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Memory Remains: Lamb of God – 10 anos de “Resolution” e a prisão de Randy Blythe

Memory Remains: Lamb of God – 10 anos de “Resolution” e a prisão de Randy Blythe

24 de janeiro de 2022


Em 24 de janeiro de 2012, o Lamb of God lançava “Resolution“, o sexto álbum da banda de Richmond, “fucking” Virginia, como costuma bradar o vocalista Randy Blythe nas apresentações ao vivo do grupo. E hoje esse disco que completa uma década, é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

O Lamb of God resolveu repetir a parceria com o produtor Josh Wilbur, que já havia produzido o álbum anterior, “Wrath“. A parceria deu tão certo que se mantém até os dias atuais. O processo de composição das músicas presentes aqui se iniciou ainda enquanto a banda encerrava a turnê do disco supracitado, quando os integrantes viajavam, entre um intervalo e outro, nos lobbys dos hotéis mundo afora. Eles gravavam tudo em notebooks e depois se juntavam para os acertos finais.

Com tudo pronto, a banda se juntou em dois estúdios: o “Spin Recording Studios“, em Nova Iorque e no “Studio Barbarosa“, no estado da Virginia, durante os meses de fevereiro e maio de 2011. Era um álbum muito aguardado por todos devido às excelentes performances de seus antecessores. E o Lamb of God estava se transformando na maior banda de Metal moderno, fato que se consumou nos dias de hoje. Vamos passear pelas quatorze faixas que fazem parte desse play, sem mais delongas.

A abertura é com a pesada, arrastada e sombria “Straight to the Sun“, certamente os riffs mais pesados e assombrosos já compostos pela dupla Mark Morton e Willie Adler. Confesso que quando a ouvi pela primeira vez eu me assustei com tamanha agressividade, jamais vista nos discos anteriores. Ao final, Chris Adler entra dando um espetáculo em seu kit de bateria, que serve como ponte para a música que vem a seguir, “Desolation“, onde o peso segue comandando as ações, mas desta feita, com o Groove de Chris Adler, esse monstro sagrado da bateria contemporânea.

Em “Ghost Walking“, uma intro tocada no violão dá a impressão de que será uma canção calma… Só que não, temos mais peso e mais agressividade dessa banda que é cruel quando se trata de massacrar nossos ouvidos com riffs sensacionais. Música obrigatória nas apresentações da banda. “Guilty” tem um andamento mais rápido e trafega entre o Groove e o Thrash Metal, sem abandonar o peso característico.

É a vez de “The Undertown” e o lindo duelo entre o bumbo duplo de Chris Adler e os riffs da dupla Willie Adler e Mark Morton são o que norteiam essa música, que é recheada de Groove entre suas estrofes. O mesmo Groove segue em voga na música que vem a seguir, “The Number Six“, de andamento mais arrastado durante boa parte de sua extensão.

A faixa sete, “Barbarosa” é, provavelmente uma homenagem da banda a um dos estúdios utilizados para os registros desse play e é uma instrumental com menos de dois minutos onde Mark Morton e Willie Adler mostram que são versáteis e conseguem boas harmonias no violão. “Invictus” é pesada e tem muita raiva no vocal de Randy Blythe. Aqui o Groove novamente é quem dá o ar da graça, e temos também algo raro nas músicas do Lamb of God: solo. Belíssimo, por sinal, ainda que breve.

Chatead” mostra como o Lamb of God soaria se fosse uma banda Punk. A música é rápida e agressiva nas estrofes e fica mais Grooveada no refrão. Anos mais tarde, a banda lançaria o disco “Legion” XX, tocando versões de bandas como Bad Brains, Ministry e Melvins, e aí ficou mais fácil de entender de onde vieram as influências da banda. “Insurrection” já mostra o quinteto fincado seu divisor de águas, com uma sonoridade mais densa, atmosférica e moderna, que seria mais aprofundada nos discos posteriores. Particularmente, eu prefiro o LOG mais agressivo. Mas há quem goste dessa sonoridade atual e não há nada errado nisso.

 

Travis Shinn/Divulgação

Terminally Unique” é a faixa de número onze e já mostra um disco mais cansado, mesmo com a música sendo bem tocada, afinal, os músicos são de extrema habilidade. “To The End” é outra palhinha do que se tornaria o LOG nos anos seguintes, uma banda prezando mais pela quebradeira e Groove, em detrimento da agressividade, mas sem jamais deixar de ser pesada.

Temos as duas últimas faixas do álbum, “Visitation“, que tem o vocal de Randy Blythe se destacando em uma música bem densa, enquanto que “King Me” encerra o álbum de maneira bem melancólica, o que é uma pena, pois a primeira parte do disco é simplesmente sensacional.

Depois de 56 minutos e 14 músicas, a sensação que temos é de que o disco é bom, mas poderia ser ainda melhor. Era o início da transição sonora da banda e tudo mudaria após a prisão de Randy Blythe, condenado por homicídio culposo, após ter empurrado um fã do palco e este bateu a cabeça, vindo a falecer. O fato ocorreu em 2010, mas ele só foi detido ao desembarcar na República Tcheca para a tour do aniversariante do dia, onde o incidente ocorreu. Depois de muito batalhar e até mesmo vender parte de seu material para ajudar nos custos com a defesa do vocalista, a banda quase acabou, mas eles ressurgiram e se mantém na crista da onda, como um dos maiores nomes do Heavy Metal atual. A prova disso é que a banda foi uma das escolhidas para abrir os shows da derradeira turnê do Slayer, entre os anos de 2018 e 2019.

O álbum vendeu cerca de 52 mil cópias somente nos Estados Unidos, o que parece ser um número irrelevante, mas se levado em consideração que já vivíamos tempos de downloads ilegais, da digitalização da música, até os resultados não são ruins. Nos charts, boas performances: topo nas categorias “US Top Hard Rock” e “US Top Tastemaker“, da “Billboard” e também na categoria UK Rock & Metal Álbuns, essa do Reino Unido; 2° lugar no Canadá, 3° na Austrália e no ranking geral da “Billboard“; 4° na categoria de Álbuns Digitais, também da Billboard, 5° na Finlândia, 12° na Nova Zelândia, 13° na categoria de Álbuns internacionais da Coreia do Sul (no geral, ficou em 70° neste país), 15° na Escócia, 19° no Reino Unido e na Noruega; 20° na Dinamarca, 21° na Suécia, 28° na Áustria, 30° na Suiça, 36° na Holanda, 37° na Alemanha, 41° na Irlanda e 56° no Japão.

O Lamb of God tem sido uma grata surpresa em uma cena onde as bandas novas não têm conseguido tamanho destaque. E por isso os caras seguem fazendo seu som e angariando cada vez mais e mais fãs. Esse redator é muito suspeito para falar sobre, pois tive a honra de conhecer a banda durante a estadia deles em um hotel no Rio de Janeiro, quando eles se apresentaram no Rock in Rio de 2015. Todos muito simpáticos, com destaque para Willie Adler, o que mais ficou próximo de mim e também para Randy Blythe, com quem troquei algumas ideias. Os caras são simplesmente fantásticos. O melhor foi que na ocasião, era a formação original e Chris Adler estava se dividindo entre o Lamb of God e o Megadeth.

Então hoje é dia de celebrar a primeira década bem vivida desse play, de desejar uma longa vida ao LOG e também pedir ao leitor que, além de escutar o disco no volume máximo e desfrutar das matérias que vos disponibilizamos, se cuidem, tomem a vacina. Somente ela e nossas medidas restritivas poderão fazer com que voltemos a curtir nossos shows novamente. O negacionismo não combina com o Rock. A ciência é libertadora. E a música que abraçamos não só como estilo musical, mas também de vida é igualmente libertadora.

 

Resolution – Lamb of God
Data de lançamento – 24/01/2012
Gravadora – Epic/ Roadrunner

Faixas:
01 – Straight to the Sun
02 – Desolation
03 – Ghost Walking
04 – Guilty
05 – The Undertown
06 – The Number Six
07 – Barbarosa
08 – Invictus
09 – Cheated
10 – Insurrection
11 – Terminally Unique
12 – To the End
13 – Visitation
14 – King Me

Formação:
Randy Blythe – vocal
Willie Adler – guitarra
Mark Morton – guitarra
John Campbell – baixo
Chris Adler – bateria