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Memory Remains: Kreator – 16 anos de Enemy of God e a afirmação nos anos 2000

Memory Remains: Kreator – 16 anos de Enemy of God e a afirmação nos anos 2000

10 de janeiro de 2021


Em 10 de janeiro de 2005, o Kreator lançava o seu décimo primeiro full-lenght. E “Enemy of God era uma reafirmação do bom momento em que a banda vivia naquele momento. A data comemorativa refere-se ao lançamento do álbum no continente europeu, uma vez que na América, o disco saiu no dia 11 de janeiro do mesmo ano.

Sabemos que depois do excelente (e virtuoso) Coma of Souls o quarteto alemão andou por caminhos opostos aos que foram trilhados pela banda desde os seus primórdios. E o resultado disto se deu em discos que não chegam a serem ruins, mas são bastante questionados.

Então a banda recrutou o mago Andy Sneap em 2003 para o antecessor, Violent Revolution”, que resgatou as raízes da banda. Eles foram na bola de segurança e mantiveram o super produtor para o sucessor, numa decisão que mostrou mais que acertada.

Todos se reuniram no estúdio Backstage Recordings” na cidade de Notthingam, entre maio e junho de 2004 para a gravação do “inimigo de deus”. A bolacha fora lançada pela Steamhammer. Vamos destrinchar faixa a faixa do aniversariante do dia.

A faixa título já chega trazendo o que todos esperamos do Kreator: riffs absurdamente espetaculares, velocidade, rispidez. Início melhor não poderia haver. “Impossible Brutallity” chega imponente e épica, em uma levada bem menos intensa quanto a faixa anterior, embora ela fique veloz por um breve período. Esta faixa é carregada de peso nas guitarras. E o baterista Ventor dá um show em seu bumbo duplo.

Carlos Pupo/Headbangers News

Suicide Terrorist” traz o velho Kreator com uma roupagem moderna, mas atenção, caro leitor. Quando eu falo moderna, não estou de qualquer maneira comparando a banda com estas coisas novas e horrendas que alguns insistem em chamar de Metal. E também se difere muito da modernidade sonora que a banda assumiu, sem sucesso, na década de 1990. Os riffs de Mille Petrozza são de levantar defunto. Ótimo som.

World Anarchy” é mais uma injeção de Thrash Metal moderno com riffs pesados e contagiantes. Ainda que tenhamos uma quebra no andamento que acaba destoando do restante da música. Mas para a nossa alegria, é bem breve. “Dystopia” segue pesada, mas difere-se das demais por dar uma pausa mas palhetadas rápidas. Aqui temos uma música bem atmosférica e que lembra um pouco o que a banda fez no passado, só que com uma qualidade infinitamente superior. A velocidade dá as caras de maneira efêmera no solo somente.

Voices of the Dead” tem um começo sombrio, dando uma falsa impressão de que teremos uma música chata, mas logo entram as guitarras e a bateria de Ventor nos mostrando que estávamos errados. A música tem aquele mesmo clima da faixa “Violent Revolution”, um solo bem interessante (N. do R: os caras do Kreator nunca foram exímios solistas, mas aqui eles acertaram a mão).

Murder Fantasies” devolve o Kreator moderno, mas sem perder o punch Thrash Metal. E aqui temos uma participação mais que especial: Michael Amott, a mente por trás do Arch Enemy, dá uma palhinha no segundo solo, que ficou maravilhosamente perfeito. É de longe a música mais divertida do álbum, por suas passagens.

When Death Takes It Domination” é a mais complexa faixa do disco. Começa com o mesmo clima das faixas do álbum Outcast (1997), no meio ela vira uma pancadaria Thrash Metal e Mille Petrozza volta a destilar sua fábrica de riffs. “One Evil Comes – A Million Follow” mantém a pegada do Kreator moderno sem descaracterizar seu Thrash Metal em uma música com bons riffs e muito bem estruturada.

Um dedilhado de violão anuncia a entrada de “Dying Rise Apocalypse”, nos dando a impressão de que os alemães irão nos brindar com uma balada, só que não. Logo entram riffs pesados que dão à música uma atmosfera única. O destaque aqui novamente são os bumbos duplos de Ventor. No refrão ela ganha fúria e fica épica no final. Uma música interessante. “Under a Total Black Sky” é uma divertida música que nos remete à fase do álbum “Coma of Souls”. Se trata de uma composição bem complexa, mas em que nenhum momento soa pedante ou maçante.

The Ancient Plague” faz o Kreator tirar o pé do acelerador no final de um disco que em sua maior parte foi veloz e agressivo. Mas esta música encerra muitíssimo bem um disco acima da média e que certamente está na galeria dos clássicos da banda. A música em questão é repleta de mudanças em seu andamento, em mais uma composição bastante complexa, onde o peso se faz muito presente.

Enemy of God” alcançou o 19º lugar nas paradas alemãs, 38º na Suécia, 45º na Áustria, 84º na França e 90º na Bélgica. Nada mal para um disco de música pesada e extrema, agora mais bem trabalhado e com o selo de qualidade do Kreator.

Temos em pouco mais de 55 minutos um belo disco, em que temos uma banda coesa, modernizando seu som sem perder sua agressividade clássica, mas também, com pitadas de elementos bons que a banda usou na década passada, Um disco que faz por merecer todos os confetes e só podemos desejar uma longa vida à maior banda de Thrash Metal da Alemanha, que tem, em seu frontman, Mille Petrozza, um antifascista que nos enche de orgulho.

Enemy of God – Kreator

Data de lançamento – 10/01/2005

Gravadora – Steamhammer

Faixas:

01 – Enemy of God

02 – Impossible Brutality

03 – Suicide Terrorist

04 – World Anarchy

05 – Dystopia

06 – Voices of the Dead

07 – Murder Fantasies

08 – When Death it Takes Domination

09 – One Evil Comes (A Million Follow)

10 – Dying Rise Apocalypse

11 – Under a Total Blackned Sky

12 – The Ancient Plague

Formação:

Mille Petrozza – vocal/ guitarra

Sami Yli-Sirniö – guitarra

Christian Giesler – baixo

Ventor – bateria

Participação especial:

Michael Amott – guitarra solo (faixa 7)