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Memory Remains: Ektomorf – 13 anos de “What Doesn’t Kill” e a inspiração em Nietzsche

Memory Remains: Ektomorf – 13 anos de “What Doesn’t Kill” e a inspiração em Nietzsche

20 de março de 2022


Em 20 de março de 2009, os húngaros do Ektomorf lançavam “What Doesn’t Kill“, o oitavo álbum da carreira da banda e que é assunto desse domingo, o primeiro Memory Remains de outono, ainda com jeito de verão.

O leste europeu é muitas vezes lembrado pelos intensos conflitos militares que ocorrem por diversos momentos, como a atual guerra onde o ditador Putin está matando civis inocentes na Ucrânia, mesmo que isso lhe custe sanções duras, que pesam no restante do mundo, mas existe uma cena riquíssima naquela região e fãs ardorosos que apreciam o Heavy Metal. E da Hungria, temos o Ektomorf, que não é tão popular assim, mas que pratica um som honesto e muito pesado, indicado para os fãs do Sepultura da fase Max ou até mesmo o Soulfly.

Após o lançamento de “Outcast“, considerado por muitos como o melhor play da banda, o quarteto mudou de gravadora: saíram da Nuclear Blast para a AFM. Além disso, eles sofreriam uma baixa importante, pois o irmão de Zoltán Farkas, o baixista Csaba Farkas, resolveu deixar o grupo que formou com o irmão. Assim sendo, o líder Zoltán recrutou Szabolcs Murvai para ocupar a vaga deixada por Csaba e assim todos foram para a Dinamarca, onde dois estúdios foram utilizados: o “Feedback Studio“, onde as partes de bateria foram gravadas e “Antfarm Studio“, utilizado para gravar os demais instrumentos e o vocal.

Colocando a bolacha para rolar, temos “Rat War” abre o play com riffs que nos fazem lembrar ainda mais o Soulfly. As bandas de Max Cavalera sempre foram influências para Zoltán Farkas e ele nunca escondeu isso. A música é bem curta e agrada em cheio. A faixa dois, “Nothing Left” tem riffs psicodélicos e ao mesmo tempo muito pesados, fazendo com que a mistura entre o psicodelismo e o Djent caiam bem. Moderno ao extremo, mas muito bom.

A faixa título chega e mantém a sequência de riffs mortais que a banda destila por aqui. E com versos inspirados em Nietzsche, Farkas brada: o que não me mata me fortalece. A faixa número 4 é “Revenge to Kill” e é a mais empolgante do play, com seus riffs grooveados nas estrofes e ganhando contornos mais Thrash Metal no refrão, até o final quase Doom e muito pesado. Som fantástico.

Love and Live” mantém o peso como o protagonista do play, em uma música com pegada mais densa, enquanto que “I Can See You” traz de volta a influência do Groove do Sepultura da fase “Roots”, bem interessante.

A segunda metade do play tem início com a moderna “I Got it All“, que flerta com o industrial, lembrando em alguns momentos o Fear Factory. “New Life” mantém a modernidade em voga no play, com destaque para as linhas de baixo do estreante Szabolcs Murvai, que contribui para deixar a música ainda mais pesada.

Natàlia Magda/Divulgação

Sick of It All” traz a mistura de Metal com Rap, que pessoalmente não me agrada nem um pouco, mas é preciso admitir que a música possui uma energia ímpar. A música tem participação de Lord Nelson, do Stuck Mojo, que escreveu e cantou.  O Metal volta com tudo em “It’s up to You“, uma música pesada, ainda que tenha muita influência de industrial. Os riffs são bem estruturados e a música funciona bem.

Chegamos na trinca final, tendo “Envy” com seu peso absurdo, “Scream” que nos brinda com o Thrash Metal moderno, porém com inserções de trechos acústicos, onde Zoltán Farkas toca violão e até cantos do folclore húngaro, e “Breed the Fire“, que encerra muito bem o álbum com sua energia acima da ionosfera, com uma timbragem de guitarra excelente.

Em 38 minutos temos um disco sólido, pesado, consistente, que mostra o poderio desse quarteto. A estreia pelo novo selo não poderia ter sido melhor e a banda seguia seu caminho, agora somente com um dos integrantes da família Farkas, talvez por isso mesmo, Zoltán tenha colocado como arte da capa a imagem de seu rosto, quem não conhece a banda pode até achar que se trata de um disco solo do frontman,  o que na prática não é uma mentira.

Felizmente eles seguem na ativa e em 2021 lançou “Reborn“, que é outro petardo dessa banda que não decepciona nunca. Com a pandemia dando uma trégua e com todos nós tomando as vacinas, nos cuidando e cuidando dos outros, a expectativa é de que eles retornem ao Brasil em breve para que possamos testemunhar o massacre sonoro que eles praticam em cima dos palcos. E se você ainda não os conhece, que tal começar pelo aniversariante do dia? Desejamos uma longa vida ao Ektomorf, eles são modernos e pesados, em uma combinação quase que perfeita. E fazem por merecer todos os confetes e elogios.

What Doesn’t Kill – Ektomorf
Data de lançamento – 20/03/2009
Gravadora – AFM Records

Faixas:
01 – Rat War
02 – Nothing Left
03 – What Doesn’t Kill
04 – Revenge to All
05 – Love and Live
06 – I Can See You
07 – I Got it All
08 – New Life
09 – Sick of It All
10 – It’s up to You
11 – Envy
12 – Scream
13 – Breed the Fire

Formação:
Zoltán Farkas – vocal/ guitarra/ violão
Tamás Schrottner – guitarra
Szabolcs Murvai – baixo
József Szakács – bateria

Participação especial:

Lord Nelson – vocal em “Sick of it All