Memory Remains

Memory Remains: Iron Maiden – 33 anos de “No Prayer for the Dying”, e o período de pouca inspiração

1 de outubro de 2023


Há 33 anos, no primeiro dia de outubro do ano de 1990, o Iron Maiden lançava “No Prayer for the Dying“, o seu oitavo álbum de estúdio, que é tema do nosso Memory Remains deste domingo.

Depois de uma série de álbuns bem sucedidos, com turnês exaustivas e sucesso de vendas, a banda que estava usando sintetizadores nas gravações sobretudo nos dois últimos álbuns, “Somewhere in Time” e “Seventh Son of a Seventh Son“, resolve deixar esses equipamentos de lado e voltar às raízes. Porém, esse fator gerou um grande incômodo no guitarrista Adrian Smith, que pegou seu boné e foi tentar a vida longe da Donzela, ainda durante o período de pré-produção, tendo contribuído na música “Hooks in You“. Para o seu lugar, foi chamado Janick Gers, que havia gravado o primeiro álbum solo de Bruce Dickinson, “Tattoed Millionarie“, lançado quatro meses antes. Gers tem em seu currículo trabalhos com lan Gillan, Fish (Marillion) e na banda de NWOBHM White Spirit.

O álbum é tido como um dos menos inspirados em toda a carreira da banda, ainda que a música “Bring Your Daughter… to the Slaughter“, que foi lançada como single, tenha alcançado o topo das paradas britânicas, algo que jamais havia acontecido com uma canção do Maiden antes. Essa faixa havia sido lançada por Bruce Dickinson, e entrou na trilha sonora do filme “A Nightmare on ELM Street 5: The Dream Child”, que no Brasil ganhou o título de “A Hora do Pesadelo”, no ano de 1989.

A banda se reuniu no Rolling Stones Mobile durante os meses de junho e setembro de 1990 para a gravação do play e a mixagem se deu no Battery Studios, em Londres. O velho produtor de sempre, Martin Birch assinou a obra. A banda voltaria a gravar em solo britânico desde “The Number of the Beast”, em 1982, ideia que não agradou a Bruce Dickinson. Aspas para o frontman:

Foi uma merda! Foi um álbum de merda, e eu gostaria que não tivéssemos feito dessa forma. Na época, eu era tão culpado quanto qualquer outra pessoa ao dizer: ‘Oh, ótimo! Olha, estamos todos cobertos de palha! O que é um lar!”

Na questão lírica, a banda trocou os temas históricos e literários por assuntos políticos, explorações religiosas (“Holy Smoke“) e preocupações sociais (“Public Enemy Number One“). É um álbum que diferente do habitual, não tem uma música com mais de seis minutos e é o segundo a conter palavrões nas letras, o primeiro é o disco de estreia, ainda com Paul Di’anno nos vocais. Foi também o primeiro disco a ser distribuído nos Estados Unidos pela Epic, após o término do contrato com a Capitol. No restante do Globo, o play foi distribuído pela EMI.

Em 44 minutos e dez faixas nós temos um Iron Maiden muito pouco inspirado no aniversariante do dia. É o álbum menos querido pelos fãs e não há muito o que destacar, a não ser pelas já citadas “Holy Smoke” e “Bring Your Daughter… to the Slaughter“. Como todas as bandas longevas com muitos álbuns, o Iron Maiden também não passou imune a lançar um álbum medíocre.

Apesar de estar entre os menos brilhantes álbuns da Donzela, “No Prayer for the Dying” tem um feito: a música “Bring Your Daughter… to the Slaughter” conseguiu chegar no topo das paradas britânicas, o que era inédito na história do então quinteto. Mas a música também gerou controvérsias, sobretudo dos religiosos (sempre eles, não é mesmo?), que acusaram a banda novamente de satanismo. O cúmulo destes protestos foi a Igreja Católica no Chile ter pedido a proibição das apresentações por lá, o que parece que não teve êxito.

Mesmo com os revezes, o disco foi bem cotado nos charts mundo afora: 2° no Reino Unido, 3° na Finlândia, 4° na Noruega, 6° na Suécia, 7° na Alemanha, 11° na Suiça, 15° na Espanha, 16° no Japão, 17° na Nova Zelândia e na famosa “Billboard 200” (Estados Unidos), 19° na Áustria, 23° na Austrália. As vendas foram boas e renderam Disco de Ouro nos Estados Unidos, Itália e no Reino Unido, além de Platina no Canadá.

Apesar de não tão cultuado, o play merece ser celebrado pelo simples fato de ser parte da história de uma das maiores bandas de Heavy Metal de todos os tempos. Felizmente o Iron Maiden está ainda em plena atividade, com todos os membros que registraram este play, mais Adrian Smith e seguem lançando discos e fazendo shows. Vamos desejar uma longa vida à Donzela de Ferro.

No Prayer for the Dying – Iron Maiden 

Data de lançamento – 01/10/1990

Gravadora – EMI

 

Faixas:

01 – Tailgunner

02 – Holy Smoke

03 – No Prayer for the Dying

04 – Public Enemy Number One

05 – Fates Warning

06 – The Assassin

07 – Run Silent Run Deep

08 – Hooks in You

09 – Bring Your Daughter… to the Slaughter

10 – Mother Russia

 

Formação:

Bruce Dickinson – vocal

Steve Harris – baixo

Dave Murray – guitarra

Janick Gers – guitarra

Nicko McBrain – bateria

 

Participação especial:

Michael Kenney – teclado