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O primeiro Memory Remains deste ano de 2022, que começou nos assustando com uma nova onda desta interminável pandemia da Covid-19 traz as celebrações pelo disco de estreia do Led Zeppellin, essa banda que é us m dos maiores pilares do Rock ‘n’ Roll, que foi lançado neste 12 de janeiro de 1969, três dias depois do aniversário de Jimmy Page.
Mas antes de dissertar sobre o play de estreia dos caras, precisamos voltar um pouco no tempo, pois a formação do Led Zeppelin se deu motivada pela dissolução de uma outra banda relativamente famosa à época: estamos falando do The Yardbirds e não fosse por essa banda, nunca teria existido esse quarteto, o qual idolatramos até hoje.
Em 1968, Jimmy Page se vê praticamente sozinho no The Yardbirds e com uma agenda de shows na Escandinávia a ser cumprida. O baixista Chris Dreja era outro remanescente. Então, Page foi em busca de gente para integrar o grupo. Para o vocal, ele tentou Terry Raid, mas este recusou e indicou um jovem chamado Robert Plant, que aceitou a proposta e levou junto um certo John Bonham para a bateria.
Com o grupo reformulado, a turnê foi finalizada com a banda sendo renomeada The New Yardbirds. Logo depois Chris Dreja abandonou o projeto para tornar-se fotógrafo e John Paul Jones entrou em contato com Page pedindo uma oportunidade para o cargo de baixista que estava vago, o que lhe foi concedido. Então, o próximo passo seria começar a gravar um novo disco, tendo como base as músicas inéditas que foram tocadas nesta turnê.
Mas não foi bem simples assim, pois Chris Dreja emitiu um comunicado impedindo que o nome continuasse a ser utilizado, sob a alegação de que os ex-integrantes do The Yardbirds (o baterista Jim McCarthy e o vocalista Keith Relf) haviam autorizado apenas para o cumprimento das datas que estavam em aberto.
Banda renomeada mais uma vez, era a hora de gravar o disco. E a todos se reuniram no “Olympic Studios“, em Londres, no mês de outubro de 1968, com todos os quatro integrantes responsáveis pela produção, com Page se responsabilizando pela maior parte do trabalho. O guitarrista bancou de seu próprio bolso os custos de estúdio (foram utilizadas 36 horas no total para a gravação, segundo o Page afirmou em entrevistas) e a arte da capa, totalizando 1782 libras.
A banda não tinha ainda contrato com nenhuma gravadora, porém, ao apresentar as fitas com o material que viria a ser o disco aniversariante do dia, a “Atlantic” nem pestanejou e contratou a banda, visto que os executivos gostaram muito do que lhes foi apresentado. Aspas para Jimmy Page, em entrevista contando sobre ter custeado de seu bolso a produção deste álbum:
“Eu queria ter o controle artístico custe o que custasse, pois eu sabia o que queria fazer com estes companheiros. De fato, eu mesmo financiei e gravei o primeiro álbum antes de ir à “Atlantic“, Não era aquela coisa habitual de primeiro obter um financiamento para gravar um álbum, Chegamos na gravadora com as fitas na mão e a reação deles foi muito boa. E eles nos contrataram.”
Jim Marshall/Warner Music
Então vamos colocar a bolacha para rolar e certamente teremos a mesma reação dos mandachuvas da “Atlantic”. Com certeza se tratava, à época de um material inovador, tanto que muitos até os dias atuais consideram o Led Zeppelin como um dos criadores do Heavy Metal. Alguns acham até que essa é uma primazia de Page e Cia. e não do Black Sabbath (N. do R: Não tenho a intenção de polemizar, porém, a minha opinião é de que este título pertence aos quatro cavaleiros de Birmingham).
“Good Times Bad Times” traz uma banda inovadora, em uma canção bluesy e já contando com um certo peso. E a virtuose de Jimmy Page. “Babe I’m Gonna Leave You” tem em sua primeira parte o dedilhado do violão de Page fazendo uma bela parceria com a interpretação certeira de Plant, com a guitarra ganhando peso em certos momentos.
“You Shook Me” é um blues que em seus pouco mais de seis minutos nos faz viajar em uma sonzeira fenomenal em que se destacam as linhas de baixo de John Paul Jones. “Dazed and Confused” é um misto de blues com psicodelismo, numa composição comum à época. A primeira parte é bem monótona, mas a partir do meio, quando Page resolve fazer um solo longo acompanhado das batidas insanas de Mr. John Bonham, as coisas ficam mais interessantes e podemos até dizer que sairia dali algo que depois viramos a chamar de Heavy Metal.
Quem está ouvindo a obra em LP é hora de virar a bolacha, que se inicia com a calma “Your Time is Gonna Come”. Uma música com influencia de música Country, onde o ouvinte se imagina em um rancho, entre animais e a natureza. Esse é o clima encontrado aqui. “Black Mountain Side” é uma instrumental onde Page dá um espetáculo em seu violão de cordas de aço. Essa música já era tocada pelo guitarrista nos tempos do Yardbirds. Fenomenal.
O peso do rock visceral do Led Zeppelin reaparece em “Communication Breakdown”. Me arrisco a dizer que essa é a melhor canção do álbum. Que energia tem essa música, bastante incomum para o ano de 1969. Seu único defeito é ser curta demais. A pegada Bluesy volta com “I Can’t Quit You Baby”, onde Page viaja em um solo fabuloso.
“How Many Million Times” fecha está obra com uma pegada que podemos chamar de Hard Rock. Certamente os caras não sabiam que estavam começando a influenciar uma infinidade de bandas, mas aqui temos riffs hipnotizantes e uma bateria novamente insana, onde John Bonham mostra porque é considerado por muitos o maior baterista de Rock de todos os tempos. Uma bela música.
Em curtos 44 minutos temos um álbum que certamente foi um divisor de águas do Rock, ainda que à época ele não tenha sido bem recebido pela crítica. Porém, o tempo se encarregou de colocar este disco como um dos mais importantes e emblemáticos, cabendo à mídia apenas reconhecer. E assim o foi: a “Rolling Stone” o colocou na 29ª posição na lista dos 500 melhores álbuns de sempre; o disco também na lista dos 200 álbuns definitivos do “Rock And Roll Hall of Fame“.
O álbum foi certificado com Disco de Ouro no Japão e na Suíça; na Espanha foi premiado com Platina; na Austrália, recebeu duplo Platina; no Reino Unido, terra natal dos caras, recebeu Platina por cinco vezes, e nos Estados Unidos, os números são ainda mais impressionantes: foram 8 certificações de Platina. Nos charts, a banda alcançou o topo em El Salvador. No Reino Unido, ficou em sexto, nono na Austrália, décimo na Billboard 200 (EUA), décimo-primeiro no Canadá, décimo-sexto na Noruega, décimo-nono na França, trigésimo-segundo na Alemanha e trigésimo-sexto no Japão. A música “Good Times Bad Times” alcançou a posição de número 80 na categoria “US Billboard Hot 100“.
“Led Zeppelin” lucrou 3,5 milhões de libras, o equivalente a 2000 vezes o valor investido por Jimmy Page. Nada mal, não é mesmo, caro leitor? Mas o mais importante é o seu legado, que ficará para sempre estampado. Um disco fundamental na coleção de qualquer fã de Rock. A porta de entrada para o som mais pesado. Já são 53 anos, que venham mais. Hoje é dia de curtir e celebrar essa obra. Não se esqueça de se proteger e proteger os seus. A pandemia ainda não acabou e o negacionismo tem custado caro.
Led Zeppelin – Led Zeppelin
Data de lançamento – 12/01/1969
Gravadora – Atlantic Records
Faixas:
01 – Good Times Bad Times
02 – Babe I’m Gonna Leave You
03 – You Shook me
04 – Dazed and Confused
05 – Your Time is Gonna Come
06 – Black Mountain Side
07 – Communication Breakdown
08 – I Can’t Quit You Baby
09 – How Many More Times
Formação:
Jimmy Page – guitarra/ violão
Robert Plant – vocal
John Paul Jones – baixo/ órgão
John Bonham – bateria