Memory Remains

Memory Remains: Kreator – 33 anos de “Coma of Souls”, as músicas complexas e preocupações com o social

6 de novembro de 2023

Há 23 anos, em 6 de novembro de 1990, o Kreator lançava “Coma of Souls“, o álbum número cinco na discografia dos antifas mais lindos da Alemanha e que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira, a primeira do mês.

O álbum é marcado por ser o último da primeira fase Thrash Metal do Kreator, já que durante a década de 1990, a banda também seria afetada pela crise de criatividade que afetou as bandas de Metal, fazendo com que eles testassem outras influências, o que, obviamente, não deu muito certo, uma vez que a partir dos anos 2000, eles retornaram com o som que os deixou popular. Marca também estreia do guitarrista Frank Blackfire, que entrou em lugar de Jörg Tritze.

Eles vinham da ótima repercussão do álbum anterior, “Extreme Aggression“, considerado por muitos como o melhor da banda. A parceria com o produtor Randy Burns foi repetida e assim sendo, todos foram para os estúdios registrar o aniversariante do dia. A banda ficou no Eldorado Recording Studios e também no Image Studios, ambos na Califórnia, durante o primeiro semestre de 1990. A mixagem foi no Music Grinder, também na Califórnia. Na Alemanha, o play foi lançado pela Noite Records, enquanto que a Epic lançou a bolacha no resto do mundo.

Musicalmente, apesar de ainda manter a pegada Thrash Metal com peso e muita agressividade, as canções são muito mais técnicas e a entrada do guitarrista Frank Blackfire tenha muito a ver com esse ganho. São dez músicas em 44 minutos e podemos destacar faixas como “People of the Lie“, a faixa título, essas duas ainda são tocadas com bastante frequência nos shows da banda. Outros bons momentos também estão em faixas como “When the Sun Burns Red“, “Hidden Dictator“, “Mental Slavery” e “Agents of Brutallity“. Mille Petrozza deu uma entrevista certa vez para a revista Rock Brigade que esse álbum era uma tentativa (N. do R: que deu certo) de mostrar que eles poderiam fazer música complexa.

Outro ponto a se destacar é o engajamento social da banda, ao abordar temas como o desequilíbrio climático, o neonazismo, as guerras. Assuntos que são ignorados por muitos ouvintes, que preferem difundir a frase que não faz o menor sentido: “ah, não podemos misturar música com política”. Lamento te informar, caro leitor, mas sim, a música é arte e como tal ela serve para dar voz ao artista, fazendo com que ela chegue ao maior número possível de pessoas e o mais importante, arte deve fazer com que possamos parar, refletir e concluir de que forma estamos contribuindo para um mundo melhor. Tem fã que não entendeu a mensagem de bandas como o Kreator, mas neste caso nós só podemos lamentar. Ou nem isso.

O álbum obteve excelente repercussão, tanto pela crítica especializada, quando recebeu elogios até mesmo da badalada “Billboard” e também da “Allmusic“. O público também respondeu muito bem, é um álbum querido pelos fãs. Particularmente, é o meu favorito de sempre da banda e sempre que penso no Kreator, meu cérebro automaticamente se refere ao aniversariante do dia. “Coma of Souls” chegou à 83ª posição nas paradas da Alemanha.

No ano de 2018, a Noise Records relançou o álbum em versão especial, remasterizada, em CD e vinil, contando com um disco bônus, onde uma apresentação da banda em Fürth, Alemanha, em 6 de dezembro de 1990, ou seja, um mês depois do lançamento do álbum. Durante esse período, eles produziram vários videoclipes, que foram veiculados na MTV, sobretudo no programa Headbanger’s Ball, o que ajudou a solidificar o nome da banda no cenário.

Apesar do período em baixa que a banda passou logo depois deste clássico, eles se resumiram e seguem no caminho do Thrash Metal. Ano passado a banda lançou o excelente “Hate Über Alles“, dando seu recado antifascista. E esse ano, quem pôde acompanhar a banda aí vivo, eles se apresentaram na primeira edição do Summer Breeze Brasil, e mostraram que ainda têm muita lenha para queimar. Então hoje é dia de celebrar esse baita disco enquanto comemoramos o fato de existirmos na mesma época que Mille Petrozza e Ventor, dois gênios do Metal alemão. Longa vida ao Kreator.