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Memory Remains: Judas Priest – 14 anos de “Nostradamus”, a primeira obra conceitual e a despedida de K.K. Downing

Memory Remains: Judas Priest – 14 anos de “Nostradamus”, a primeira obra conceitual e a despedida de K.K. Downing

16 de junho de 2022


O Memory Remains deste feriado de Corpus Christi vai tratar de “Nostradamus” , o álbum de número 16 da carreira deste que é um dos pilares do Heavy Metal chamado Judas Priest e que neste 16 de junho completa 14 anos.

Há algumas diferentes datas de lançamento para este play: 13 de junho na Alemanha, 14 de junho na Austrália, 17 de junho no Canadá e Estados Unidos e 25 de junho no Japão. Estamos considerando a data de hoje, pois foi o dia do lançamento na terra natal da banda, o Reino Unido. O aniversariante do dia foi distribuído por três selos: Columbia, Sony Music e Epic.

É o único disco conceitual do quinteto. Como o nome sugere, é inspirado no alquimista e escritor francês Michel de Nostradame ou simplesmente Nostradamus (1503-1556), a quem diversas “profecias” lhe são atribuídas, como por exemplo a Revolução Francesa, a ascenção de Hitler, os governos ditatoriais e totalitários de Saddam Hussein e Muammar Khadafi, além de Osama Bin Laden, principal articulador dos ataques aéreos em 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos e que mudou completamente a geopolítica do mundo a partir de então.

Voltando a parte musical, a ideia de conceber um álbum dedicado a uma pessoa notável na história da humanidade partiu do empresário Bill Curbshiley. Ele, que já participou de álbuns conceituais para diversas bandas, principalmente para o The Who, apresentou a ideia para a banda no ano de 2005, quando a banda fazia sua turnê do álbum anterior, “Angel of Retribution“, que marcava o retorno do vocalista Rob Halford. O guitarrista K.K. Downing afirmou em entrevistas posteriores que 18 músicas foram gravadas, dando um total de mais de 90 minutos, dos quais ele não gostaria de abrir mão de muita coisa. Assim sendo, eles optaram em lançar um álbum duplo, com um total de 23 músicas, em 56 minutos no disco 1 e mais 46 no segundo disco, ultrapassando os 90 minutos que a banda havia estipulado anteriormente.

Então, findada a turnê, a banda se reuniu para gravação no The Old Smith Studio, na Inglaterra, entre os anos de 2006 e de 2007. A produção foi da dupla de guitarristas K.K. Downing e Glen Tipton. A arte da capa é assinada pelo artista Mark Wilkinson. Este foi o último álbum gravado por K.K. Downing, que anunciou sua aposentadoria, mas recentemente ele retornou às atividades com seu projeto solo. Mixagem e masterizacão aconteceram em dois estúdios em Amsterdã, capital holandesa, nos estúdios Bauwhaus e no Amsterdam Mastering.

Uma curiosidade: a faixa “Alone” foi originalmente escrita para entrar em “Angel of Retribution“, o álbum que antecedeu a este, porém, K.K. Downing não ficou satisfeito com o resultado obtidos nas gravações e a rejeitou. Contudo, voltou a trabalhqr novamente na música, afim de adaptá-la ao contexto do álbum. Todas as 23 faixas aqui são de autoria do trio Rob Halford, K.K. Downing e Glen Tipton. O álbum conta ainda com participações de Pete Whitefield, que tocou instrumentos de cordas e do tecladista Don Airey, atualmente no Deep Purple, mas com passagens pela banda de Ozzy Osbourne, Jethro Tull, Rainbow, Gary Moore, entre outros.

Musicalmente, o álbum é completamente diferente de tudo que o Judas Priest já tinha feito até então: eles apostaram em um Heavy Metal com infusão de elementos sinfônicos e atmosféricos, o que dividiu opiniões: muitos gostaram e alguns odiaram. Não chega a ser um álbum ruim e tem alguns bons momentos. Foi uma aposta alta do grupo, que não chegou a manchar sua reputação. Ainda assim, o álbum teve bom desempenho nos charts mundo afora: 3° na Finlândia, 5° na Alemanha e na Suécia; 9° no Canadá, 11° na “Billboard 200” (a melhor posição alcançada até então nos Estados Unidos, depois foi superado por “Reedmer of Souls“, que chegou ao 6° posto), 12° na Noruega e na Suiça; 13° na Áustria, 17° na Austrália e na Dinamarca; 26° na Itália e Espanha, 30° no Reino Unido; 31° na Nova Zelândia, 38° na Holanda e na França, 50° na Bélgica. Foi certificado com Disco de Ouro na Rússia, título que hoje certamente eles recusam, por óbvias razões.

Em junho de 2008, a banda saiu em turnê para divulgação do álbum, chamada de “2008/2009 World Tour“, onde eles percorreram os quatro cantos do planeta. Bandas como Megadeth, Testament, Heaven & Hell e Whitesnake em diferentes momentos como bandas de apoio. Ainda em 2009, eles iniciaram outra turnê, desta feita pela América do Norte, onde celebraram os 30 anos do clássico “British Steel“, tocando-o na íntegra. No mesmo ano, o quinteto lançou o álbum ao vivo “A Touch of Evil“, com registros das turnês dos álbuns “Angel of Retribution” e “Nostradamus“. Por muito pouco, esse não foi o último álbum da história do Judas Priest: em 2010, eles anunciaram a “Epitaph World Tour”, que iria sacramentar a aposentadoria do grupo. Depois, voltaram atrás e disseram que seria a última turnê mundial e que seguiriam na ativa. Felizmente, eles não cumpriram o que determinaram, pois seguem lançando álbuns e tocando mundo afora. Para nossa alegria, não é mesmo?

Eles cogitaram na época sair em turnê tocando o álbum na íntegra, porém, desistiram da ideia, muito em função da recepção morna por parte dos fãs e também pelo alto custo que envolveria a produção do show, pois eles queriam colocar atores no palco e fazer algo como a Trans-Siberan Orchestra. Por fim, tocaram apenas duas músicas deste álbum durante as turnês que se sucederam. Em 2020, no livro “Confess“, Rob Halford disse que é completamente satisfeito com o álbum e que espera que este se torne um clássico no futuro e que espera que um dia a banda venha a tocar o disco na íntegra.

Não se tornou um clássico, mas é um disco importante na história do Judas Priest, por ser um disco conceitual e ter esse direcionamento musical tão diferente. A banda retornou ao seu Heavy Metal tradicional depois, gravou bons discos, sobreviveram à essa pandemia, e tirando a polêmica recente envolvendo o guitarrista Andy Sneap, os caras seguem em plena atividade e isso é razão para comemorarmos não só os 14 anos de “Nostradamus“, mas também a oportunidade de viver na mesma geração desta banda que merece ser tombada pelo Patrimônio Histórico. Longa vida ao Judas Priest.

Nostradamus – Judas Priest

Data de lançamento – 16/06/2008

Gravadoras – Epic/ Columbia/ Sony Music

 

Faixas:

Disco 1:

01 – Dawn of Creation

02 – Prophecy

03 – Awakening

04 – Revelations

05 – The Four Horseman

06 – War

07 – Sands of Time

08 – Pestilence and Plague

09 – Death

10 – Peace

11 – Conquest

12 – Lost Love

13 – Persecution

 

Disco 2:

01 – Solitude

02 – Exiled

03 – Alone

04 – Shadows in the Flame

05 – Visions

06 – Hope

07 – New Beginning

08 – Calm Before the Storm

09 – Nostradamus

10 – Future of Mankind

 

Formação:

Rob Halford – vocal

K.K. Dowing – guitarra

Glen Tipton – guitarra

Ian Hill – baixo

Scott Travis – bateria

 

Participações especiais:

Don Airey – teclados

Pete Whitefield – cordas