Memory Remains

Memory Remains: Helloween – 30 anos de “Master of the Rings”, as mudanças no lineup e a provocação à Michael Kiske

8 de julho de 2024


Há 30 anos, em 08 de julho de 1994, o Helloween lançava “Master of the Rings“, o seu sexto disco de estúdio, que contava com dois estreantes: o vocalista Andi Deris e o baterista Uli Kusch. Esse é o tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

Master of the Rings” tinha algumas metas a alcançar: superar o fiasco que havia sido os dois álbuns anteriores, “Pink Bubbles Go Ape” (1991) е “Chameleon” (1993), fazer o novo vocalista Andi Deris, que havia chegado do Pink Cream 69, ser bem acolhido pelos fãs que simplesmente amavam seu antecessor, Michael Kiske, além de arrumar um substituto a altura para o baterista Ingo Scwichtenberg, que havia saído da banda há pouco por problemas de saúde e acabara se suicidando. O play acabou sendo um prêmio após todos esses percalços.

Para o lugar de Ingo, foi recrutado o excelente baterista Uli Kusch, vindo do Gamma Ray. E com essa formação nova, a banda se juntou ao produtor Tommy Hansen e todos saíram do estúdio “Chateau du Pape”, em Hamburgo, Alemanha, com esse discaço em mãos. O disco foi lançado pela “Castle Communications”. O play foi gravado entre o final de 1993 e o início de 1994.

Entretanto, Uli não era a primeira opção para assumir as baquetas do Helloween. Durante o ano de 1993, o baterista Ritchie Abdel-Nabi chegou a fazer algumas apresentações com a banda, mas depois eles substituíram Ritchie por Uli Kusch. Quando chegou, todas as músicas já estavam escritas, então, basicamente ele só as gravou e saiu em turnê.

Em 2011, o baixista Markus Grosskopf comentou sobre o que motivou a saída de Michael Kiske:

“As pessoas pensaram que estávamos loucos para demitir um cantor como o Kiske, mas ai depois de todos esses anos e ouvindo o que ele está fazendo, eu espero que as pessoas entendam porque nós tomamos aquela decisão. Do contrário, ele teria nos empurrado na direção em que ele está indo agora e nós não queríamos isso.”

Deris foi uma opção do guitarrista Michael Weikath, que já conhecia o cantor desde os tempos de Pink Cream 69. Ele foi o escolhido após ter saído por uma noite com os outros integrantes da banda. E Markus Grosskopf falou de como foi o processo de composição do álbum:

“Foi muito rápido porque havia algumas canções que o Weikath fez e o Roland Grapow tinha algumas coisas e então combinado com o que o Andi Deris trouxe à banda foi muito funcional e incrível, porque tudo foi tão rápido. Nós tínhamos uns três meses para ensaiar e então o estúdio estava agendado e foi uma sessão muito rápida e eu meio que gostei daquilo. Houve também uma mudança de baterista, porque nós pegamos o Uli Kusch, mas nós ainda fizemos tudo naqueles três meses.”

O processo de composição do álbum foi dividido entre quatro dos cinco membros. Quatro das onze canções foram escritas pela dupla Andi Deris e Michael Weikath, que também escreveu outras três canções sozinho, dando-lhe a participação na maioria das músicas. Andi Deris apresentou a música “Why?” e Roland Grapow apresentou outras três, sendo que uma delas, “Still We Go“, foi na verdade escrita por sua esposa, Sylvia. Grapow foi creditado como autor da música e sua esposa recebeu os agradecimentos nominais no encarte do álbum.

Bolacha rolando, temos onze músicas em 50 minutos, das quais, uma é instrumental, “Irritation“, que funciona como uma espécie de vinheta e trouxe alguns grandes clássicos, como “Sole Survivor“, “Why?“, “Mr. Ego” (essa foi dedicada ao ex-vocalista Michael Kiske, hoje atual, dividindo o posto com Andi Deris), “In The Middle of Heartbeat” e “Perfect Gentleman“, a única que ainda resiste e permanece até hoje nos shows da banda. É uma alegria muito grande ver o Helloween voltar a apresentar grandes canções depois de dois álbuns nem um pouco inspirados.

Com ótima receptividade tanto do público quanto da crítica especializada, o álbum frequentou algumas paradas de sucesso mundo afora: 6° no Japão, 7° na Finlândia, 23° na Alemanha e na Suíça, 26° na Suécia e 34° na Áustria. O álbum foi ainda certificado com Disco de Ouro no Japão. Nosso trintão devolvia o Helloween ao protagonismo, em meio a crise profunda que o Heavy Metal sofria na década de 1990.

Hoje o Helloween segue em plena atividade, com dois vocalistas e provavelmente com a melhor formação de toda sua história, que nós brasileiros pudemos testemunhar por algumas vezes, inclusive no Rock in Rio de 2019, quando se apresentaram pela primeira vez no maior festival de música do mundo (o roqueiro vai xingar este pobre redator, mas é uma verdade, o Rock in Rio foi o grande responsável por colocar o Brasil na rota dos grandes shows e turnês de artistas do mundo inteiro, ainda que você permaneça a reclamar que “o Rock in Rio não tem Rock”). Vamos celebrar os 30 anos deste belo álbum, escutando-o no volume máximo, enquanto aguardamos um novo álbum, já fazem três anos que a banda não nos brinda com novas canções.

Master of the Rings – Helloween

Data de lançamento – 08/07/1994

Gravadora – Castle Communication

 

Faixas:

01 – Irritation

02 – Sole Survivor

03 – When the Rains Grows

04 – Why?

05 – Mr. Ego (Take me Down)

06 – Perfect Gentleman

07 – The Game is On

08 – Secret Alibi

09 – Take me Home

10 – In a Middle of Heartbeat

11 – Still We Go

 

Formação:

Andi Deris – vocal

Michael Werikath – guitarra

Roland Grapow – guitarra

Marcus Grosskopf – baixo

Uli Kusch – bateria

 

Participações especiais:

Jörn Ellerbrock – teclado

Tommy Hansen – programação