Em 16 de julho de 2001, o Judas Priest lançava o seu 14º álbum de estúdio. E o incompreendido “Demolition” é o tema do nosso Memory Remains deste domingo.
Trata-se do primeiro álbum lançado pela banda no século 21. Era também o segundo, último com o vocalista Tim “Ripper” Owens e também o único a ter em sua capa o adeviso “Parental Advisory”, aquele que avisa aos pais sobre conteúdo explícito. No iTunes, as faixas “Machine Man” e “Metal Messiah” têm o aviso de material explícito.
A banda vinha do não muito bem aceito “Jugulator” e eles avaliaram o que foi feito de errado neste álbum, para não repetir o mesmo erro em “Demolition”. Então, eles resolveram acrescentar novas influências ao som da banda, como Groove e coisas mais modernas, aproximando-se e muito do New Metal. O resultado não foi tão bom, embora o play tenha seus bons momentos, ainda que a banda não traga quase nada do seu Metal tradicional e da NWOBHM.
O álbum levou dois anos para ser produzido. Desde 1999 a banda trabalhou na concepção de “Demolition” no “Silvermare Studios”, na Inglaterra, com o guitarrista Glenn Tipton responsável também pela pdorução e Sean Lynch co-produzindo. Pela primeira vez desde “Painkiller”, o Judas Priest acrescentaria o teclado em uma música, o que aconteceu em “A Touch of Evil”. E foi tocado por ninguém menos que Don Airey, o atual tecladista do Deep Purple e com passagens na banda de Ozzy Osbourne e Whitesnake, por exemplo.
Vamos colocar a bolacha para rolar e conferir cada uma das treze faixas. E as três primeiras abrem em grande estilo: “Machine Man” abre o disco com ótimos trabalhos da dupla de guitarristas Glenn Tipton e KK. Dowing e o baterista Scott Travis. Uma música poderosa, pesada e arrebatadora. “One on one” é um baita Hard Rock para ninguém botar defeito e aqui novamente as guitarras ditam o ritmo com ótimos riffs. “Hell is Home” dá sequência a esse Judas Priest moderno, em uma música densa e pesada, mesmo sendo completamente diferente do som habitual da banda, me agrada demais essa faixa.
“Jekyl and Hyde” é puxada para o Hard Rock e embora não comprometa, ela também não cresce. E é a partir daí que o disco começa a se perder. “Close to You” é uma balada e embora ela tenha muita harmonia, a sua melancolia não contribui para que o álbum volte ao brilho das três músicas iniciais. “Devil Digger” é bem pesada e carregada de atmosfera, superando e muito as duas músicas anteriores, se bem que não precisava de muito esforço para tal, sem desmerecer essa faixa.
“Bloodsuckers” é uma tentativa de retorno ao Judas Priest raiz, porém, com muita modernidade acrescentada a sonoridade. Não ficou ruim. E aqui destaco os agudos de Tim “Ripper” Owens. “In Between” é pesada e dramática, por vezes carregada de Groove. Também moderna, como a banda tentou se mostrar no início deste século. “Feed on me” é outra faixa Hard, com bons riffs, sobretudo no meio da música. E aqui impressiona como o vocal de Owens se assemelha a do imortal Ronnie James Dio.
“Subterfuge” tem flertes intensos com o New Metal, o que soa ridículo para uma banda que é um dos pilares do Heavy Metal. Faixa desnecessária. “Lost and Found” é uma balada bonitinha, mas que não tem nada de mais. E nem de menos. “Cyber Face” é arrastada, carrega um certo peso e muita atmosfera. Não chega a comprometer. “Metal Messiah” encerra o play com uma boa faixa em que o Groove come solto junto com o peso. Acaba salvando um disco bem mediano.
A versão japonesa do aniversariante de hoje tem uma faixa bônus, “What’s my Name”. A versão em digipack tem duas faixas a mais: “Rapid Fire” e “The Green Manalishi”, enquanto que a versão australiana tem estas três faixas como bônus. Os resultados deste álbum fizeram com que a banda trouxesse de volta o eterno vocalista Rob Halford, que segue com a banda até os dias atuais. “Demolition” teve um desempenho satisfatório nos charts ao redor do mundo: 50º lugar na Áustria, 72º na França, 16º na Alemanha, 55º na Suécia, 72º na Suíça e 165º na “Billboard 200”.
Tim “Ripper” Owens afirmou certa vez que gostaria de regravar tanto o aniversariante do dia quanto seu antecessor, “Jugulator“, pois entende que sua passagem pela banda foi apagada. E provavelmente tem razão, pois desde que Rob Halford retornou ao Judas, as músicas da fase Ripper Owens são ignoradas, ainda que o Metal God tenha afirmado que não se importaria de cantar as músicas desta fase.
Em 70 minutos, temos um álbum que se está longe dos grandes momentos do Judas Priest, como dito nos primeiros parágrafos, ele não é de todo desprezível e tem seus bons momentos, sobretudo nas três primeiras faixas e na que encerra a obra. Sim, destacar quatro em treze faixas é muito pouco, mas ele faz parte da história da banda. Desejamos uma longa vida ao quinteto britânico, que segue na ativa, passou como uma avalanche pela pandemia e segue na ativa. Hoje é dia de celebrar esse play, colocando-o para tocar no volume máximo.
Demolition – Judas Priest
Data de lançamento – 16/07/2001
Gravadora – SPV/ Atlantic Records
Faixas:
01 – Machine Man
02 – One on One
03 – Hell is Home
04 – Jekyll and Hyde
05 – Close to You
06 – Devil Digger
07 – Bloodsuckers
08 – In Between
09 – Feed on Me
10 – Subterfuge
11 – Lost and Found
12 – Cyberface
13 – Metal Messiah
Formação:
Tim “Ripper” Owens – Vocal
KK. Dowing – Guitarra
Glenn Tipton – Guitarra
Ian Hill – Baixo
Scott Travis – Bateria
Participação especial:
Don Airey – Teclado