Memory Remains

Memory Remains: King Diamond – 16 anos de “Give me Your Soul… Please” e a indicação para o Grammy

26 de junho de 2023

Há 16 anos, em 26 de abril de 2007, King Diamond lançava “Give me Your Soul… Please“, o 12° e até então o último álbum lançado pelo mestre e que é assunto do nosso Memory Remains desta segunda-feira. Vamos contar um pouco da história deste disco que é uma verdadeira obra prima, tanto em termos musicais quanto na parte lírica.

King estava em plena atividade, fazendo bastante shows e celebrando os bons frutos de seu álbum anterior, o poderosíssimo “The Puppet Master” (2003) e com a formação estabilizada que já se encaminhava para o terceiro álbum seguido sem quaisquer mudanças. Na companhia de J.T. Longoria, que nos álbuns anteriores participou da engenharia de som e mixagem, atuava como produtor. Três estúdios foram utilizados para a gravação do play: o Los Angered Recording, em Gotemburgo, Suécia, o Nomad Recording Studios, em Dallas, Texas e Solnasound Recording, na Suécia, sendo este último utilizado somente pelo guitarrista Mike Wead.

A capa do disco, linda e assustadora, retrata uma jovem garota toda ensanguentada, segurando um par de olhos, enquanto os nomes da banda e do álbum aparecem escritos com o mesmo sangue que está impregnado na menina. A imagem é inspirada em uma pintura chamada “My Mother Eyes“. A história do álbum gira em torno de um casal de irmãos que foram mortos, com o menino indo para o inferno e a menina decide procurar por uma alma para acompanhá-la até o céu.

Durante o desenrolar do disco, o próprio King Diamond entra na história. Não só ele, como seu gato preto, a música “Never Ending Hill” retrata esse fato. A garota tenta entrar em contato com King, mas só consegue assustá-lo, essa parte é contada em “Is Anybody Here?” e “Black of Night“. O autor revela que conseguiu entrar em contato com a garota através de um ritual de magia negra (“The Cellar” e “Pictures in Red“), onde a menina lhe conta que seu pai matou o irmão com um machado, assim justificando a sua roupa suja de sangue, e depois a sufocou até a morte. A garota precisa de uma alma sem pecados e no primeiro momento queria a alma de King, mas não seria possível pois o nosso mestre estava cheio de pecados.

A história termina contada na faixa derradeira, “Moving on“, onde o verso final cantado por King diz “i’m moving to THIS house” (estou indo para esta casa), o que significa que a garota está indo para a casa do ouvinte afim de conseguir a alma da qual ela necessita, dando a entender que ela vaga até hoje procurando por essa alma pura e sem pecados. Aterrorizante, não é mesmo, caro leitor? É uma história que só o nosso mestre King Diamond consegue escrever e transformar um conto de terror em música como poucos na cena.

Musicalmente falando, o álbum certamente é um dos melhores de toda a carreira do velho King. São 13 faixas em 53 minutos, onde ele, muito bem acompanhado, principalmente pelo seu companheiro de sempre, Andy LaRocque, nos brinda com um ótimo álbum de Heavy Metal, onde em vários momentos as influências da NWOBHM que sempre o acompanhou, se mostram presentes aqui e acolá. Os grandes destaques vão para “Never Ending Hill“, “Is Anybody Here?“, “The Floating Head“, além da própria faixa título, sem desmerecer as demais.

O álbum foi muito bem recebido, chegando a 174ª posição na “Billboard 200”. Na Finlândia o álbum chegou ao 25° lugar, e na Suécia chegou ao 28° posto. A faixa “Never Ending Hill” foi indicada para o Grammy na categoria “Melhor Performance Metal“, mas acabou perdendo para “Final Six“, do Slayer. Colaborou para a boa recepção, o fato de eles terem produzido um videoclipe para a faixa título, que veiculou no programa Headbanger’s Ball, da MTV estadunidense.

O aniversariante do dia foi o último a contar com o baixista Hal Patino, que deu lugar a Pontus Egberg. Desde então, King Diamond realizou shows, precisou dar uma pausa em sua carreira para colocar uma ponte de safena, pois várias de suas artérias foram entupidas pelo seu hábito de fumar. O procedimento foi um sucesso e depois disso o mestre King realizou algumas aparições públicas. Muito tem se falado de um próximo álbum da banda, intitulado “The Institute“, ainda sem data prevista para lançamento. Enquanto o vindouro álbum não chega, nós vamos prestando aquela homenagem a esse belo álbum que é “Give me Your Soul… Please“, colocando-o para tocar no volume máximo enquanto torcemos para que King volte com seu novo play e siga fazendo shows. Ele é muito importante para a cena e os fãs precisam de sua arte.