Em 22 de agosto de 2006, o Lamb of God lançava o seu quarto full-lenght. Bem, se considerarmos o primeiro play, lançado ainda sob o nome de Burn The Priest, é o quinto. “Sacrament” é nada mais do que o disco mais importante da carreira da banda e é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Os caras vinham de um excelente álbum, “Ashes of the Wake“, que em minha opinião é o melhor disco da banda. E de uma extensa turnê, que culminou com o lançamento do vídeo “Killadelphia“. E a banda não deu muito espaço entre esses três lançamentos. Assim que encerraram a turnê, eles já se organizaram para compor e gravar o vindouro álbum.
O disco foi gravado em três estúdios diferentes: a bateria foi gravada no “Spin Recording Studios“, na cidade de Long Island; as guitarras foram gravadas no “Sound of Music“, em Richmond, terra natal da banda; já os vocais foram gravados no “The Machine Shop“, na cidade de Hoboken. E sob a batuta do produtor Machine, nascia assim o álbum que colocou o Lamb Of God definitivamente entre as bandas mais importantes da cena Metal. A Epic Records lançou a bolacha, que a partir das linhas abaixo iremos navegar pelas onze faixas.
A abertura se dá com a clássica “Walk With me in Hell“. Grooveada, pesada, sombria. Lembro me que quando eu trabalhava em um hotel que fica em frente da antiga sede do Rock in Rio e tive a honra de receber a banda e fazer amizade com os caras, a anfitriã do hotel quando soube que a banda se chama “Cordeiro de Deus”, perguntou-me se eles eram cristãos… Eu ri e mandei ela procurar exatamente essa música… A cara dela foi igual ao do pastor no clipe da música “Ruin“. Mas “Walk With me in Hell” é uma música soberba. Eles não poderiam ter escolhido uma abertura melhor.
“Against We Rise” é outra quebradeira, cheia de mudanças em seu andamento, desde a introdução meio chatinha, que logo dá lugar às guitarras velozes e agressivas, até seu clima épico e sombrio durante as estrofes e voltando à velocidade no refrão. “Redneck” é o hino da banda, música obrigatória nos shows, sendo sempre a que encerra as apresentações da banda. Ela não é nem agressiva, mas o Groove dela é sensacional. E Chris Adler brilha aqui, só para variar.
“Pathetic” é outra da série de quebradeira da banda. A velocidade que a banda imprime na introdução e no refrão aliada com a parte mais grooveada nas estrofes faz dela outra música gigante neste disco. Essa música é uma das poucas da carreira da banda que tem solo, já que não é comum Willie Adler e Mark Morton (que hoje é a dupla de guitarristas mais letais da cena) utilizarem deste recurso.
“Foot to The Throat” é uma música com influências mais core, por isso mais rápida. Excelente. E mais uma vez Chris Adler em companhia de Willie e Mark Morton são os destaques por aqui. Riffs cavernosos combinados com a melhor performance de bateria da carreira de Chris Adler são o resultado da música “Descending“. Que música maravilhosa. E que habilidade Chris demonstra em seu bumbo duplo, intercalando com as batidas na parte de cima de seu kit. Sonzera desgraçada e é por isso que a banda é tão cultuada. Uma pena que ele saiu. Mesmo que o bom baterista Art Cruz não comprometa, não é a mesma coisa.
“Blacken the Cursed Sun” já não é tão excelente quanto as seis primeiras. E eu não entendo o porquê de a banda insistir em incluir essa faixa nas apresentações ao vivo. Ela é até pesada, raivosa e densa, mas não é das minhas preferidas não. Uma virada de bateria sensacional anuncia “Forgotten (Lost Angels)”, uma música um pouco mais veloz que a anterior, mas com aquela quebrada para o Groove, que o ouvinte já espera no som do Lamb Of God.
“Requiem” tem alguns riffs interessantes e Chris Adler brilhando na bateria, acompanhando a dupla de guitarristas. “More Time to Kill” é pesada, agressiva e muito grooveada, enquanto que “Beatings on Deaths Door” encerra o disco de forma brilhante com riffs bem elaborados, com um belo timbre e a bateria precisa desta fera chamada Chris Adler.
E assim termina um disco relativamente curto, são apenas 46 minutos de muito peso e raiva em forma de música, mas é um álbum essencial na carreira da banda. E para quem ainda não conhece o som o LOG, é um disco que eu recomendo para uma primeira audição.
“Sacrament” foi um sucesso desde o seu lançamento: vendeu 63 mil cópias somente na primeira semana e estreou em 8º lugar na “Billboard“. Em 2010 havia batido a marca de 331 mil cópias vendidas somente nos Estados Unidos e em 2019 conquistou o Disco de Ouro pela RIAA, a Associação das Gravadoras estadunidenses. Além disso, a faixa “Redneck” foi indicava ao Grammy na catehoria “Melhor Performance de Metal mas acabou desbancada por “Eyes of the Insane“, do Slayer. Justifica-se a derrota.
Terminamos a nossa homenagem, desejando que o Lamb Of God tenha ainda uma longa vida. O novo álbum, “Omens“, será lançado no dia 7 de Outubro e certamente iremos testemunhar mais um massacre sonoro destes quinteto que é atualmente a maior banda da nova geração. Enquanto isso não acontece, nós vamos colocando a bolacha para rolar no volume máximo e curtindo esse petardo.
Sacrament – Lamb of God
Data de lançamento – 22/08/2006
Gravadora – Epic Records
Faixas:
01 – Walk With me in Hell
02 – Against We Rise
03 – Redneck
04 – Pathetic
05 – Foot to the Throat
06 – Descending
07 – Blacken the Cursen Sun
08 – Forgotten (Lost Angels)
09 – Requiem
10 – More Time to Kill
11 – Beating on Death’s Door
Formação:
Randy Blythe – Vocal
Willie Adler – Guitarra
Mark Morton – Guitarra
John Campbell – Baixo
Chris Adler – Bateria