Na sexta-feira da semana passada nós fizemos uma homenagem ao primeiro disco da banda solo de King Diamond, “Fatal Portrait“. A bola da vez desta sexta-feira pós-carnaval é “Voodoo”, o oitavo álbum desta figura tão querida no Heavy Metal e que hoje completa 1/4 de século.
Como de praxe, trata-se de um álbum conceitual, na qual King trata de uma história no ano de 1932 protagonizada pela família Lafayette, que tem em Sarah um dos personagens centrais e que está grávida. A família muda-se para uma casa ao norte do rio Mississipi, que fica ao lado de um cemitério de vudu e a partir daí uma longa sequência de eventos se sucedem, com direito a sessões de exorcismo e tudo termina quando a família se muda do local e Sarah dá luz a um menino que fala ao contrário.
“Voodoo” marca a estreia do baterista John Luke Hérbert e as despedidas do guitarrista Herb Simonsen e também do baixista Chris Estes. A banda embarcou para Dallas, no Texas, onde gravou quase que a totalidade do álbum no “Norman Recordings Studio”, onde também aconteceu a mixagem e masterização. Gravações adicionais aconteceram no “Los Angered Recording“, na cidade de Gotemburgo, Suécia. A dupla King Diamond e Andy LaRocque mais uma vez assinou a produção da bolacha. Vamos passear pelas quatorze faixas que compõem esse play:
“Louisiana Darkness” é uma intro bem sombria com menos de dois minutos de duração. Logo chega a maravilhosa “LOA House”, com seus riffs espetaculares, nos brindando com o melhor que a inspiração na NWOBHM pode nos proporcionar. “Life After Death” é muito pesada e com um clima bem dark e muito disso é responsabilidade dos teclados que foram tocados por King Diamond e Andy LaRocque. Os riffs deste em parceria com Herb Simonsen também dão o clima que a música precisava. É a minha preferida do play.
A faixa título chega acompanhada de batidas tribais que vez ou outra dão espaços para uma pegada mais Heavy Metal em outra faixa que chama bastante atenção, inclusive pelo solo muito bem executado por um participante mais que especial: ninguém menos que o saudoso e espetacular Dimebag Darrell. A performance de King Diamond repetindo a frase Voodoo incessantemente e de maneira dramática é outra coisa que faz desta uma faixa diferenciada.
“A Secret” tem ótimos riffs na sua intro, que flertam até mesmo com o Speed/Thrash, para espanto do ouvinte. E esses riffs reaparecem na música, fazendo parte da mudança de andamento, já que a faixa é típicamente NWOBHM. “Salem“, a faixa que trata de um dos personagens da trama, o criado da casa, que ao contrário da família Lafayette, é praticante do vodu e acaba por conspirar contra seus patrões. A faixa tem ótimos e cavernosos riffs, um solo ainda mais espetacular, deixando a música no mesmo nível alto ao qual o play se propôs desde o início.
“One Down Two to Go” começa com belos acordes de violão acompanhando a voz de King Diamond, dando a impressão de que se trata de uma balada… Só que não. Logo entram as guitarras pesadas e são elas quem vão ditando o ritmo e quanto a faixa se desenvolve, alternando riffs mais rápidos e outros mais cadenciados. Outra ótima canção.
“Sending of Death” é densa na major parte do tempo, mas há espaço para inclusão dos teclados e de breves partes mais NWOBHM. A música não chega a ser tão ótima quanto as anteriores. Mas também não é uma música ruim. “Sarah’s Night” traz um teclado bem sombrio em sua intro e o clima segue assim durante a música, com o teclado alternando posições com as guitarras na predominância.
“The Exorcist” tem uma pegada bem Prog que agrada bastante. Além de ser um pouco diferente do que King Diamond costuma fazer. Há espaço para uns riffs pesados no meio disso tudo, deixando a faixa ainda melhor. “Unclean Spirits” é uma breve intro tocada em um teclado bem medonho, acompanhado do mestre King recitando a letra de maneira emocionante.
“Cross of Baron Samedi” tem uma pegada mais Hard Rock no seu início, mas a medida que a faixa se desenvolve, retornam as influências do Heavy Metal britânico e deixam a música excelente. E assim esses dois andamentos vão trocando posições durante a duração e cabe até uma inserção daquelas partes bem fúnebres, com o órgão, que só King Diamond sabe bem fazer. Essa é na prática, a última música do álbum.
Porque as duas faixas seguintes são vinhetas: “If They Only Knew” com pouco mais de 30 segundos e “Aftermath” com menos de dois minutos e em ambas apenas King Diamond recitando o desfecho final da história com o órgão acompanhando. Existe uma versão deste álbum em que a faixa “Unclean Spirits”, tocada ao contrário, está inserida, escondida, após oito minutos de silêncio ao término de “Aftermath“. Isso nos leva a concluir que a faixa tocada desta maneira representa o filho de Sarah que nasceu falando a língua ao contrário.
Em 51 minutos temos um álbum bem coeso e que não traz nada mais do que sempre esperamos de King Diamond: um Heavy Metal puro e honesto, com suas ricas histórias contadas em cada álbum que lança. Um álbum muito acima da média. “Voodoo” é um dos discos mais bem sucedidos comercialmente em toda a carreira de King Diamond e figurou nas posições de número 27 e 55 nas paradas finlandesa e sueca, respectivamente.
Enfim, um grande disco que envelhece e o faz muito bem. Hoje é dia de celebrar as bodas de prata e também ouvir esse álbum no volume máximo enquanto aguardamos pelo lançamento do futuro novo álbum de King Diamond, “The Institute“, cujas gravações já acontecem há quase cinco anos. Um novo álbum e uma turnê seriam muito bem-vindos.
Voodoo – King Diamond
Data de lançamento – 24/02/1998
Gravadora – Massacre Records
Faixas:
01 – Louisiana Darkness
02 – LOA House
03 – Life After Death
04 – Voodoo
05 – A Secret
06 – Salem
07 – One Down Two to Go
08 – Sending of Dead
09 – Sarah:s Night
10 – The Excorcist
11 – Unclean Spirits
12 – Cross of Baron Samedi
13 – If They Only Knew
14 – Aftermath
15 – Unclean Spirits (faixa escondida, tocada ao contrário)
Formação:
King Diamond – vocal/ teclado/ cravo
Andy LaRocque – guitarra/ teclado
Herb Simonsen – guitarra
Chris Estes – baixo
John Luke Hérbert – bateria
Participação especial:
Dimebag Darrell – guitarra solo em “Voodoo”