Em 20 de junho de 2000, King Diamond lançava o nono disco em sua carreira paralela ao Mercyful Fate. Essa carreira paralela que se iniciou quando a sua banda principal entrou em hiato, acabou sendo muito bem sucedida e o nosso mestre seguiu levando as duas bandas concomitantemente.e no Memory Remains desta segunda-feira vamos falar sobre “House of God”, o álbum onde o mestre King conta, a partir da sua visão, o que realmente aconteceu com Jesus Cristo a partir do que é relatado na Bíblia,
Então baseado na história criada por King, em que Cristo não teria morrido na cruz e sim escondido em algum lugar, sendo descoberto por alguém, é que o enredo desta obra vai se desenvolvendo em treze faixas e pouco mais de 51 minutos de uma audição pra lá de agradável. Mas ainda não será agora que vamos falar musicalmente do aniversariante de hoje.
A banda sofreu duas pequenas mudanças em seu lineup entre o seu disco sucessor, “Voodoo” (1998) e o guitarrsta Glen Drover (sim, aquele mesmo que anos mais tarde tocaria no Megadeth) e irmão do baterista Shawn Drover, que tamém tocou com Dave Mustaine, se tornaria o novo parceiro do genial Andy LaRocque; além disso, o baixista David Harbour ocuparia a lacuna deixada por Chris Estes, É o único trabalho gravado por Glen e David.
Então a nova formação se reuniu no Nomad Recording Studio, no Texas, entre os meses de fevereiro e abril de 2000, onde o álbum foi gravado e mixado, tendo King Diamond, Andy LaRocque e Kol Marshall na produção. Algumas gravações adicionais ocorreram na cidade de Gotemburgo, na Suécia, mais precisamente no Los Angered Recording. A arte de capa, linda, por sinal, com uma coroa de espinhos e uma imagem sinistra do que parece ser de uma caricatura da ossada Cristo, assinada por Brian J. Ames. Vamos abrir a bolacha e destrinchar faixa por faixa.
“Upon the Cross” é uma intro bem sombria e dura menos que dois minutos. E logo os maravilhosos riffs de Andy LaRocque chegam com todo o vigor em “The Teres Have Eyes”, um verdadeiro petardo que viaja entre o Metal e o Hard. Excelente.
“Follow the Wolf” começa sem muita pretensão, mas logo ela cresce, ganha peso, fica densa, com outra ótima performance de Andy LaRocque. A faixa título chega e traz como melodia o seu carro chefe, mas há momentos atmosféricos e até um certo peso, tudo na medida certa.
Jimmy Hubbard/Divulgação
“Black Devil” traz de novo a banda navegando entre os mares do Hard e do Heavy, com ótimos riffs pesados, fazendo-nos lembrar do Megadeth da fase “Youthanasia”. “The Pact” é muito influenciada peka NWOBHM, mas com traços modernos e um solo bem Hard Rock Glam.
“Goodbye” é uma intro com menos de dois minutos onde King Diamond canta com um teclado bem sinistro. Logo logo o peso retorna com “Just a Shadow”, um Hard Rock bem divertido, além de solos muitíssimo bem elaborados. “Help!” é muito pesada e conta com teclados que deixam o clima ainda mais Dark, além da interpretação de King Diamond, em uma performance em que nos passa desespero. Os timbres de guitarra aqui são ótimos.
Temos “Passage to Hell” que é mais uma vinheta, com Diamond falando enquanto notas aterrorizantes no teclado são destiladas. Tudo isso em menos de dois minutos, porque logo as guitarras retornam com tudo em “Catacomb”, uma música que novamente traz as influências da NWOBHM, ainda que num compasso um pouco mais adiantado, porém, com quebras de andamento em algumas partes onde reinam os riffs pesados e os solos cheios de melodia do monstro Andy LaRocque.
“This Place ia Terrible” já é mais Hard Rock e temos aqui mais doses cavalares de peso e solos muitíssimo bem elaborados. E “Piece of Mind”, que encerra a obra tem duetos de guitarra em uma música bastante melancólica, em pouco mais de dois minutos, sem a presença de King onde temos uma espécie de epílogo desta história fascinante contada pelo nosso mestre ao longo do play.
Depois desta audição, nós procuramos palavras para descrever , o que, na opinião pessoal deste redator que vos escreve, se não trata-se da melhor obra da banda de King Diamond, sem desmerecer os grandes clássicos de sua carreira como a obra-prima “Abigail”. Tudo o que pessoalmente me fascina no Heavy Metal eu encontro aqui: peso, melodia, lindos timbres de guitarra e tudo milimetricamente calculado, soando o mais limpo possível. A produção, claro, foi primordial para o resultado alcançado aqui.
King Diamond, tanto em sua carreira solo quanto no Mercyful Fate, nunca foi de ter suas obras alcançando boas posições e sendo sucesso nas paradas musicais. Até porque o estilo de música, sabemos, é bem distinto do que o público consome. Mas mesmo longe do mainstream, “House of God” alcançou a posição de número 60 na Suécia, país vizinho ao de nascimento do nosso mestre, que acabou de completar 66 anos bem vividos, no último dia 14.
Temos uma verdadeira aula de Heavy Metal completando mais um ano de lançamento, outro disco que vai envelhecendo bem. Fica a sugestão do som para que o leitor possa aproveitar hoje nesta data, escutando o play no talo e nos orgulhando por ter nascido na mesma geração desta referência do Heavy Metal.
House of God – King Diamond
Data de lançamento – 20/06/2000
Gravadora – Massacre Records
Faixas:
01 – Upon the Cross
02 – The Trees Have Eyes
03 – Follow the Wolf
04 – House of God
05 – Black Devil
06 – The Pact
07 – Goodbye
08 – Just a Shadow
09 – Help!
10 – Passage to Hell
11 – Catacomb
12 – This Place is Terrible
13 – Peace of Mind
Formação:
King Diamond – Vocal
Andy LaRocque – Guitarra/Teclado
Glen Drover – Guitarra
David Harbour – Baixo
John Luke Hebert – Bateria
Participação especial:
Kol Marshall – Teclados adicionais