Em 22 de junho de 1993, o Death, saudosa banda capitaneada pelo eterno Chuck Schuldiner, lançava o seu quinto álbum, o poderoso e extremamente técnico “Individual Thought Patterns”, que com alguns dias de atraso é tema do nosso Memory Remains de hoje.
E aqui a genialidade de Chuck atinge níveis altíssimos, onde podemos encontrar várias passagens em que as influências do Jazz se mostram presentes, aliados ao poder do Heavy Metal extremo que a banda praticava. A banda vinha do aclamado álbum “Human“, mas com o trintão que é homenageado hoje, eles alcançariam outro patamar, cujo ápice seria no derradeiro álbum da banda, “The Sound of Perseverance“, lançado 5 anos depois.
Gravado e mixado no clássico “Morrisound Studios” e com produção do gigantesco Scott Burns, a bolacha fora lançada pela “Relativity Records“. Conta com a participação do guitarrista Andy LaRocque, que estava sem agenda com King Diamond e marcaria a estreia do baterista Gene Hoglan. É também o último álbum a contar com Steve DiGiorgio no baixo. Ele ainda permaneceu na banda até 1995, saindo um pouco antes do início das gravações de “Symbolic“.
Em relação a participação de Andy LaRocque, o baixista Steve DiGiorgio lembrou que na época, Chuck Schundiler apenas queria que ele gravasse alguns solos e para isso, lhe enviou partes das músicas onde ele deveria criar e inserir tais solos. Ocorre que ao chegar lá e colocar em prática, todos no estúdio ficaram impressionados com a técnica do rapaz. Ele é bom mesmo, a grande prova disso é que segue até hoje com King Diamond. Fez um excelente trabalho, mas não pôde sair em turnê com a banda e acabou saindo, dando lugar a Ralph Santolla.
Passeando pelas dez faixas presentes aqui, temos o início com a fantástica “Overactive Imagination” em que temos uma bateria a velocidade da luz, som agressivo e os blast-beat’s a todo vapor. Solos melódicos dão aquele contraste com o Death Metal praticado pela banda nas demais partes da música.
“In Human Form” traz uma música repleta de partes complexas, com mudanças de andamento e mais solos melódicos. Destaco aqui os riffs, muito bons. “Jealousy” é uma quebradeira sonora que começa complexa e depois ganha velocidade, descambando para o mais pútrido Death Metal. O bumbo duplo de se destaca aqui e novamente a melodia pede espaço no solo de Chuck, coisa que ele sabia fazer e muito bem. Sem sombras de dúvidas, a melhor do play, disparada.
“Trapped in Corner” começa melódica e vai se desenvolvendo, com várias mudanças de andamento. Essa genialidade de Chuck em compôr músicas complexas certamente era sua maior virtude. Essa é uma das melhores músicas do disco. “Nothing is Everything” mantém a pegada técnica, porém não é tão rápida quanto as anteriores, tendo um breve flerte com a velocidade no meio da faixa. Uma boa música.
Riffs sensacionais são o que nos traz a música “Mentally Blind”. E com direito a quebradeira no meio da música, com mais solos melódicos. A impressão que temos é de estar ouvindo jazz em ritmo de Metal. São muitas as mudanças de andamento nesta música, o que a torna fascinante. A faixa título traz riffs cavalgados na sua primeira parte e tem uma pegada mais arrastada. E tome mais melodia nos solos. Destaque também para as excelentes linhas de baixo de Steve DiGiorgio.
“Destiny” tem em sua intro uma bela passagem de violão, que rapidamente se converte em uma música pesada, densa, onde o baixo de Steve DiGiorgio se destaca em meio aos riffs de Chuck. “Out of Touch” começa rápida e brutal, para no meio ter aquela quebrada no ritmo, onde os riffs se mostram precisos.
E temos o final com a música que talvez seja a mais conhecida da banda, a clássica “The Philosopher“. Técnica, densa, pesada, com um solo bem trabalhado. Ela não tem partes rápidas como as anteriores. E nem precisa. Ela é linda desse jeito e fecha esse discaço com chave de ouro.
Em 40 minutos de muito peso, velocidade e complexidade musical, tudo que a gente quer é colocar a bolacha para repetir, porque música boa é assim: nunca nos cansamos de escutá-la. O álbum é uma aula não tão somente de música extrema, mas como de Heavy Metal de uma maneira geral e mostra como Chuck Schundiler, além de genial, era um cara vanguardista.
O álbum alcançou a posição de número 86 nas paradas do Reino Unido, além de uma honrosa 30ª posição na categoria Heatseakers, da “Billboard“. A banda ainda produziu um videoclipe para a música “The Phillosopher“, que veiculou na MTV e também virou paródia no programa Beavis & Butt-Head, onde a dupla confundiu o garoto do vídeo com o mesmo garoto que estrelou o vídeo de “Jeremy“, do Pearl Jam, dois anos antes. Eles também zoaram do vocal de Chuck Schundiler. Tudo não passava de uma simples brincadeira, já que o Death sempre foi uma banda incrível e merece todo nosso respeito. E um pouco de bom humor nunca é demais, não é mesmo, caro leitor? Confira abaixo o recorte da dupla de headbangers do desenho animado da MTV.
Vamos então celebrar este disco, que é o mais novo trintão da música pesada, e assim como outros, envelhece muito bem, obrigado. E é uma pena que uma pneumonia, aliado ao maldito câncer tenham tirado a vida deste, que talvez fosse o músico mais brilhante da cena Metal, encerrando assim, de forma prematura, a carreira da banda que foi uma das mais relevantes. Talvez subestimada demais, mas aqui está a nossa homenagem e como eu sempre escrevo por aqui: eu ouço gente morta!
Individual Thought Patterns – Death
Data de lançamento – 22/06/1993
Gravadora – Roadrunner
Faixas:
01 – Overactive Imagination
02 – In Human Form
03 – Jealousy
04 – Trapped in a Corner
05 – Nothing is Everything
06 – Mentally Blind
07 – Individual Thought Patterns
08 – Destiny
09 – Out of Touch
10 – The Philosopher
Formação:
Chuck Schuldiner – vocal/ guitarra
Steve DiGiorgio – baixo
Gene Hoglan – bateria
Andy LaRocque – guitarra (músico contratado)