Memory Remains

Memory Remains: Iron Maiden – 35 anos de “Seventh Son of a Seventh Son” e a breve despedida de Adrian Smith

12 de abril de 2023


Com um dia de atraso, o nosso Memory Remains desta quarta-feira vai falar sobre os 35 anos de “Seventh Son of a Seventh Son“, o sétimo disco do Iron Maiden, lançado em 11 de abril de 1988 e foi o responsável por manter o quinteto britânico no auge durante os anos 1980. A bolacha foi lançada pela EMI em quase todo o mundo, à exceção dos Estados Unidos, onde saiu pela Capitol. Vamos contar um pouco da história deste belo play.

A banda vinha do igualmente clássico “Somewhere in Time“, álbum que foi bem premiado por suas vendas, inclusive no Brasil, onde foi certificado com Disco de Ouro. Então, entre 1987 e 1988, o então quinteto embarcou para a Alemanha, onde na companhia do parceiro de longa data, Martin Birch, que assinava mais uma vez a produção do aniversariante do dia. O estúdio utilizado foi o Musicland Studios, na cidade de Munique.

Musicalmente, a banda começou a explorar os caminhos do Progressivo. Manteve os Sintetizadores utilizados no seu antecessor e pela primeira vez, incluiu teclados em suas canções. O álbum conta com diversas canções co-escritas por Bruce Dickinson, que teve suas ideias rechaçadas em “Somewhere in Time“. Ele sentia que havia perdido espaço na banda, pois era “apenas”, o cantor. Mas tudo mudou quando surgiram as ideias em torno do conceito do homenageado de hoje. Dickinson explicou em entrevista.

“Eu pensei, ‘Que ótima ideia! Brilhante!’ E é claro que também fiquei muito feliz, porque ele realmente me ligou para falar sobre isso e me perguntou se eu tinha alguma música que pudesse se encaixar nesse tipo de tema. Eu fiquei tipo, ‘Bem, não, mas me dê uma minuto e verei o que posso fazer”.

Trata-se de um álbum conceitual, que traz a lenda do sétimo filho do sétimo filho e dos poderes que este viria a ter. Na parte lírica, a banda abordou diversos temas como visões proféticas, misticismo, reencarnação e vida após a morte. A ideia sobre o álbum veio de Steve Harris, após ele ler o livro “Seventh Son”, de Orson Scott Card. O baixista lembrou certa vez em entrevista como as coisas aconteceram. Aspas para ele:

“Foi o nosso sétimo álbum de estúdio e eu não tinha um título para ele ou nenhuma ideia. Então eu li a história do sétimo filho, essa figura mística que deveria ter todos esses paranormais. presentes, como segunda visão e o que você tem, e foi mais, no começo, que era apenas um bom título para o sétimo álbum, sabe? Mas então liguei para Bruce Dickinson e comecei a falar sobre isso e a ideia simplesmente cresceu”.

A arte da capa, assinada por Derek Riggs, mostra uma imagem um tanto quanto simples, com Eddie desenhado só pela metade. O artista explicou que a maçã em uma das mãos da mascote representa o Jardim do Éden e que a cabeça pegando fogo foi um “símbolo de inspiração”, segundo as suas palavras. Vamos sem mais delongas, extrair faixa por faixa deste play:

A abertura se dá com “Moonchild“, que começa com ares de balada, tendo a voz suave de Bruce Dickinson acompanhada do violão, mas logo ela ganha peso e fica bem rápida, ganhando um clima épico e abrindo o play de uma maneira nada menos que sensacional.

Em seguida temos “Infinite Dreams“, que foi o single de número 4 lançado para promover o aniversariante do dia. Aqui, os caras tiraram bem o pé do acelerador, comparado com a faixa anterior e temos aqui uma faixa que transita pelo Prog, mas ganha peso do meio para o final, destacando o trabalho da cozinha. Muito boa também.

A faixa número três é a clássica “Can I Play With Madness“, que conta com riffs cavalgados e bem estruturados nas estrofes e aquele refrão bem grudento. Foi o primeiro single lançado pela banda. Depois temos uma faixa que, pessoalmente, é uma das minhas favoritas de todos os tempos da carreira da Donzela: “The Evil That Men Do“, onde Steve Harris se destaca com seu baixo cavalgado em meio às guitarras um tanto quanto melodicas.

Se você está no vinil, é hora de virar o lado da bolacha; e é a faixa título que abre e do alto de seus 9 minutos, ela tem algumas mudanças em seu andamento, que inclui até mesmo um coral. Uma música bem trabalhada onde o potente vocal de Bruce Dickinson se destaca. Só acho que ficaria mais legal se a faixa título fosse a número sete. O sétimo álbum do Iron com o nome de O sétimo Filho do Sétimo Filho, tendo a faixa título na posição sete na bolacha, renderia boas ações de marketing, se é que isso não foi pensado já naquela época.

Depois desta epopéia, restam pouco mais de 14 minutos de audição e mais três músicas: a vez agora é de “The Prophecy“, uma faixa mais arrastada e pesada que se o ouvinte prestar bem atenção, se assemelha muito ao que Bruce Dickinson viria a fazer em sua carreira solo. O belo final, com o violão, é a cereja do bolo. Linhas de baixo sensacionais executadas por uma das autoridades das quatro cordas, anunciam a chegada de outra das faixas que entram no meu rol das favoritas do Iron: “The Clairvoyant“, que nasceu clássica e vira e mexe entra nos shows da banda. Musicalmente, ela é bem enérgica e o destaque aqui são para as viradas de Nicko McBrain, que estava inspirado em todo o disco, diga-se de passagem.

A faixa derradeira atende pelo nome de “Only the Good Die Young“, que é uma faixa relativamente rápida, onde as já conhecidas guitarras com riffs cavalgados vão se alternando com os duetos e uma performance impecável de Steve Harris no baixo, vão conduzindo as coisas, proporcionando um final bem honesto para mais um disco que marcou a carteira de uma das maiores bandas de Heavy Metal.

São 43 breves minutos, divididos em 8 faixas que fazem deste disco tão especial. Durante a turnê, chamada de 7th Tour of 7th Tour, a banda se apresentou pela Europa e Estados Unidos, e o ápice desta tour foi a apresentação no lendário Monsters of Rock, que era realizado no autódromo de Donnington Park, na Inglaterra. Só para que o leitor mais novo tenha ideia, esse festival era o que hoje é o Wacken Open Air e que neste mês de abril terá uma edição brasileira, depois de 25 anos. Entre 2012 e 2014, o Iron refez essa mesma turnê, chamada de Maiden England Tour.

O play marcava a despedida temporária do guitarrista Adrian Smith. Ele ainda faria a turnê e ficou até a pré-produção antes do sucessor, “No Prayer for the Dying“. Ficaria 9 anos fora, retornando junto com Bruce Dickinson, assim fazendo parte do lineup que perdura até os dias atuais. Na ocasião, ele estava insatisfeito com o direcionamento musical que a banda estava tomando e ele explicou isso. Vamos abrir aspas para o guitarrista.

“(Eu) achava que estávamos indo na direção certa com os dois últimos álbuns e que precisávamos seguir em frente, e simplesmente não, não me sinto assim”.

Seventh Son of a Seventh Son” foi o segundo álbum da Donzela a alcançar o topo das paradas britânicas, sendo “The Number of the Beast” (1982) o primeiro. A banda repetiria dose por mais três oportunidades, com “Fear of the Dark” (1992), “The Final Frontier” (2010) e “The Book of Souls” (2015). Além disso, o álbum ficou em 1° na Finlândia, 2° na Holanda, Suécia e Suíça, 3° na Nova Zelândia e Noruega, 4° na Alemanha, 6° na Áustria e 12° na Billboard 200. Foi certificado com Disco de Ouro no Estados Unidos, Reino Unido, Suiça e Alemanha, e com Platina no Canadá.

Em Outubro de 1995, uma semana depois do lançamento de “The X- Factor“, o álbum foi relançado pela Castle, trazendo um CD bônus, que trazia para os fãs versões de músicas como “Prowler“, “Black Bart Blues“, “Charlotte the Hariot“, além de faixas ao vivo como “The Clairvoyant“, “The Prisoner“, “Killers” e “Still Life“.

Um belo disco que completa três décadas e meia e segue como um dos nortes dessa que é uma das mais bem sucedidas bandas de Heavy Metal, em termos comerciais. Felizmente o Iron Maiden está ainda na ativa, lançando novos álbuns e fazendo turnês. No ano passado a banda fez alguns shows pelo Brasil e foi headliner da noite do Metal no Rock in Rio. Esse ano, Bruce Dickinson fará uma visita solo ao nosso país, onde se apresentará com uma orquestra e também fará palestra no Summer Breeze Brasil. Enquanto aguardamos um novo retorno da Donzela para estas terras tupiniquins, vamos escutando esse “Seventh Son of a Seventh Son“, que é um baita disco e merece todos os nossos confetes.

Seventh Son of a Seventh Son – Iron Maiden

Data de lançamento – 11/04/1988

Gravadora – EMI

 

Faixas:

01 – Moonchild

02 – Infinite Dreams

03 – Can I Play With Madness

04 – The Evil That Men Do

05 – Seventh Son of a Seventh Son

06 – The Prophecy

07 – The Clairvoyant

08 – Only The Good Die Young

 

Formação:

Bruce Dickinson – vocal

Steve Harris – baixo/ sintetizadores

Adrian Smith – guitarra/ sintetizadores

Dave Murray – guitarra

Nicko McBrain – bateria