Memory Remains

Memory Remains: Green Day – 30 anos de “Dookie” e o estouro mundial do Poppy Punk

1 de fevereiro de 2024


Há 30 anos, no primeiro dia de fevereiro de 1994, o Green Day lançava “Dookie“, o terceiro álbum da carreira da banda. Muitos acharam que era o disco de estreia, pois o trio era desconhecido e estourou com músicas divertidas e que faziam emergir um novo estilo: o Poppy Punk. Este adorável álbum é tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira.

Precisamos voltar alguns anos no tempo para que possamos entender o fenômeno que se tornou “Dookie”: formado no ano de 1987, o Green Day havia lançado o álbum “Kerplunk” no ano de 1991. E ainda que tenha sido lançado por um selo independente, o seu antecessor alcançou relativo sucesso, vendendo mais de três milhões de cópias em todo o mundo.

O sucesso no cenário underground atraiu a atenção de outros selos dispostos a contratar o trio californiano, que ouviu as propostas em reuniões que incluíram almoços e convite para uma viagem à Disney. Mas as conversas cessaram quando eles conheceram o produtor da Reprise Records, Rob Cavallo. Seu trabalho com a banda The Muffs impressionou e foi a razão para que a banda encerrasse seu contrato com o selo “Lookout! Records” e partisse para novos caminhos, com novo selo e o produtor escolhidos. O tempo mostraria que era uma sábia decisão.

A banda então passou ao produtor a fita demo com um esboço do que viria a ser o aniversariante do dia e Cavallo percebeu que dava para conquistar muita coisa com o material. Assim sendo, todos foram ao “Fantasy Studios”, na Califórnia, onde ficaram entre os meses de setembro e outubro de 1993. A banda não ficou satisfeita com o resultado da mixagem e solicitou ao produtor que refizesse. O mesmo aceitou. O vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong afirmou em entrevistas que queria fazer o som da banda soar mais seco, como o Sex Pistols no início da carreira ou mesmo o Black Sabbath. As fontes escolhidas foram acertadas, ainda que nem de longe a banda de Tony Iommi seja uma influência para o Green Day.

Dookie” gerou muita controvérsia, pois a banda melhorou consideravelmente a produção, o som ficou mais redondo e ainda que seja uma banda punk, a sonoridade nitidamente era mais radiofônica, o que custou o banimento da banda do clube 924 Gilman Street, onde eles eram presença constante. Eles foram acusados de se vender, coisa corriqueira a qualquer banda que cresce na cena.

Mas eles não se abalaram e foram com tudo. “Dookie” tem seus méritos, ainda que a cena punk tenha se rebelado contra eles. O Rock and Roll nos anos 1990 de maneira geral sofria. As bandas de Heavy Metal estavam em crise de criatividade, o movimento Grunge que havia surgido como um tufão, estava começava a entrar em decadência, o que se confirmou com a morte de Kurt Cobain pouco tempo depois e algo deveria ser feito para manter o estilo em evidência na mídia. Nisso, o Green Day tem muita responsabilidade, juntamente com outras bandas, como o The Offspring, Rancid, Pennywise e NOFX, para citar as mais relevantes da época. Nascia o Poppy Punk, aquele estilo de três acordes, porém, moldado para ser acessível a todos.

Bolacha tocando, temos 38 minutos de um Rock bem honesto. É exagero chamá-los de Punk Rock, já que, embora eles até tragam consigo algumas das características do estilo, não dá para dizer que Green Day seja como Ramones, Sex Pistols, The Exploited ou Varukers. Mas temos grandes momentos neste álbum, como os grandes hits “She“, “Basket Case” e “When I Come Around“, mesclados com outros momentos, como as enérgicas “Burnout“, “Welcome to Paradise“, “Emenius Sleepus“, “Having a Blast” ou a maravilhosa “Longview“. Ainda podemos citar a rápida “In The End“… Quase o álbum inteiro citado como destaques. Sim, “Dookie” é um belo álbum de Rock, ainda que o troo diga o contrário. Um disco que marcou época e não é a toa que ele foi um sucesso de crítica e vendas. Somente nos Estados Unidos ele vendeu mais de 12 milhões de cópias. Em todo o planeta foram mais de 30 milhões, o que coloca o álbum entre os mais vendidos da história.

O legado de “Dookie” é imenso: além do disco de diamante conquistado nós Estados Unidos e de três vezes platina no Reino Unido, o álbum alcançou a segunda posição na “Billboard 200”, o 13° lugar nas paradas britânicas, 3° na Suécia, 5° na Finlândia, 6° na Suiça e ficou em primeiro lugar na Austrália e Nova Zelândia. As faixas “Longview”, “Basket Case” e “When I Come Around”, lançadas como singles, alcançaram o topo da “Billboard” na categoria Alternative Songs, sendo que esta última chegou à 2ª posição na categoria principal da mesma “Billboard”.

A revista “Kerrang!” Classificou “Dookie” em 33° lugar na lista dos 100 Álbuns que você tem que ouvir antes de morrer; a “Classic Rock & Metal Hammer” classificou o álbum entre os 200 melhores álbuns da década de 1990; a “Rolling Stone” colocou o álbum na posição número 193 entre os 500 melhores álbuns de sempre: a mesma “Rolling Stone” elegeu através de votos dos leitores, o melhor álbum do ano de 1994 e na 30ª posição entre os melhores discos da década de 1990; a “Spin” compilou uma lista dos 100 melhores álbuns lançados entre os anos de 1985 e 2005 e o aniversariante do dia ficou na honrosa 44ª posição. E por fim, o “Rock and Roll of Fame” colocou o disco na posição de número 50 entre os 200 melhores de todos os tempos. Não é pouco.

Hoje é dia de celebrar esse disco que marcou uma geração, um álbum cheio de hits, honesto e com uma energia ímpar. Os saudosistas como este que vos escreve haverão de carregá-lo na memória. E que se aproxima dos trinta anos, com um corpinho de dezoito. Vamos dar play nesse “Dookie”,de preferência  no volume máximo. Um álbum que chega aos 30 anos e envelhece muito bem. O trio segue em plena atividade e inclusive acabou de lançar seu mais novo álbum, “Saviors“.

Dookie – Green Day

Data de lançamento – 01/02/1994

Gravadora – Reprise Records

 

Faixas:

01 – Burnout

02 – Having a Blast

03 – Chump

04 – Longview

05 – Welcome to Paradise

06 – Pulling Teeth

07 – Basket Case

08 – She

09 – Sassafras Roots

10 – When I Come Around

11 – Coming Clean

12 – Emenius Sleepus

13 – In the End

14 – F.O.D.

15 – All by Myself (faixa escondida)

 

Formação:

Billie Joe Armstrong – vocal/ guitarra/ violão

Mike Dirint – baixo

Tre Cool – bateria/ violão e voz em “All by Myself”