Há 27 anos, em 20 de maio de 1997, o Foo Fighters lançava “The Colour and the Shape“, segundo álbum da banda capitaneada por Dave Grohl e que foi de extrema importância para que ele conseguisse um sucesso maior do que quando ele era o baterista do Nirvana. O álbum é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Este é o primeiro álbum a ser gravado por uma banda completa, Recuperada a sua motivação por tocar, agora não mais atrás de um kit de bateria, como nos tempos de Nirvana e sim como vocalista e guitarrista da banda que formou, ele colhia os frutos do primeiro álbum, o qual gravou todos os instrumentos sozinho e de uma aclamada turnê, era a hora de compor novas músicas e mostrar que não se tratava apenas de um projeto sem muitas pretensões. O segundo play do Foo Fighters é liricamente inspirado no divórcio de Grohl e sua então esposa, a fotógrafa Jennifer Youngblood, sendo a tracklist propositalmente intercalada entre faixas rápidas e lentas, para que se parecesse com uma sessão de terapia.
A banda contrariou a todos que esperavam um segundo álbum musicalmente bem Grunge. Entretanto, eles queriam um Rock mais direto. O processo de composição teve início ainda durante a turnê do álbum anterior, que durou dezoito meses. Dave Grohl sempre apresentava um riff e uma estrutura básica das músicas, que a banda passava a trabalhar nelas durante a passagem de som antes de cada apresentação e cada músico tinha a liberdade de apresentar uma ideia.
O sucesso do álbum de estreia jogava uma pressão para a banda. E todos esperavam que o novo play viesse com a mesma atmosfera do primeiro, mas o que se viu foi um álbum vigoroso, mais pesado e muito denso. Mas isso foi resultado de muito trabalho. Dave Grohl não ficou satisfeito com o trabalho do baterista William Goldsmith e decidiu regravar todas as partes de bateria, às escondidas. O restante da banda acabou regravando todas as suas partes por inteiro e isso se reflete no resultado final do álbum.
E o fato de toda a banda ter regravado suas partes explica o tempo que eles ficaram no estúdio; entre outubro de 1996 e fevereiro de 1997. Três estúdios foram escolhidos para as sessões de gravação: “Bear Creek”, na cidade de Woodnville, Washington, “WGNS”, na capital Washington e no “Grandmaster”, em Hollywood. Sob a batuta do produtor Gil Norton, escolhido a dedo por Dave Grohl por este ter gostado muito do trabalho feito por este com a banda Pixies.
Grohl disse que o trabalho no estúdio foi muito difícil por conta da exigência do produtor, mas que depois que ouviu o material pronto, pôde entender que foi realmente necessário. Por conta da exigência do produtor, o baixista Nate Mendel teve que praticar muito mais seu instrumento para apresentar a melhor performance possível. A banda havia assinado com a Capitol e isso deu liberdade para que a banda tivesse total autonomia na hora de compôr. O título do álbum veio por conta do empresário da banda, que costumava rodar por brechós comprando vários objetos. Certa vez ele comprou um pino de boliche com listras vermelhas e brancas, e ele disse que gostou da cor e da forma (The Colour and the Shape) do objeto. O grupo gostou da frase e batizou o play com o título.
Após a gravação do álbum, o baterista William Goldsmith se sentiu ofendido pelo fato de o chefe ter refeito as partes de bateria e abandonou o grupo. Para seu lugar, Grohl recrutou Taylor Hawkins, que recentemente nos deixou e naquele momento se destacava com a banda de Alanis Morissette. A curiosidade é que ambos eram amigos e após Grohl pedir indicações para a bateria, ele mesmo se candidatou a vaga. O lado não tão bom disso é que o líder do FF jamais gravou bateria nos discos posteriores.
Bolacha rolando, temos 46 minutos de muito Rock ‘n’ Roll e faixas que empolgam. De cara, o álbum forjou três grandes hits: “Monkey Wrench“, “My Hero” e “Everlong“, as únicas que ainda são lembradas pela banda nas apresentações ao vivo nos dias atuais. Mas não podemos resumir o álbum à apenas essas três faixas, pois temos outros grandes momentos como em “My Poor Brain“, “Wind Up“, “Up in Arms“, “See You” e “New Way Home“. Pode ser facilmente escolhido como o melhor álbum daquele ano de 1997 e também um dos melhores de toda a década de 1990.
“The Colour and the Shape” obteve ótimo retorno tanto de público e crítica: chegou ao 2º lugar nas paradas da Grécia, 3° no Reino Unido, 5° na Austrália, 7º na Belgica, 8° no Canadá, 10° na Irlanda, Nova Zelândia, Suécia e também na Billboard 200. Foi premiado com Disco de ouro no Japão e na Nova Zelândia e platina nos seguintes países: Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido. Os números falam por si. Até hoje é o álbum do Foo Fighters que mais vendeu nos Estados Unidos, com mais de dois milhões de cópias vendidas.
De lá pra cá, a banda só cresceu, lançou outros álbuns (talvez não tão bons quanto os dois primeiros), alcançou o mainstream. Neste meio tempo, Dave Grohl se aventurou pelo Heavy Metal, fazendo seu projeto Probot, que completou 20 anos em 2004 e nós falamos dele, caso você tenha perdido, poderá ler, clicando AQUI. O Foo Fighters fez história com este “The Colour and the Shape” e ele é digno de toda celebração. Hoje é dia de comemorar e escutar esse baita play no volume máximo.
The Colour and the Shape – Foo Figthers
Data de lançamento – 20 /05/1997
Gravadora – Capitol
Faixas:
01 – Doll
02 – Monkey Wrench
03 – Hey, Johnny Park
04 – My Poor Brain
05 – Wind up
06 – Up in Arms
07 – My Hero
08 – See You
09 – Enough Space
10 – February Stars
11 – Everlong
12 – Walking After You
13 – New Way Home
Formação:
Dave Grohl – vocal/ guitarra/ bateria
Pat Smear – guitarra
Nat Mendel – baixo
William Goldsmith bateria em “Doll“