O Memory Remains desta segunda-feira traz um clássico do Rock and Roll, que completa 45 anos. Trata-se de “Destroyer”, o clássico e premiado álbum, o quarto na carreira dos mascarados do Kiss.
Logo de cara, devo avisar ao caro leitor que o Kiss nem de longe é uma das minhas bandas favoritas, mas eu não tenho como desprezar a grandeza da banda e escrever sobre “Destroyer” é uma forma de demonstrar meu enorme respeito pelo o que o quarteto fez em sua longeva carreira.
O Kiss vinha do gigantesco sucesso que foi o álbum “Alive!”, gravado durante a turnê do álbum “Dressed to Kill”. Com um número de vendas impressionante, o quarteto resolveu entrar em estúdio com a finalidade de gravar um novo álbum que pudesse capturar a mesma energia de uma apresentação ao vivo. E é isso que podemos perceber no aniversariante do dia.
Para conseguir tal sonoridade, foi recrutado o produtor Bob Ezrim, conhecido por ter trabalhado com Alice Cooper. E ele foi o grande responsável pela inclusão de elementos como os corais, as vozes de garotos e também pelas orquestrações, estas, ficaram a cargo da Orquestra Filarmônica de Nova Iorque. Para dar um clima de show ao vivo, o som ficou bastante rústico, cru, o que é possível notar em praticamente todas as faixas.
Assim, entre janeiro e fevereiro de 1976, banda e produtor se trancaram no Record Plant Studios para registrar a obra, que foi lançada pela Casablanca Records. Vamos dar um passeio pelas dez faixas que marcam presença em “Destroyer”.
A abertura do play se dá com a clássica “Detroit Rock City”, que tem uma intro bem demorada, com mais de um minuto e meio. Mas quando os caras resolvem tocar, temos uma boa canção, com muita energia, destacando as viradas insanas de Peter Criss e as linhas de baixo interessantes de Gene Simmons. Não há como não tirar o chapéu para essa música. Ainda mais pelo fato dessa música ser uma homenagem a um fã que morreu em um acidente automobilístico enquanto se dirigia a um show da banda.
King of the Night Time World tem riffs sujos e um clima que flerta com o Rock Progressivo, muito por conta do baixo de Gene Simmons que dá essa impressão. “God of Thunder” é uma espécie de blues bem atmosférico. O timbre da guitarra segue sujo, como é a proposta da banda por aqui. Chega a vez da balada e ela atende pelo nome de “Great Expectations”, que conta com um belo coral de garotos ajudando a abrilhantar a música. “Flaming Youth” encerra a primeira parte da bolacha nos trazendo um Rock setentista em uma faixa que tem menos de três minutos, tendo a primeira participação de Dick Wagner, sendo o solo de sua responsabilidade.
Kiss/Divulgação
Temos “Sweet Pain” e seu clima psicodélico abrindo a metade final do álbum. Aqui temos Dick Wagner ,ais uma vez emprestando seu talento no solo. “Shout It Out Loud” aposta em um Hard Rock Rock com um refrão bem grudento. “Beth” é uma bela canção, com a participação da Orquestra Filarmônica de Nova Iorque, e os teclados do produtor Bob Ezrim, fazendo com que a música ficasse com um brilho diferente em ralação às demais, além de uma sonoridade limpa, além de nova participação de Dick Wagner, desta vez tocando violão.
Em “Do You Love me?” temos o Kiss apostando no Classic Rock e esse é um dos bons momentos do álbum. A última faixa, “Rock ‘N’ Roll Party” está escondida e é uma vinheta de encerramento e aqui temos a repetição do coral da faixa The Great Expectation, além de uma frase recitada por Paul Stanley.
E depois de apenas 34 minutos temos um disco que é um dos mais importantes da carreira dos mascarados e de fundamental importância para quem admira o som dos caras e o Rock and Roll de maneira geral. O sucesso foi tanto que rendeu a primeira turnê fora dos Estados Unidos. A banda fez uma série de shows pela Europa naquele ano de 1976.
“Destroyer” foi colecionando boas posições nos charts ao redor do mundo: 4° na Suécia, 6° na Austrália e no Canadá, 11° na Billboard 200, 13° na Suiça, 16° na Nova Zelândia, 17° no Japão, e por aí vai. Não somente isso, foi certificado com duplo disco de Platina pela RIAA e no ano de 2012, contabilizava 7 milhões de cópias vendidas, mas certamente esse número é superior nos dias atuais.
A revista “Rolling Stone” classificou o álbum na posição número 489 em sua lista dos 500 Melhores álbuns de Todos os Tempos e a também revista americana “Blender” colocou “Destroyer” na posição de número 50 em sua lista dos 100 melhores álbuns estadunidenses de todos os tempos. Nada mal, não é mesmo?
No ano de 2012, “Destroyer” foi relançado com a capa que deveria ter sido de conhecimento do público na época de seu lançamento, o que não ocorreu porque a gravadora entendeu que era violenta demais. Este relançamento ganhou o nome de Destroyer Resurrected. O leitor pode conferir as duas capas mais abaixo.
Enfim, temos a celebração de um clássico de uma banda que está encerrando suas atividades. Antes da pandemia, o Kiss realizava a sua turnê de despedida. Ainda que a banda tenha cometido alguns equívocos como a utilização de playbacks em apresentações ao vivo, o legado da banda não deve ser manchado. E “Destroyer” é a prova disso. Para os fãs, fica eternizada a vasta obra, para que seja escutada assim que a banda encerrar de vez as suas atividades.
O leitor lembra que lá no começo eu afirmei não ser um dos fãs do quarteto, mas reafirmo o meu respeito por eles, que são um dos pilares do Rock and Roll. Mas o meu respeito maior vai para Gene Simmons, que recentemente publicou em suas redes sociais uma piada sobre a estapafúrdia declaração do dublê de presidente Jair Bolsonaro de que quem tomasse a vacina contra a Covid-19 poderia se tornar um jacaré. O frontman mostrou que não faltou às aulas de iniciação no Rock, coisa que muito headbanger, inclusive no Brasil precisa se reciclar. Eu bato palmas para estes caras.
Destroyer – Kiss
Data de lançamento – 15/03/1976
Gravadore – Casablanca Records
Faixas:
01 – Detroit Rock City
02 – King of the Night Time World
03 – God of Thunder
04 – Great Expectations
05 – Flaming Youth
06 – Sweet Pain
07 – Shout It Out Loud
08 – Beth
09 – Do You Love me?
10 – Rock “N’ Roll Party
Formação:
Gene Simmons – baixo/vocal
Paul Stanley – guitarra/vocal
Ace Frehley – guitarra
Peter Criss – bateria
Participações especiais:
Dick Wagner – guitarra solo (Flaming Youth e Sweet Pain)/ violão (Beth)
Coral de garotos de Harlem – vocais (Great Expectations)
Orquestra Filarmônica de Nova Iorque – orquestrações (Beth)
David e Josh Ezrim – vocais (God of Thunder)
Bob Ezrim – teclados (Beth)