Memory Remains

Memory Remains: King Diamond – 37 anos de “Fatal Portrait” e a estreia solo depois da separação do Mercyful Fate

Memory Remains: King Diamond – 37 anos de “Fatal Portrait” e a estreia solo depois da separação do Mercyful Fate

17 de fevereiro de 2023


Há 37 anos, mais precisamente em 17 de fevereiro de 1986, iniciava-se oficialmente a carreira solo do grande King Diamond, com o lançamento de “Fatal Portrait“, que é assunto do nosso Memory Remains desta sexta-feira. Vamos contar um pouco da história deste discaço.

Mas antes de falarmos do disco aniversariante do dia, é preciso voltar um pouco no tempo. A banda principal de King, o Mercyful Fate estava em crise entre seus membros, desde o lançamento do álbum “Don’t Break the Oath”, em 1984. A crise de dava por divergências musicais. Em 1985, a banda se separaria e o frontman montaria seu projeto ao lado dos companheiros Michael Denner e Timi Hansen, recrutando o guitarrista Andy LaRocque, que entrou na banda quando King já estava em estúdio gravando este play e permanece parceiro do frontman até os dias atuais. O baterista Mikkey Dee também foi recrutado para esta empreitada.

Banda formada, então era hora de todos adentrarem ao “Soundtrack Studio“,  em Copenhagen, no mês de julho de 1985, com King Diamond e Rune Hoyer assumindo a produção da bolacha. Ao contrário dos demais álbuns de King Diamond, “Fatal Portrait” não é um álbum conceitual. Apenas três faixas falam sobre o tema do disco, são elas: “The Candle“, “Dressed in White” e “Haunted“, enquanto que as demais falam sobre outros assuntos.

Ainda que não se trate de um disco conceitual, temos as primeiras quatro canções que formam um conto. O Narrador vê um rosto em “cada vela que [ele] queima”. Este rosto fala uma palavra para ele: “Jonas”. Então ele encontra um livro antigo, fala uma rima e liberta o espírito da vela. É o espírito de uma garotinha chamada Molly, que conta a ele sua história, que aconteceu sete anos antes. A Sra. Jane manteve sua filha de 4 anos, Molly, no sótão até que ela (Molly) morreu. Antes, a Sra. Jane pintou o retrato de Molly e o colocou acima da lareira, para que Molly se tornasse imortal; no entanto, Molly fez o retrato falar com sua mãe, para que Jane soubesse sobre a dor de Molly. Mrs. Jane então fala uma rima e queima o retrato. Um espírito livre de Molly retorna para assombrá-la até que ela enlouqueça.

Vamos destrinchar as faixas deste play, como de costume. “The Candle” abre o disco com uma intro pra lá de perturbadora, mas a música se desenvolve bem e claro, não difere muito de sua ex-banda, afinal, temos aqui três membros que fizeram parte da história do Mercyful Fate. E essa faixa é um metalzão para ninguém botar defeito. “The Jonah” é mais trabalhada e com um andamento mais cadenciado em relação à primeira faixa, causando uma excelente impressão no ouvinte.

The Portrait” nos remete à NWOBHM com excelentes riffs cavalgados de guitarra e boas linhas de baixo que duelam com a dupla Andy LaRocque e Michael Denner. Essa é a minha favorita do play. “Dressed in White” mantém a mesma pegada da faixa anterior, porém, com destaque para os solos de Michael Denner, que ficaram sensacionais.

Charon” tem ótimos riffs, que aqui flertam com o Hard Rock e o destaque é para Mikkey Dee e sua bateria; O cara estava inspiradíssimo aqui. “Lurking in the Dark” é uma música típica dos anos 1980, com muita pegada e os vocais de King se destacando, enquanto que “Halloween”, traz bastante peso e riffs sombrios, além de mais solos bem elaborados.

Voices From the Past” é uma instrumental rápida e maravilhosa, com excelentes linhas de guitarra e “Haunted” fecha o disco de maneira bem honesta, sendo uma bela canção, onde novamente os destaques são as guitarras duelando com o baixista Timi Hansen, que fez um excelente trabalho neste disco.

Em pouco mais de 37 minutos, temos um excelente disco, que, se não é tão aclamado quanto os sucessores, “Abgail” (1987) e “Them” (1988), mas tem o seu valor. Era apenas a estreia da carreira solo desta fera. O álbum vendeu cerca de cem mil cópias somente nos Estados Unidos. O título da obra foi retirado do livro “The Picture of Dorian Grey“, lançado pelo escritor Oscar Wilde em 1890.

Como Andy LaRocque entrou na banda já quando eles estavam em estúdio, esse é o único álbum em que o guitarrista não foi creditado como compositor principal ao lado do mestre King, como aconteceu nos demais álbuns lançados. E o solo que ele gravou para “Dressed in White” foi uma espécie de teste para o talentoso guitarrista entrar na banda.

Em 8 de novembro de 2003, o play foi relançado como parte de uma série que a Roadeunner soltou no mercado, trazendo álbuns remasterizados, juntamente com o álbum “Abigail“. Antes disso, o álbum foi relançado em 1997 trazendo duas faixas bônus: “No Presents for Christmas” e “The Lake“.

Portanto, vamos reverenciar o disco que hoje envelhece e envelhece muitíssimo bem, obrigado. Longa vida ao mestre King Diamond e que possamos ver esta lenda do Heavy Metal em ação dentro em breve.

Fatal Portrait – King Diamond

Data de lançamento: 17/02/1986

Gravadora: Roadrunner

 

Faixas:

01 – The Candle

02 – The Jonah

03 – The Portrait

04 – Dressed in White

05 – Charon

06 – Lurking in the Dark

07 – Halloween

08 – Voices From the Past

09 – Haunted

 

Formação:

King Diamon – Vocal

Andy LaRocque – Guitarra

Michael Denner – Guitarra

Timi Hansen – Baixo

Mikkey Dee – Bateria