Memory Remains

Memory Remains: Iron Maiden – 28 anos de “The X-Factor” e a estreia (não bem sucedida) de Blaze Bayley

2 de outubro de 2023


O mês de outubro começou e só dá Iron Maiden aqui no nosso Memory Remains. Ontem tratamos de “No Prayer for the Dying” e você poderá conferir o texto que fizemos, clicando AQUI. Hoje é a vez de “The X-Factor“, o álbum de número dez da discografia da Donzela de Ferro, lançado há 28 anos, em 02 de outubro de 1995.

Em 1993 Bruce Dickinson resolveu deixar a segurança de ser o vocalista de uma das maiores bandas de Heavy Metal e investir em uma carreira solida que lhe deu muito êxito. Então o mundo da música pesada ficou de olho em quem a Donzela iria escolher como substituto da voz mais potente do Metal. Tinham até brasileiros na disputa: Andre Matos e Edu Falaschi concorreram à vaga, que ficou com um… britânico. Blaze Bayley, oriundo da Wolfsbane foi o escolhido e onze em cada dez headbangers estavam curiosos para saber como era a nova voz do Iron Maiden.

Uma vez escolhido o novo vocal, Steve Harris partiu para compor as letras e músicas que iriam fazer parte do aniversariante do dia. O título é o primeiro desde “Piece of Mind” que não é o título de uma das músicas. O título é uma referência ao número 10 em romanos, que também remete ao décimo álbum da discografia da banda. A temática das letras é bem sombria, fruto dos problemas pessoais pelos quais o manda chuva do Iron Maiden passava naquele momento. O clima sombrio das músicas acabou combinando com o timbre vocal do novato Blaze e o resultado é bastante satisfatório.

A banda se reuniu então no “Barnyard Studios“, na Inglaterra, entre 1994 e agosto de 1995, com uma mudança na produção. Saia o produtor Martin Birch para a entrada de Nigel Green, que assinaria a produção juntamente com Steve Harris. A capa é outra bela sacada: pela primeira vez, Eddie é retratado como se fosse uma pessoa real e não como um desenho e a imagem chega a ser chocante, tendo a mascote com o cérebro à mostra. A arte foi assinada por Hugh Syme e a ideia de trazer um Eddie “real” foi de Dave Murray.

The X-Factor” tem onze músicas em 71 minutos, um álbum bastante extenso. A música mais curta é a excelente “Man on the Edge“, com seis quatro minutos. Aliás, esta faixa pertence ao início apoteótico do play, que contempla as cinco primeiras. “The Sign of the Cross“, “Lord of the Flies“, “Fortunes of War“, “Look for the Truth” e a primeira citada neste parágrafo são simplesmente arrebatadoras. As músicas que completam o play são boas, mas as cinco primeiras já valem pelo disco inteiro. Blaze Bayley com seu vocal em nada se parece com seu antecessor e talvez por isso ele não tenha sido tão bem aceito pela base de fãs.

A edição japonesa foi lançada com três faixas bônus: “Justice for the Peace“, “I Live my Way” e “Judgment Day“, todas elas excelentes canções, com destaque para essa última, um Power Metal digno dos grandes dias da banda. Aí ficamos sem entender porque essas faixas não foram incluídas na versão original do play. Elas são melhores do que qualquer outra da segunda parte. Coisas que jamais conseguiremos entender. Se o leitor tem a versão japonesa, vai entender do que estou falando. Se você não tem, corra atrás, pois as músicas realmente valem a pena.

Apesar de ter suas qualidades, “The X Factor” não fez grande sucesso de vendas: foi apenas Disco de Prata no Reino Unido. Nos charts, ficou em 2° na Finlândia, 4° na Suécia, 8° no Reino Unido e na Bélgica, 16° na Alemanha, 17° no Japão, 19° na Áustria e na “Billboard 200” ocupou a discreta 147ª posição. A turnê foi extensa, incluiu o Brasil, quando a banda foi headliner da versão brasileira do festival “Monsters of Rock” e também rendeu inúmeras críticas dos fãs às performances de Blaze Bayley, em uma das maiores covardias contra esse frontman que jamais perdeu seu carisma é bom humor, mesmo execrado por boa parte das pessoas durante o período que esteve na banda.

Hoje é dia de celebrar esse bom disco. Sim, “The X-Factor” é um bom disco. Ainda que Blaze Bayley não tenha durado mais do que o álbum sucessor do nosso aniversariante do dia, o vocalista é um guerreiro, por aguentar tudo que passou e nem por isso sua autoestima foi prejudicada. E o cara não levou para o coração e retribui com muito carinho aqueles que em seus tempos de Iron Maiden o queriam longe de lá. Longa vida ao Iron Maiden e ao carismático frontman.

The X Factor – Iron Maiden

Data de lançamento – 02/10/1995 

Gravadora – EMI

Faixas:

01 – Sign of the Cross

02 – Lord of the Flies

03 – Man on the Edge

04 – Fortunes of War

05 – Look for the Truth

06 – The Aftermath

07 – Judgment of Heaven

08 – Blood on the World’s Hands

09 – The Edge of Darkness

10 – 2 A.M.

11 – The Unbeliever

 

Formação:

Blaze Bayley – vocal

Steve Harris – baixo

Dave Murray – guitarra

Janick Gers – guitarra

Nicko McBrain – bateria