O mês de setembro pode ser considerado especial para o Megadeth. No último dia 2 eles lançaram o excelente “The Sick, The Dying… And the Dead!”, que já brilha na Billboard; no próximo dia 19 é dia de celebrarmos o lançamento de “Peace Sells… But Who’s Buying?” e hoje é dia de “Endgame“, o álbum de número na discografia da banda de Dave Mustaine, lançado há 13 anos e que é tema do nosso Memory Remains nesta quinta-feira.
É óbvio que a banda lançou bons discos após o “Rust in Peace“, mas nada igual ao que seria produzido aqui no ano de 2009. E a banda andou oscilando entre bons e maus momentos nos discos que antecederam “Endgame“. Ocorreu uma importante troca no lineup da banda para a gravação do aniversariante do dia: Mustaine tiraria o excelente Chris Broderick do Nevermore, que naquele momento estava entrando em um hiato, numa sábia decisão, pois Broderick é considerado por mim como um dos melhores guitarristas da cena e caiu muitíssimo bem. Eu posso afirmar, pois o vi em ação pelo Megadeth em 2012 e 2013, e ele manda muito bem em cima dos palcos.
Este seria o último disco com o baixista James LoMenzo, já que Dave Mustaine e Dave Ellefson fariam as pazes após as longas trocas de farpas e brigas nós tribunais e retornaria à banda depois do lançamento deste play. Porém, como já foi amplamente divulgado, Ellefson foi desligado da banda após ser divulgado um caso onde ele teria trocado mensagens de teor sexual com uma menor de idade, para usar de um termo bem leve para com a história. LoMenzo foi anunciado recentemente e está de volta à família Megadeth.
Então Mustaine em uma decisão muito acertada, trouxe o mago Andy Sneap para a produção. O próprio Mustaine co-produziu o disco. E Andy, famoso por realizar excelentes trabalhos, sobretudo com o Nevermore e com o Arch Enemy, não deixou por menos. Deu 150% de seu talento e ainda afirmou em entrevista que neste trabalho “fez o Megadeth soar old-school do jeito que ele gostava de curtir a banda. Todos se reuniram no estúdio “Vic’s Garage“, na cidade de San Marcos, na Califórnia, entre os dias 7 de janeiro e 19 de maio de 2009, quando saíram de lá com este petardo. Vamos então discorrer sobre cada uma das onze faixas presentes aqui.
Abrindo a bolacha temos uma instrumental simplesmente pesada e maravilhosa, chamada “Dialectic Chaos“, com riffs que já indicam o que o ouvinte deve esperar deste play. Uma pegada bem bacana. A música logo é emendada pela igualmente pesada “This Day We Fight“, outro petardo que carrega riffs pesados e solos violentos e agressivos, que vez por outra entram do nada no meio da música.
“44 minutes” é uma música que dá um pouco mais de sossego aos nossos pescoços… Eu digo um pouco, porque ela tem seus momentos pesados, embora a introdução e o refrão sejam mais melódicos. Excelente música. Temos agora uma das minhas favoritas deste disco: “1,320” é linda, pesada, onde Dave Mustaine mostra que está de volta a produzir excelentes riffs como poucos na cena Metal. É um som que dosa bem as partes rápidas e mais cadenciadas. E tem um solo magnífico.
“Bite the Hand” é outro som em que os riffs de Dave Mustaine estão em voga, numa amostra de que ele estava muito inspirado quando compôs este álbum. Já estamos na metade do play e as coisas estão tão boas que essa sensação é praticamente imperceptível.
“Bodies” é pesadona, com riffs marcantes e um solo bem melódico que casa muitíssimo bem na música. e o peso do baixo de James LoMenzo ajuda e muito. Outro ponto alto deste disco, que aliás, não tem uma música ruim.
A faixa título tem um clima mais sombrio, com muito peso, enquanto que “The Hardest Part is Letting Go… Sealed With a Kiss” é a balada do disco. Quer dizer, a música que tem uma parte de balada, porque no refrão a coisa fica densa e pesada, com boas viradas de Shawn Drover.
“Head Crusher” é a faixa mais old-school deste disco, rápida, agressiva, certeira. É a única deste disco que de vez em quando entra no setlist. “How the Story Ends” lembra muito a faixa “Bodies“, ambas tem o mesmo clima. Aqui temos as guitarras bem pesadas e riffs interessantes.
A melhor faixa do disco para mim é a que fecha a obra, não é rápida como as anteriores e ela se chama “The Right to Go Insane“, que começa com o baixo sombrio de James LoMenzo. Falar dos riffs deste som aqui é chover no molhado, uma vez que a proposta do disco é essa: promover uma tempestade de riffs insanos. Mesmo a música tendo um andamento bem mais arrastado do que todas as músicas do restante do álbum, o peso se mantém intacto. As coisas melhoram quando no final, o andamento fica um pouco mais rápido para acompanhar os solos de Dave Mustaine e Chris Broderick, uma das melhores duplas de guitarristas que o Megadeth já teve. Um final excelente para um disco que fora concebido de maneira mágica.
Um único defeito tem este disco: ele é curto demais. Apenas 44 minutos, numa coincidência com a faixa de número três deste play. Coisa que eu nunca tinha notado até o momento em que escrevo estás linhas. Mas são 44 minutos de muita intensidade, que trouxeram o Megadeth de volta ao Thrash Metal. Andy Sneap fez realmente um ótimo trabalho, explorou o melhor que Dave Mustaine tem, que são suas palhetadas e riffs precisos. E o Megadeth fez o seu melhor álbum desde “The World Needs a Hero” (2001).
Minha relação com “Endgame” é de muito carinho. Eu considero este disco como o melhor já lançado pelo Megadeth neste século e fica no meu Top 3, atrás apenas do “Rust in Peace” e do “Peace Sells“. É um disco pesado e rápido como os quatro primeiros lançamentos da banda, porém com uma roupagem nova, moderno sem ser pedante como as bandas mais novas. E Mustaine entende do riscado. Foi um disco em que em um certo momento da minha vida, eu o ouvia todos os dias, sem enjoar.
Uma curiosidade de “Endgame” é que quando saiu o press-release do disco, a faixa “The Right to Go Insane” fora divulgada com o título de “Nothing Left to Lose“, que é uma parte do refrão desta. Todas as letras foram escritas por Dave Mustaine e quanto as músicas, somente “The Hardest Part to Letting Go… With a Selaed Kiss” , que teve a colaboração de Chris Broderick e “Head Crusher” que teve a colaboração de Shawn Drover.
Hoje é dia de colocar esse play para tocar no volume máximo e aterrorizar aquele seu vizinho que gosta de Luiza Sonsa e acha que o solo de guitarra que a moça fez no Rock in Rio a qualifica como a Jimi Hendrix tupiniquim. Vamos celebrar este “Endgame” que segue sendo um dos melhores (se não o melhor) álbuns do Megadeth dos anos 2000. Seu líder, Dave Mustaine é um chato de marca maior, trocou a apresentação no mesmo Rock in Rio para tocar com o Five Finger Death Punch, mas ele é um talento e tanto. Só por isso ele merece nosso respeito. Longa vida ao Megadeth.
Endgame – Megadeth
Data de lançamento – 15/09/2009
Gravadora – Roadrunner
Faixas:
01 – Dialectic Chaos
02 – This Day We Fight
03 – 44 Minutes
04 – 1,320
05 – Bite the Hand
06 – Bodies
07 – Endgame
08 – The Hardest Part to Letting Go… With a Sealed Kiss
09 – Head Crusher
10 – How the Story Ends
11 – The Right to Go Insane
Formação:
Dave Mustaine – Vocal/Guitarra
Chris Broderick – Guitarra
James LoMenzo – Baixo
Shawn Drover – Bateria