Em 26 de outubro de 1999, o DREAM THEATER lançava seu quinto álbum de estúdio: e temos “Metropolis Pt II…” completando 20 anos de lançamento. É um marco tão especial que a banda desembarcou no Brasil em dezembro de 2019, quando nem sonhávamos com pandemia do Coronavírus, para tocar este álbum na íntegra. O disco é conceitual e conta a história de um personagem chamado Nicholas e a descoberta de sua vida passada. A história é a continuação do que é contada na música “Metropolis Pt I: The Miracle and The Sleeper“, que está no segundo disco da banda, chamado “Images and the Words“. O curioso é que a banda não pretendia escrever a segunda parte desta canção, o que foi feito somente após pedidos dos fãs.
A ideia da banda era escrever outra música com a continuação da história ao invés de um álbum inteiro. E quando a banda gravava o álbum anterior, “Falling Into Infinity“, entre os anos de 1996 e 1997, a banda começou a desenvolver o que se tornaria o aniversariante do dia. A banda gravou uma sessão de 23 minutos com o tecladista Derek Sherinian para ser desenvolvida posteriormente. E antes que a banda se reunisse no Bear Tracks Studios, em Suffern, entre fevereiro e junho de 1999, houve a troca no cargo de tecladista da banda: sairia Derek Sherinian, demitido pela banda e entraria Jordan Rudess, que jáa havia tocado com alguns dos integrantes do DT, no projeto LIQUID TENSION. E com a produção ficando a cargo de Mike Portnoy e John Petrucci. E assim nascia este que é o disco favorito deste redator que vos escreve.
Se a parte lírica é um livro em forma de música, a parte musical é o que se espera do DT: virtuosismo exacerbado, porém, desta feita, com uma dose bem menor de narcisismo dos músicos, o que é uma coisa que me deixa bastante entediado em alguns discos da banda. Se em “Falling Into Infinity” a banda havia se mostrado mais comercial, aqui as coisas se mostram completamente diferentes, mas sem soar pedante. Temos aqui excelentes composições, algumas, em minha opinião, são as melhores que o DREAM THEATER compôs em sua carreira.
O disco é dividido em dois atos, o primeiro com as sete primeiras faixas e as últimas cinco fazendo parte do segundo ato. E a abertura se dá com “cena um”, chamada “Regression“, que começa meio chatinha, mas entendemos que faz parte da história, porém, termina bem, com um violão tocado por Petrucci acompanhado do vocal de LaBrie.
A “cena dois parte I” é um excelente instrumental chamada “Overture 1928“, que serve como ponte para a “cena parte II”, a excelente “Strange Deja Vu“. Ao escutar essa faixa, eu passava a enxergar o DREAM THEATER de uma outra maneira, o que era muito bom. Eu já sabia da habilidade dos caras, mas aqui eles acertavam o ponto; eles passavam a compôr música sem parecer mecânicos.
A “cena três Parte I” é representada pela lenta e curta “Through My Words“, que serve também de ponte para outra excelente faixa, que se destaca como uma das melhores da carreira da banda: “Fatal Tragedy“, que é continuação da faixa anterior. Aqui temos uma música densa, com uma atmosfera encantadora, até que as coisas se modificam na metade final da música, ganhando peso: riffs de guitarras espetaculares, aliados as batidas de Mike Portnoy e o virtuosismo de Jordan Rudess no teclado, modificam completamente a música, fazendo ela se tornar ainda melhor.
Temos na “cena quatro”, a melhor música da carreira do DREAM THEATER: “Beyond This Life“. Ótimos riffs de guitarras, que são acompanhados pelo peso absurdo que John Myung coloca no seu baixo e o bumbo duplo dessa máquina chamada Mike Portnoy. Eu que não sou fã de músicas tão longas, me rendi a essa faixa, porque ela de fato e ótima. E a minha eleita como favorita.
A “cena cinco”, que fecha o primeiro ato da obra se chama “Through Her Eyes” e é uma balada com boas harmonias, mais parecendo como sobra do álbum anterior.
A faixa oito, que abre o segundo e derradeiro ato da história contada em “Metropolis Part II” é a “cena seis”, chamada de “Home“, que começa bem chata e pedante, mas para a alegria do ouvinte, John Petrucci entra com riffs pesadíssimos que se repetem por boa parte da música. Ainda que o vocal de LaBrie seja por muitas vezes irritante, como aqui nesta faixa se faz, o instrumental supera. E com seus quase 13 minutos, é a música mais longa do play, mas muito boa de se escutar.
A “cena sete” se divide em duas partes: a primeira com a faixa chamada “The Dance of Eternity“, um instrumental onde a banda viaja no Progressivo, explorando todo o virtuosismo de seus integrantes, com muito peso. A segunda parte desta “cena sete” é a faixa número dez, chamada “One Last Time“, que com seus quase 4 minutos, é uma faixa atípica do DREAM THEATER em termos de extensão, porque aqui as melodias dela em muito nos remetem ao início do disco, sobretudo a faixa “Strange Deja Vu“.
A penúltima cena do disco é a balada “The Spirit Carries On“, que honestamente não me chamou muita atenção, mesmo sendo bem executada pelos músicos de altíssimo gabarito.
A última cena é composta pela faixa “Finally Free“, que começa lenta, parecendo que vai ser sem graça, mas cresce conforme se desenvolve, ganhando contornos Progressivos, que a banda sabe muito bem fazer, fechando de maneira bem honesta um discão.
E temos assim, em 77 minutos, um disco intenso, mesmo que ele termine de forma melancólica, apresenta o DREAM THEATER pesado em alguns momentos como ele nunca fora até aquele momento. E que alcança seus 21 anos neste 2020 sombrio. Algumas faixas deste disco foram utilizadas na trilha norte-americana de “Dragon Ball Z: A História de Trunks”.
Metropolis Pt. II: Scenes From a Memory – Dream Theater
Data de lançamento – 26/10/1999
Gravadora – Elektra Records
Faixas:
01 – Secene One: Regression
02 – Scene Two. Part I: Overture 1928
03 – Scene Two. Part II: Strange Deja Vu
04 – Scene Three. Part I: Through My Words
05 – Scene Three. Part II: Fatal Tragedy
06 – Scene Four: Beyond This Life
07 – Scene Five: Through Her Eyes
08 – Scene Six: Home
09 – Scene Seven. Part I: The Dance of Eternity
10 – Scene Seven Part II: One Last Time
11 – Scene Eight: The Spirit Carries On
12 – Scene Nine: Finally Free
Formação:
James LaBrie – Vocal
John Petrucci – Guitarra
John Myung – Baixo
Jordan Rudess – Teclado
Mike Portnoy – Bateria