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Memory Remains: Lacuna Coil – 23 anos de ‘In a Reverie ” e a estreia certeira

Memory Remains: Lacuna Coil – 23 anos de ‘In a Reverie ” e a estreia certeira

8 de junho de 2022


https://youtu.be/G5TDKApEiAE

Neste 8 de junho, data triste para o Heavy Metal brasileiro, quando nos lembramos da partida do nosso inesquecível Andre Matos, o Lacuna Coil comemora o lançamento de seu álbum de estreia, “In a Reverie“, uma aposta da Century Media que deu certo e completa 23 anos, sendo tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira.

Formado no ano de 1994, o quinteto italiano se inspirou em bandas como Type O’ Negative, Depeche Mode, Tiamat, In Flames, entre outras, à época eles conseguiram uma sonoridade bastante única, ainda que naquele período chovia bandas com propostas parecidas. Poucas permanecem até hoje, ainda que o Lacuna Coil contemporâneo seja muito diferente dos seus primórdios. É sem dúvidas, o maior nome do Heavy Metal do país da bota, tendo inclusive, Cristina Scabbia, participado da versão italiana do The Voice, virando a cadeira (ou não) para os aspirantes a cantores que por lá se apresentavam, buscando um lugar ao sol como ela um dia buscou.

Scabbia entrou na banda depois que esta já estava em atividade. Namorada do baixista Marco Zelati, que sugeriu que a moça gravasse algumas participações. Ela não tinha nenhum contato anterior com o Heavy Metal, mas a partir daí, tanto a história de Scabbia quanto a do Lacuna Coil mudariam para sempre. O resultado foi tão bom que ela foi convidada a fazer parte da banda, que então passou a ter dois vocalistas: Andrea Ferro, que está na banda desde os primórdios, com seu vocal mais rasgado e a doce voz dessa diva, abrilhantando ainda mais as coisas.

Em 1997, eles conseguiram um contrato com a Century Media, lançando no ano seguinte um EP, autointitulado. Com apenas 27 minutos de duração, já mostrava o talento da banda, que foi convidada a participar da edição daquele ano do Wacken Open Air, quando tocou ao lado de bandas como o Moonspell e The Gathering. Era a hora de gravar o álbum de estreia, mas antes disso, duas baixas: os guitarriatas Claudio Leo e Raffaele Zagaria, além do baterista Leonardo Forti saíram e em seus lugares entraram o guitarrista Cristiano Migliore e o baterista Cristiano Mozzati. Entre outubro e novembro de 1998, eles retornaram ao “Woodhouse Studios“, novamente na companhia do produtor Waldemar Sorychta para gravar o disco, que iremos destrinchar a partir das linhas abaixo.

A faixa que abre o play é “Circle“, com sua pegada densa, ao mesmo tempo dançante, pesada na medida certa, onde a estrela é claro, Cristina Scabbia e sua voz suave. “Stately Lover” é ainda mais densa e mais pesada do que a faixa anterior, tendo um andamento mais arrastado. Aqui, Andrea Ferro entra para fazer o belo dueto com sua voz grave contrapondo a voz deliciosa de Scabbia.

Honeymoon Suite” é a faixa número três e dá sequência a bela sessão auditiva que é o álbum, principalmente, a primeira metade dele, que é repleta de tesouros. A música mantém o clima denso e aqui Andrea Ferro é o protagonista, tendo Scabbia fazendo pequenas, mas importantes aparições durante o refrão. Bela música.

Divulgação

A seguir, temos a melhor música do Lacuna Coil em minha opinião, aquela que define a carreira da banda e que é a música que eu uso para apresentar a banda a quem ainda não a conhece: a radiofônica “My Wings“. Ela é pesada, ao mesmo tempo conta com elementos de música latina em sua estrutura. Um tanto quanto pop, é bem verdade, mas ela é perfeita dessa forma que ela foi concebida. Minha história com essa música é bem especial, pois eu a conheci através de uma revista chamada Planet Metal, quem tem mais de 35 anos certamente vai se lembrar. Era o ano de 1999 e a revista vinha com um CD coletânea encartado. Em uma época que os downloads ainda engatinhavam e não tínhamos facilidades como plataformas musicais ou o YouTube, essa revista era uma ótima pedida para se conhecer bandas novas. Então essa foi a música que me fez conhecer o trabalho do Lacuna Coil e é a minha favorita de todas.

“To Myself I Turned” é a faixa número cinco e dá sequência a essa adorável playlist que tem um início fulminante. A música em questão tem uma pegada completamente diferente das anteriores, se destacando pelas belas harmonias e, claro, mais uma vez tendo o brilho desta maravilhosa Cristina Scabbia. Como canta essa moça. E é com esse clima maravilhoso que iniciamos a segunda metade do play. “Cold” é uma mistura de influências, com partes mais Pop, outras mais Gothic, o refrão bem denso, um belo solo de guitarra, coisa inédita até aqui. Mas o grande destaque é a bateria de Marco Coti Zelati, que tem várias quebradas e de vez em quando, até um bumbo duplo.

Reverie” é densa, tem bons riffs de guitarra e de novo ela, Scabbia brilha, tendo Andrea Ferro no refrão fazendo um belo dueto. “Venis of Glass” tem riffs bem Hard Rock em sua intro, mas a medida que ela se desenvolve, vai se mostrando bem Gothic Metal, com peso e bastante densa. Aqui temos uma sutil mudança no vocal: Andrea Ferro canta as estrofes e Cristina Scabbia entra no refrão para deixar tudo lindo. “Falling Again” é a única faixa do EP anterior que acabou entrando no disco de estreia e aqui ela sofreu mudanças nos arranjos, que particularmente não me agradaram muito. A versão original é bem mais bonita, mas ainda assim, a performance de Scabbia é arrepiante.

São 42 minutos arrebatadores, uma estreia com o pé na porta, uma banda sabendo o que quer desde o início e que nem de longe parecia ser uma banda que estreava e isso explica a longevidade deles. A experiência em ouvir este “In a Reverie” é única. Eles colocavam a Itália no mapa do Heavy Metal.

Depois disso a banda só cresceu. Com participações no Dynamo Open Air, que na época era tão grande quanto o Wacken ou o Hellfest nos dias de hoje. Também tocou no Gods of Metal, na Itália e fez excursões com o Grip Inc. e Skyclad, aquela altura, bandas com mais rodagem do que os italianos, mas que foram fundamentais para ajudar no processo de maturação deles.

No ano de 2015, o aniversariante do dia foi relançado com uma capa diferente da original, que é muito mais bela do que a nova versão. Você pode conferir abaixo a nova gravura.

Um belo disco que fazia emergir uma banda que se mostraria cada vez sólida e essa solidez se mostra hoje, quase trinta anos depois da formação do Lacuna Coil, o maior nome do Rock italiano, com sua vocalista sendo referência no país e eles lançando ótimos álbuns, com muita lenha para queimar. Vamos desejar longa vida para essa belíssima banda italiana, enquanto celebramos esse belo álbum chamado “In a Reverie“, ouvindo-o de preferência no volume alto. Para nossa sorte, eles seguem em ação, sendo mais uma das bandas que venceram essa pandemia maldita que insiste em permanecer entre nós.

In a Reverie – Lacuna Coil

Data de lançamento – 08/06/1999

Gravadora – Century Media

 

Faixas:

01 – Circle

02 – Stately Lover

03 – Honeymoon Suite

04 – My Wings

05 – To Myself I Turned

06 – Cold

07 – Reverie

08 – Venis of Glass

09 – Falling Again

 

Formação:

Cristina Scabbia – vocal

Andrea Ferro – vocal

Cristiano “Pizza” Migliore – guitarra

Cristiano “CriZ” Mozzati – bateria

Marco Coti Zelati – baixo

 

Participação especial:

Waldemar Sorychta – teclados