uma variação bem interessante: um breve flerte com o Doom e depois a pancadaria volta a tomar conta. Também, do alto de seus mais de oito minutos, tem que haver espaço para tudo, inclusive para solos melódicos. Tudo isso sem soar pedante em nenhum momento.
Em 50 minutos temos um álbum excelente, sem uma música ruim e que mostra toda a força que a banda teve, durante a sua existência. Chuck Schuldiner foi um gênio e ele fez história por ser um homem a frente de seu tempo.
Foi durante a turnê deste disco que duas lendas se juntaram: Chuck Schuldiner e Warrel Dane, em turnê que o Nevermore abriu alguns shows para o Death. A amizade entre ambos cresceu, a ponto de Warrel ter sido convidado para cantar no álbum do Control Denied, “The fragile Art of Existence”, capitaneado por Chuck, durante o hiato de sua banda principal. A participação de Warrel acabou não rolando, mas a amizade seguiu e, curiosamente os dois amigos acabaram falecendo no mesmo 13 de dezembro, Chuck em 2001 e Warrel em 2017.
O álbum foi o único a ser lançado pela Roadrunner, selo com o qual Chuck Schundiler teve problemas após o lançamento. Depois da turnê, Chuck acabou dando um tempo também com a banda, afim de trabalhar no Control Denied, mas o projeto só acabou saindo do papel no final da década de 1990, já que o líder do Death acabou por reformular a banda para lançar o canto do cisne, que foi o magistral “The Sound of Perseverance“, mas isso é assunto para outro momento.
Este é “Symbolic“, o mais aclamado álbum da carreira desta banda que marcou época, formada pelo “pai do Death Metal”. Vamos exaltá-lo , porque este disco merece todo e qualquer elogio. Infelizmente não existe Death sem Chuck Schundiler, mas o legado que esse gênio deixou está aí e é rico. Hoje é dia de escutar esse play no volume máximo.
Symbolic – Death
Data de lançamento: 21/03/1995
Gravadora: Roadrunner
Faixas:
01 – Symbolic
02 – Zero Tolerance
03 – Empty Words
04 – Sacred Serenity
05 – 1,000 Eyes
06 – Without Judgement
07 – Crystal Mountain
08 – Misanthrope
09 – Perenial Quest
Formação:
Chuck Schuldiner – Vocal/Guitarra
Bobby Koelble – Guitarra
Kelly Conlon – Baixo
Gene Hoglan – Bateria